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Happy Science invade o Brasil

Conhecido como “laboratório religioso”, o Japão dos antigos samurais e imperadores-deuses tem sido palco do surgimento de diversos grupos religiosos sincréticos, com raízes no Xintoísmo, Budismo e Cristianismo. Com o término da Segunda Guerra Mundial e a promulgação da Constituição Pacifista, em 1947, o Japão deixa de ter uma religião oficial – o Xintoísmo – ao proclamar a liberdade religiosa em todo o país. Antigas religiões até então oprimidas, como a Tenrikyo, Konkokyo, Oomotokyo e a Hitonomichi (atual Perfect Liberty), saíram das sombras do governo imperial para conquistar o arquipélago e outras regiões do mundo. Do encontro com a religiosidade ocidental também ganhariam destaque a Seicho-no-iê, de Masaharu Taniguchi (1930), e a Igreja Messiânica Mundial, de Mokiti Okada (1945).

A religiosidade japonesa também seria marcada, nas décadas seguintes, pelo surgimento de grupos fundamentalistas, como a Pana – Wave – grupo religioso fundado em 1977 por Yuko Chino, a partir de uma experiência com um grupo religioso conhecido como “A Verdadeira Lei de Chino”. Entre as décadas de 80 e 90 esteve envolvida em uma série de polêmicas no Japão, como previsões de que o país seria varrido por ondas eletromagnéticas e mudanças climáticas catastróficas. Em 1995, outro grupo religioso fundamentalista ganharia notoriedade internacional após promover um ataque terrorista ao metrô de Tóquio, quando pelo menos 6 mil pessoas foram expostas ao gás sarin, causando a morte de doze. Fundada em 1984 por Shoko Asahara – que afirma ser a reencarnação de Shiva, divindade hindu, Buda e Jesus – a Verdade Suprema passou a fazer parte de uma lista de grupos que colaboram com o terrorismo.

Na esteira de grupos religiosos fundamentalistas um novo movimento começa a se desenvolver a partir de 1986, por meio de Ryuho Okawa. Formado em Finanças Internacionais pelo Centro de Graduação da Universidade de Nova York, Okawa aponta o mês de março de 1981 como a data de seu “despertamento divino”. Segundo ele, revelações de grandes mestres budistas falecidos, como Nikko (1246-1333) e Nichiren (1222-1282), o descreviam como a reencarnação de El Cantare que, no passado, teria vivido na pele de La Mu, Thoth, Rient Arl Croud, Buda, Hermes e Ophealis. Okawa seria uma espécie de “núcleo da consciência de El Cantare”, cujo nome significa “o maravilhoso mundo de luz, terra”. Ele é, segundo acreditam seus discípulos, o deus de amor, a fonte de toda vida que envolve a humanidade e a Terra.

Autor de mais de 800 livros em 18 idiomas – e com mais de 100 milhões de cópias vendidas -, Okawa também ministra palestras em diversos países, tendo pelo menos 1400 palestras gravadas e disponíveis em DVD. Afirma ter como objetivo trazer felicidade à humanidade e em suas palestras ministra temas como prosperidade, as leis do Sol, o poder da mente, descubra o pensamento vencedor. Também é protagonista de polêmicas, como a ideia de que a Coreia do Norte pretende dominar o Japão e que o anjo Gabriel vai reaparecer em Bangkok, em 50 anos. Em 2009 fundou o Partido para a Realização da Felicidade, do qual é o atual presidente, por acreditar que os dois principais partidos do Japão não têm definido uma política clara em relação às ameaças da Coreia do Norte.

Dos três principais livros de Ryuho Okawa, dentre os quais um em que descreve o fim do mundo com o avanço do poderio militar norte-coreano e o aparecimento (ou renascimento) de Buda, foi adaptado ao cinema com títulos como o “Juízo Final” e o “Reaparecimento de Buda” – este último disponível integralmente no YouTube. Embora tenha se manifestado publicamente contra o atentado terrorista promovido pelo grupo de Shoko Asahara, em 1995, e tenham se enfrentado por diversas vezes em meios de comunicação do Japão, com frequência a imprensa local estabelece semelhanças entre os dois grupos. Na Uganda, há quatro meses, Okawa reuniu pelo menos 10 mil pessoas no estádio Nelson Mandela com transmissão ao vivo via 3 canais de televisão e teve a reprovação de evangélicos nacionais que protestaram contra o que chamaram de “abominação”.

Happy Science

Fundada em 1986 por Ryuho Okawa, a Happy Science (Ciência da Felicidade) logo alcançou países como Coreia do Sul, Austrália, China, Uganda, Inglaterra, Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá e Brasil. Inaugurado em maio de 2010, o templo da Shoshinkan do Brasil, situado na Rua Domingos de Moraes, 1154, na Vila Mariana, São Paulo, SP, passou a ser a base, de fato, de operação da Happy Science no Brasil que conta ainda com outras três sucursais na capital paulista, uma em Santos, Jundiaí, Sorocaba e fora do Estado, no Rio de Janeiro – a sucursal de Jundiaí teria sido a primeira aberta no Brasil. Com direção do monge Carlos de Melo, a Happy Science do Brasil promove diversos eventos por todo o país, como uma conferência para 500 pessoas no Hotel Parque Balneário, em Santos, em 2008, e, 2 anos depois, uma rodada de cinco palestras ministradas por Ryuho Okawa no Estado de São Paulo.

Não há estatísticas oficiais do número de seguidores, mas a Happy Science afirma ser uma “religião universal” que congrega e convida pessoas de diferentes denominações religiosas para participarem de suas palestras. “A Ciência da Felicidade é uma religião universal aberta para pessoas de todas as origens, sejam cristãs, budistas, hinduístas ou muçulmanas. Na qualidade de membros, todos estudam junto à doutrina universal da Verdade. Para o ingresso, há um formulário de inscrição e uma breve cerimônia de boas-vindas, na qual lhe perguntam, ‘Você acredita no Senhor El Cantare?’ Todos recebem o livro de orações, Darma do Correto Coração”. A IRH Press é a editora responsável pela publicação dos livros de Okawa no Brasil e da revista Happy Science. Hoje, 30, entre às 16 e 20h, na livraria Saraiva do Shopping Ibirapuera, promove uma palestra e o lançamento do livro As Leis da Imortalidade, de Okawa.


Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos dedica-se ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e movimentos destrutivos.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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A Igreja Local e o confronto com The God-Man

Idealizado por Watchman Nee e Witness Lee, o modelo da Igreja Local chegou ao Brasil em 1959. Dezesseis anos depois Dong Yu Lan passou a responder, desde então, pelas atividades da IL na América do Sul. No mesmo ano, fundou a Editora Árvore da Vida e, nos anos seguintes, o jornal Árvore da Vida, a Estância Árvore da Vida – localizada em Sumaré, São Paulo, e que possui um auditório com capacidade para 10 mil pessoas – e a Expolivro Árvore da Vida – um ônibus – livraria que percorre o Brasil e países vizinhos divulgando as doutrinas da Igreja Local.

Após sua visita ao Brasil, em 1984, Witness Lee participou de uma reunião nos EUA onde apresentou um breve relatório do crescimento do modelo de igreja no país. Segundo ele, apesar de mais de 25 anos de atividade no Brasil, as igrejas possuíam não mais que mil frequentadores. Lee associou o baixo crescimento ao livro The God-Man (1981), onde Neil T. Duddy faz duras críticas ao modelo da Igreja Local, acusando-a de manipular financeiramente seus seguidores, incitar confrontos contra cristãos, perseguir ex-adeptos etc.

Segundo ex-seguidores de Witness Lee, seu esforço “evangelístico” consiste em enviar equipes para cidades circunvizinhas e contatar pessoas em abordagens diretas em praças ou de porta em porta. A IL também promove encontros mensais na Estância Árvore da Vida, além de reuniões nos BooKafés – mistura de livraria com cafeteria onde os seguidores se reúnem para estudar os livros de Witness Lee. Atualmente o número de seguidores da IL no Brasil gira em torno de 20 mil, havendo – segundo informações da IL – mil igrejas em todo o país, denominadas de acordo com a cidade em que está situada, como a Igreja em São Paulo, a Igreja no Rio de Janeiro, a Igreja em Belo Horizonte, a Igreja em Brasilia etc.

Intimidação

Semelhante à Cientologia, a Igreja Local recorre ao Judiciário na tentativa de intimidar supostos “difamadores” de suas crenças e práticas. Dois dos mais conhecidos processos judiciais – abertos por representantes de Witness Lee nos Estados Unidos – foram movidos contra os pesquisadores John Ankerberg e John Weldon e o autor de The God-Man. Dois anos depois de sua publicação em inglês, The God-Man foi traduzido para o alemão, dando início a uma nova corrida judicial.

Com a introdução, em 1999, na Enciclopédia de Seitas e Novas Religiões, publicação da Harveste House, de uma nota sobre a IL, um novo processo foi aberto no Texas, EUA e rejeitado pelo mesmo tribunal sete anos depois. Não satisfeitos, os representantes legais da IL entraram com uma petição no Supremo Tribunal Federal dos EUA, sendo novamente rejeitada em junho de 2007.

Exemplo da ofensiva da Igreja Local foi a declaração – feita por Witness Lee, em Anaheim, EUA, em 1984 – de que o livro “maligno” de Neil T. Duddy deveria ser destruído e retirado do mercado de todos os países – confira parte da reunião e declaração no YouTube.



Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos dedica-se ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e movimentos destrutivos.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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Fé e tráfico de drogas

Fundada por Ezequiel Gamonal, na década de 60, a Associação Evangélica da Missão Israelita do Novo Pacto Universal (AEMINPU), de caráter sincretista, há pelo menos 5 anos virou alvo de uma investigação federal. Motivo: membros de comunidades instaladas ao longo do Rio Javari, na fronteira do Brasil com a Colômbia e Peru, teriam participação no plantio e refino de cocaína. A denúncia, veiculada no programa Fantástico (2/12), trouxe à tona uma questão: até que ponto denominações religiosas teriam envolvimento com o crime organizado?

A polêmica em torno da AEMINPU seria apenas mais um caso de sobrevivência, consequência da falta de recursos financeiros na selva amazônica? Embora seja verdade que boa parte das comunidades situadas na fronteira com o Brasil, o que inclui Colômbia, Bolívia e Peru, tenham na plantação da folha de coca uma das poucas opções de sobrevivência, em muitos casos o envolvimento parece ir um pouco mais além, como o refino e transporte de cocaína. Em agosto de 2000, segundo informações da Folha de S. Paulo, a polícia colombiana apreendeu uma escopeta, cinco revólveres, duas pistolas, três rádios transmissores e farta munição no barco em que viajava o então líder da seita, Ezequiel Jonas Ataucusi, irmão de Ezequiel Gamonal.

O deslocamento, há mais de duas décadas, de comunidades inteiras de discípulos dos irmãos Gamonal para a região fronteiriça com o Brasil, chamou a atenção da PF após suspeitas de que o deslocamento teria como objetivo explorar a mão de obra dos fieis no plantio da folha de coca. A migração para a planície da floresta amazônica peruana coincide com o começo do cultivo da folha na região. Há décadas cultivada nas regiões mais elevadas dos Andes, as planícies sempre foram vistas como impróprias para o cultivo. Segundo o Wall Street Journal, novas técnicas possibilitaram à Cushillococha, aldeia da tribo Tucuna às margens do trecho peruano do Amazonas, a criação de uma das maiores plantações de matéria-prima de cocaína do mundo.

Com sede em Lima, Peru, a Associação Evangélica da Missão Israelita do Novo Pacto Universal está presente em pelo menos 8 países da América do Sul, 4 da América Central, Estados Unidos e Espanha. Registrada no Brasil há 15 anos, a AEMINPU possui templos em Manaus, Belém, Boa Vista e São Paulo – seu primeiro templo no país teria sido construído em Tabatinga, Amazonas. São Paulo é a principal base de atuação da seita, sendo o missionário Antônio Marin o responsável pelas atividades da seita no Brasil.

Extensão

O suposto envolvimento de membros da AEMINPU com o tráfico de drogas não é um fato isolado. No Brasil, pelo menos três grandes denominações tiveram seus nomes envolvidos em denúncias e investigações por associação com o crime organizado: Mundial do Poder de Deus, Universal do Reino de Deus e Pentecostal Deus é Amor. No dia 11 de março de 2010 a IMPD teve seu nome estampado nos principais jornais após a prisão de três de seus pastores acusados de tráfico de armas. A IURD também seria alvo de acusações, como a do ex-bispo Carlos Magno de Miranda que, em entrevista ao blogueiro Vini Silva, revelou que a Rede Record de Televisão teria sido comprada com dinheiro do Cartel de Cali. Denúncias de um ex-tesoureiro da IPDA e investigações feitas pela PF a partir de 1996, revelaram que membros do alto escalão da Deus é Amor teriam participação em esquemas de lavagem de dinheiro do narcotráfico.

Características comuns (destrutivas) são facilmente percebidas entre as denominações com a seita peruana, como técnicas de controle psicológico, uso de temas apocalípticos como forma de coação (IURD – AEMINPU), regras rígidas de comportamento e de usos e costumes (IPDA – AEMINPU) e militância política (IURD – AEMINPU). A presença de uma figura messiânica, centralizadora e arregimentadora é outra característica comum quando comparamos as denominações com a seita peruana e outras seitas destrutivas, como o Templo dos Povos. Há sempre uma mensagem de libertação, de entrega física e espiritual, de combate às forças do mal, de isolamento psicológico e social, de rompimento com pessoas que possam atrapalhar nossa conexão com o divino, de entrega à causa ou ideologia. É parte da programação, da manipulação que centenas de adeptos são submetidos diariamente e em todo o mundo.


Johnny Bernardo 


é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos dedica-se ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e movimentos destrutivos.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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Próximo papa poderá ser um cardeal brasileiro

Há fortes indícios de que o próximo papa poderá ser um cardeal brasileiro. Com a eleição do polonês Karol Wojtyla, em 1978, tinha fim uma hegemonia italiana de 458 anos – desde 1520 apenas cardeais italianos ocuparam a presidência mundial do Catolicismo Romano. Em 2005, foi a vez do alemão Joseph Ratzinger ser eleito papa. Conhecido como Bento XVI, Ratzinger colocou em prática seu conservadorismo, chamando a atenção para a importância do matrimônio heterossexual, o combate ao aborto e os métodos anticonceptivos. Ao mesmo tempo, deu sequência ao diálogo ecumênico, iniciado com o Concílio Vaticano II e colocado em prática pelo papa João Paulo II. 

A ruptura na hegemonia italiana e as mudanças advindas do Vaticano II abriram espaço para novas perspectivas com relação à sucessão papal. Por outro lado, o conservadorismo – característica comum dos antecessores de Bento XVI – é um aspecto que deve ser mantido no próximo Conclave, apesar de pressões internas e externas por abertura litúrgica e doutrinária. Por certo, os 115 cardeais com direito a voto tomarão este e outros aspectos, como a idade limite – que é de 80 anos –, histórico eclesiástico e intelectual como base para a eleição do novo papa, após o anúncio da renúncia de Bento XVI, marcada para o próximo dia 28 de fevereiro. É um fato novo para a cúria romana.

Possibilidades reais

Não obstante o cardeal italiano Ângelo Scola, 72, reúna características essenciais para assumir o comando mundial da Igreja Católica, há possibilidades reais de que o próximo papa poderá ser um brasileiro. Dos vinte principais candidatos em 2005, metade já ultrapassou a idade limite para participação na eleição, dentre os quais dois africanos: os cardeais Francis Arinze, 81, e Bernardin Gantin, 91, afastando a possibilidade de um africano ser eleito papa.

Apesar de desfavorável ao Brasil, a distribuição de cardeais por país e continente – dos 117 cardeais com direito a voto 63 são europeus, dos quais 23 italianos – poderá sofrer uma alteração com a entrada do arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, elevando o número de cardeais brasileiros com direito a voto para seis, ultrapassando a Índia – com cinco cardeais – e se igualando a Espanha e a Alemanha - o último sendo o país de origem do atual papa Bento XVI, eleito com a mesma quantidade de cardeais do Brasil.

Levando em conta o número de representantes latino-americanos, africanos, asiáticos e da Oceania – que somam trinta e sete cardeais -, a disputa com os representantes europeus e norte-americanos possui certo equilíbrio. Poderá ser um fator de vantagem aos postulantes brasileiros. Dos cinco cardeais – representantes do Brasil, dom João Braz de Aviz, 66, é um dos mais cotados para assumir o cargo. Dom Cláudio Hummes, 78, é quem possuiria as melhores condições, não fosse a renuncia, em 2010, ao cargo de prefeito da Congregação para o Clero, mesmo cargo ocupado por Joseph Ratzinger antes de sua eleição a papa.

Crescimento evangélico no Brasil poderá influenciar o próximo Conclave

O crescimento do movimento evangélico brasileiro poderá influenciar os rumos do próximo Conclave. Na eleição de 2005 o tema serviu de base para especulações jornalísticas e por parte de autoridades católicas, motivando a indicação, um ano depois, de dom Cláudio Hummes ao cargo de prefeito da Congregação para o Clero. A abertura de pelo menos 70 processos de beatificação ou canonização – atualmente existem 2 “santos” e quatorze beatos brasileiros – também é vista como uma tentativa de frear o avanço dos evangélicos. Mesmo que não eleito um cardeal brasileiro, também há a possibilidade de que o novo papa poderá surgir da América do Norte – os EUA é o segundo país com maior número de cardeais no Vaticano e o Canadá possui o nome do cardeal Marc Oullet, 68, atual prefeito da Congregação para os Bispos.



Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos dedica-se ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e movimentos destrutivos.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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A fórmula neopentecostal

O aparente sucesso do Neopentecostalismo está sendo acompanhado por grupos religiosos que buscam uma melhor colocação no mercado religioso. Recursos audiovisuais, campanhas de cura e libertação, palavras de poder e marketing pessoal são mecanismos amplamente utilizados por líderes neopentecostais. Da experiência surgiu uma fórmula, um mecanismo, adaptável por qualquer organização religiosa.

Mesmo diante de um crescimento considerável nos últimos anos, a Renovação Católica Carismática (RCC) aos poucos parece ceder à fórmula neopentecostal. O surgimento de padres jovens e midiáticos, o uso de espaços não tradicionais – como a capela inaugurada pelo Pe. Marcelo Rossi, em Santo Amaro –, e a criação de uma liturgia participativa são evidências de que o movimento está se reconfigurando.

Surgida de uma experiência "pentecostal", na Universidade de Duquesne em Pittsburgh, Pensilvânia, EUA, em 1967, a Renovação Católica Carismática chegou ao Brasil no ano seguinte com a proposta de "reavivamento" do catolicismo nacional e ser uma opção às cruzadas evangelísticas da Segunda Onda Pentecostal Brasileira. No entanto, com o surgimento de igrejas como a Universal do Reino de Deus, no final dos anos 70, a RCC passou a enfrentar uma nova modalidade de "pentecostalismo" centrada em campanhas de cura e libertação e apoiada no uso maciço de meios de comunicação, começando pela extinta TV Tupi.

Apesar da ameaça, a RCC somente despertaria para a nova realidade no começo dos anos 90, quando cria a figura do padre pop star e passa a combater de forma mais dura o movimento neopentecostal. Ao mesmo tempo, investe em programas televisivos e autoriza a realização de missas de cura e libertação, como as conduzidas pelos padres Vanderlei Nunes (da Igreja Nossa Senhora das Graças, de Santo André, São Paulo) e Jader Pereira (do Santuário do Bom Jesus, na Mooca, também São Paulo).

Do Neopentecostalismo também seria adotada a doutrina da Maldição Hereditária. De acordo com MARIANO (1999) e depois SIEPIERSKI (2001), a MH teria sido usada pela primeira vez no IX Cenáculo de Maria da RCC de São Sebastião – SP, em que uma pregadora, vinda da diocese de Lorena (mesma diocese da Canção Nova) discursou: "Vamos orar para expulsar o espírito da pobreza, o espírito de Satanás, para tirar a maldição que colocaram na sua vida. Vamos todos orar: eu renuncio a toda depressão, a toda opressão maligna, vamos orar em línguas, eu rejeito toda miséria, eu rejeito toda maldição hereditária, toda feitiçaria (...)" (ALVES, 2005)

A MH também é mencionada, com certa frequência, em discursos do Pe. Marcelo Rossi e consta no livro do também carismático, Pe. Jonas Abib (ABIB, 2005: 20). Juntamente com a MH, também encontramos claras referências à Teologia da Prosperidade e da Saúde. Em um testemunho dado por uma fiel no IX Cenáculo de Maria, são perceptíveis às semelhanças com o Neopentecostalismo: "O capeta tem tirado a saúde dos servos do Senhor; o demônio tem prejudicado a situação financeira dos servos do Senhor, nós (aponta para o marido) não tínhamos dinheiro nem para pagar o ônibus do nosso filho. Eu tenho que dizer "eu quero esse carro" e confiar no Senhor" (ALVES, 2005).

Adaptações

Outras adaptações – ou semelhanças – são perceptíveis em pelo menos duas outras organizações religiosas: A Igreja Templária de Cristo na Terra e a Catedral Mundial dos Orixás. Na primeira, fundada pelo pernambucano Walter Pereira da Silva, em 2011, e que tem sua base na Rua Leais Paulistanos, 643, no Ipiranga, São Paulo, nota-se um sincretismo de crenças que envolvem elementos do catolicismo popular, sociedades secretas, religiões orientais e do neopentecostalismo.

Nas reuniões da Igreja Templária, além da presença de símbolos de sociedades secretas e imagens de "santos" católicos, louvores de autoria evangélica e campanhas inspiradas no Neopentecostalismo imergem multidões em transes "espirituais". Na campanha do Vale de Sal, adeptos enfileirados passam por cima de toneladas de sal enquanto recebem orações e passes do "apóstolo", muitos dos quais acabam "exorcizados". À semelhança das igrejas neopentecostais, a ITCT também mantém programas radiofônicos e televisivos onde conclama fieis a aderirem ao "Carnê da Gratidão".

Walter Sandro, que antes de iniciar sua empreitada de fé foi vendedor de seguros, radialista e palestrante motivacional, tem sido alvo de denúncias de estelionato por vítimas do chamado "Clube de Investimento". Mesmo em meio a várias denúncias e processos judiciais, o líder religioso continua oferecendo assistência e promovendo campanhas na sede mundial da Igreja Templária de Cristo na Terra e em outras dez filiais da denominação.

A Catedral Mundial dos Orixás Palácio de Ogum ou Centro Espírita Ylê Axé, com sede na Travessa Damião de Aguiar, nº 49, Maria das Graças, zona norte do Rio de Janeiro, é, certamente, a de maior interesse e curiosidade por misturar elementos do candomblé com características típicas do Neopentecostalismo, como palavras de poder e o uso de técnicas de Marketing – como propagandas em outdoors, onde expressões como "Pare de sofrer Agora" demonstra inspiração no Neopentecostalismo.

Recentemente operando a partir de uma filial na vila Formosa, São Paulo, a CMOPO vem ampliando sua presença na mídia. Na rádio Metropolitana AM e TV NGT, são veiculados depoimentos (escute um dos vários aqui) de "cura" e utilizadas frases típicas de pastores neopentecostais, como "através de sua fé", "auxílio espiritual", "romper todos os obstáculos", "não se entregar", "equipe de fé" etc. Ao mesmo tempo, insere os adeptos no submundo dos orixás africanos, com consultas de tarô e de búzios.

Assim como o fundador da Igreja Templária, o organizador da Catedral Mundial dos Orixás, Donizete Souza Braga – mais conhecido como Geremias de Ogum - também teve sua passagem pela justiça. Acusado de falsidade ideológica, foi preso em flagrante em 13/07/2005. Segundo a Conjur, o investigado teria feito se passar por padre em São Paulo e pastor em Santa Catarina, além de aplicar golpes em agências bancárias do Rio de Janeiro. Um ano depois, segundo o Espaço Vital, deixou a cadeia após liberação de um habeas-corpus.


Bibliografia

  • ABIB, Pe. Jonas. Reinflama o Carisma; São Paulo: Loyola; Cachoeira Paulista: Editora Canção Nova; 2004; 14ª ed; 
  • ALVES, Sônia Cantão; Testemunho dado no IX Cenáculo de Maria da RCC de São Sebastião, SP em 09/10/2005; 
  • MARIANO, Ricardo. Neopentecostalismo; sociologia do novo pentecostalismo no Brasil; São Paulo: Loyola; 1999; 
  • SIEPIERSKI, Carlos Tadeu; "De bem com a vida": O sagrado num mundo em transformação; Tese apresentada ao Departamento de Antropologia Social da FFLCH ; São Paulo; 2001.

Johnny Bernardo


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Neopentecostalismo à brasileira: aspectos e dimensões

Inspirado em movimentos de cura divina dos EUA, o neopentecostalismo que aqui se desenvolve surge da observância de aspectos locais, como a crendice popular e a baixa renda da maior parte da população brasileira. Neste quesito, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) destaca-se como um dos principais exemplos de adaptação religiosa. Leonildo Silveira Campos (1999) destaca que “o ponto de partida da IURD é o pentecostalismo de alguns televangelistas norte-americanos, porém a sua flexibilidade é própria de uma entidade que se posiciona bem num ambiente pluralista e concorrencial. A sua identidade é construída por meio de referências aos concorrentes, com os quais ela se envolve em renhidas lutas simbólicas”.

A guerra entre as forças do bem e do mal – adaptada pelo neopentecostalismo a partir do pentecostalismo – ganha nova dimensão com a Igreja Universal. Na verdade, como explica Campos, “a IURD oferece produtos simbólicos, dissimulando a ideia de ruptura, trocando-a por uma aparente continuidade com as culturas locais”. Em outras palavras, a igreja fundada por Edir Macedo aproveita aspectos dos concorrentes (católicos, afro-brasileiros e kardecistas) para desenvolver uma característica própria, voltada ao consumo. Assim, a cruz, as sessões de descarrego, as fitinhas azuis e demais apetrechos utilizados pela igreja em sua “guerra” contra o mal são adaptações criadas com o intuito de atrair adeptos das religiões concorrentes. Ao mesmo tempo, tenciona facilitar o acesso à nova fé com elementos do cotidiano do adepto.

As adaptações – ou “remasterizações” – feitas pela IURD também ocorrem nas demais igrejas neopentecostais do Brasil, com pouquíssimas alterações. Tais características e outras mais mostram que o neopentecostalismo disseminado a partir da IURD assume aspectos locais, nacionais, da situação financeira de cada adepto. O termo neopentecostal – frequentemente usado em referência a Igreja Universal do Reino de Deus e a Renascer em Cristo, por exemplo – passou a ser utilizado como forma de distinção entre o pentecostalismo clássico do movimento que começa a se desenvolver a partir de fins da década de 70, e que é identificado por Paul Freston como a Terceira Onda Pentecostal Brasileira. Tão logo se percebeu, no entanto, que há uma imensa distância entre o neopentecostalismo aqui disseminado.

Apesar da existência de elementos comuns ao Neopentecostalismo, como a cura divina, o exorcismo, a Teologia da Prosperidade e o uso maciço de recursos audiovisuais, há inúmeras diferenças que separam as várias igrejas neopentecostais, notadamente entre àquelas situadas no eixo São Paulo – Rio. As diferenças locais, de formação religiosa ou acadêmica, explicam em parte as diferenças. A primeira das várias rupturas que ocorreriam no cenário neopentecostal brasileiro se deu em 1980 quando o missionário R.R.Soares – até então braço direito de Edir Macedo – funda a Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD). A prepotência e o espírito mercantilista de Edir Macedo foram alguns dos motivos que levaram R.R.Soares a se desligar.

Igrejas clones da Universal

Começando pela IIGD, deve-se ressaltar também o aparecimento do que Marion Aubree (pesquisadora francesa) chamou de “igrejas clones da Universal”. Isto é, ao longo dos 35 anos de sua história, a IURD vem enfrentando o ataque externo oriundo de novos movimentos neopentecostais que a imitam. Vale ressaltar, novamente, que às semelhanças se resumem aos aspectos básicos do Neopentecostalismo, descritos anteriormente. Os novos movimentos surgidos a partir da IURD se definem por experiências próprias, por diferenças que vão desde a liturgia até o público alvo. As diferenças são perceptíveis quando comparamos, por exemplo, a IIGD com a IURD.

Segundo R.R.Soares, a Igreja da Graça não tem bispos nem realiza campanhas em Israel. A Universal, por sua vez, não tem um missionário como presidente, nem pede às pessoas que se inscrevam como patrocinadoras para manter a veiculação de cultos de evangelização pela TV. A IIGD apresenta-se mais flexível com relação ao trato com as demais igrejas evangélicas do Brasil. Nas publicações da Igreja da Graça, como na revista Show da Fé, são comuns referências a trabalhos da AD. R.R.Soares também já teve passagem pela sede da AD Ministério Belém, onde ministrou a um colegiado de obreiros. Por outro lado, há de se ressaltar que a Igreja da Graça é a responsável pela publicação da maioria dos livros de Kenneth Hagin, autor com ampla rejeição por parte de líderes e pesquisadores brasileiros, como Paulo Romeiro.

As diferenças entre a Igreja Universal com as demais denominações “neopentecostais” aumenta à medida que a comparamos com igrejas como a Renascer em Cristo. A origem pentecostal do casal Hernandes – eram membros da Igreja Pentecostal da Bíblia – de certa forma explica a maneira eloquente como conduzem suas reuniões. As adaptações, comuns na IURD, também ocorrem na RC, mas com diferenças que nos remetem às igrejas batistas. Há, na RC, uma tentativa de tornar suas reuniões mais atraentes ao público jovem. Fundador da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra, o bispo Robson Rodovalho teve sua primeira experiência na Igreja Presbiteriana do Brasil, aos 15 anos. Além da maneira despojada como conduz sua denominação, Rodovalho é autor de um livro sobre Física Quântica e pretende criar um instituto para explorar temas ligados à ciência e a espiritualidade. Apesar de criacionista, rejeita a noção de que o universo foi criado há seis mil anos, em seis dias de 24 horas, segundo revelou ao jornalista Márcio Campos, da Gazeta do Povo.

A Renascer em Cristo e a Sara Nossa Terra são exemplos de igrejas cujas características distanciam-se de denominações mais próximas do chamado Movimento Palavra da Fé. No entanto, mesmo entre as igrejas neopentecostais historicamente ligadas ao MPF há diferenças significativas. A cura divina, característica comum às igrejas neopentecostais, é vista de forma diferente por frequentadores da Igreja da Graça e Mundial do Poder de Deus. Mariano (1995) declara que é “muito comum nos cultos da Igreja Internacional da Graça R.R. Soares pedir que os fieis coloquem as mãos em suas cabeças e determinem a cura divina. Com frequência, os testemunhos giram em torno do desaparecimento da dor de cabeça e do sumiço de caroços no peito, no estomago e em outras partes do corpo. Alguns ex-membros da IIGD e que hoje frequentam a IMPD são unânimes em dizer que lá, na Internacional, só viam sumiços de caroços, mas que na Mundial eles veem verdadeiros milagres, curas sobrenaturais”.

O surpreendente crescimento da Igreja Mundial do Poder de Deus – e que já foi palco de pelo menos quatro cisões que resultaram no surgimento de quatro diferentes igrejas, cada qual defendendo uma visão específica do Evangelho, sendo a Igreja Mundial Renovada a mais recente – tem sido motivo de preocupação e “guerra santa” por parte da Igreja Universal do Reino de Deus. Embora mantendo aspectos da igreja – mãe, o apóstolo Valdomiro Santiago criou uma marca ou estilo próprio de arregimentar adeptos. Com seu jeito matuto e linguagem carregada de expressões populares, Santiago conseguiu criar um canal de comunicação com as classes menos favorecidas da sociedade. A cura divina é um dos atrativos e porta de entrada para centenas de pessoas vítimas da falta de recursos assistenciais. Segundo Campos (1999) os “muito pobres são mais facilmente atingidos pela pregação dos milagres e dos prodígios. Nesse sentido, a Igreja Mundial, a Igreja do Evangelho Quadrangular ou mesmo a Deus é Amor levam vantagem nessas camadas sociais mais pobres onde a IURD perde a competitividade”.


Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos dedica-se ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e movimentos destrutivos.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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Programados para testemunhar

Todos os dias centenas de pessoas saem às ruas do Brasil para testemunhar sua fé em Deus. Com sorriso no rosto, boa dicção e um farto material informativo, abordam quem passa pela rua para oferecer uma mensagem bíblica. Parecem tranquilas, felizes. Não se sentem constrangidas diante das adversidades. Acreditam que seu trabalho lhes renderá vida eterna. Quem as ouve testemunhar percebe sua capacidade de explanação, sua convicção doutrinária. Eles fazem parte de um exército de mais de oito milhões de testemunhas que seguem fielmente – e sem questionar – as diretrizes do “Escravo Fiel e Discreto” - termo que se atribuí à Torre de Vigia, Qg das Testemunhas de Jeová com sede no Brooklin, Nova York, EUA. 

Por trás da aparente tranquilidade de uma testemunha de Jeová existe algo desconhecido dos iníquos (termo utilizado pela Torre de Vigia para descrever quem está fora da Organização das Testemunhas de Jeová). Quem as recepciona em casa ou em uma conversa ocasional na rua ou em uma praça, não sabe que elas são programadas para testemunhar. Há um rigoroso processo de preparo de uma testemunha de Jeová que envolve encenação teatral nos Salões do Reino e cursos de preparação para o ministério de campo. Um verdadeiro preparo psicológico acompanha suas reuniões.

O Manual da Escola do Ministério Teocrático é uma prova de que Sociedade Torre de Vigia recorre a técnicas de controle psicológico na programação dos adeptos e no preparo destes para que exerçam o ministério de campo. A maneira como nos dirigimos às pessoas, a gramática, os gestos, e a maneira como impomos nossa voz é, para eles, de fundamental importância no trabalho de convencimento. A testemunha é orientada a focar a mente do ouvinte, mais do que o coração.

O instrutor hábil das boas novas pode transmitir conhecimento à mente dos ouvintes. Em pouco tempo, o estudante ou o ouvinte é capaz de repetir e explicar ele mesmo o ensino (...) a mente precisa absorver e assimilar informações. Ela é a sede do intelecto, o centro de processamento do conhecimento. Ela reúne informações, e, pelo processo do raciocínio e da lógica, chega a certas conclusões (MEMT, 1992, pp.73,74).

O manual também instrui como a testemunha deve implantar uma ideia na mente do ouvinte. “O tipo sumário da repetição é especialmente útil no caso dos discursos que envolvem o raciocínio e a lógica, e o tempo decorrido entre a consideração e a breve recapitulação ajuda a incutir as ideias mais a fundo na mente dos ouvintes” (p. 129).

Além do MEMT, outra base de estudos e manipulação psicológica é o livro Raciocínio à Base das Escrituras. Com base no modelo pergunta – resposta, o RBE oferece aos estudantes das Escrituras as mais diferentes respostas às dúvidas, questionamentos e oposições surgidas no trabalho de campo. Também são oferecidas sugestões de temas para contatos iniciais, como questões ligadas ao crime, segurança, emprego, moradia, família e, obviamente, temas associados à Bíblia e ao fim do mundo.

É uma satisfação encontrá-lo (a) em casa. Estou falando com os meus vizinhos sobre um ponto da Bíblia (ou, das Escrituras Sagradas) que é animador... Já se perguntou...? (faça uma pergunta que o leve ao tópico que está considerando) (RBE, 1989, p. 10)

Muitas pessoas estão preocupadas com o Armagedom. Ouviram líderes mundiais usar esse termo com referência a uma guerra nuclear total. Que acha que significara o Armagedom para a humanidade? Realmente, o nome Armagedom é tirado da Bíblia, e significa algo bem diferente do sentido que comumente se dá à palavra. (p. 10)

Um movimento com fortes tendências destrutivas

A organização fundada por Charles Taze Russell (1875) caracteriza-se pela existência de fortes tendências destrutivas. A programação das testemunhas inclui desde submissão às autoridades da STV– à qual não economizam elogios – até restrições como não participação em práticas esportivas, desincentivo a educação superior – considerada pela STV como “perigosa” -, proibição de contato com ex-adeptos e familiares que não façam parte da Organização, proibição de que os adeptos frequentem ou celebrem festas de aniversário, páscoa e natal.

A STV também restringe o acesso a livros como Crise de Consciência, do ex-membro da cúpula das Testemunhas de Jeová, Raymund Franz. Sites e fóruns de discussão mantidos por ex-adeptos também são vetados pela Organização. Ao mesmo tempo, incentivam as testemunhas a dedicarem o máximo de tempo possível na divulgação das doutrinas e materiais desenvolvidos pelo Escravo Fiel e Discreto, além de fazerem uso de textos apocalípticos como forma de alienação e controle psicológico – estratégia seguida por outros grupos destrutivos, como o Ramo Davidiano, Templo dos Povos, Ordem do Templo Solar etc. e que ocasionaram a destruição de centenas de vidas e famílias por todo o mundo.

Atualmente, no Brasil, a Igreja Cristã Maranata, a Universal do Reino de Deus, a Pentecostal Deus é Amor, a Igreja Sinos de Belém Missão das Primícias e a Comunidade Figueira (de Trigueirinho) desenvolvem algo semelhante ao seguido pelas seitas destrutivas dos EUA e da Europa – sendo, portanto, fortes candidatas a movimentos destrutivos. Na Igreja Pentecostal Deus é Amor, por exemplo, os membros são submetidos a regras de comportamento semelhantes as que são impostas pela STV às testemunhas, perseguição – e até mesmo processos judiciais – contra ex-membros.



Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos dedica-se ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e movimentos destrutivos.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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O contra-ataque da Igreja Pentecostal Deus é Amor

Enquanto denominações como a Universal do Reino de Deus e a Mundial do Poder de Deus crescem em ritmo acelerado, a Igreja Pentecostal Deus é Amor possui algo em torno de 900.000 membros, segundo último levantamento feito pelo IBGE, em 2010. O baixo crescimento passou a ser visto com preocupação por parte da liderança da IPDA, por motivos óbvios: apesar de possuir mais tempo de atividade no Brasil e no mundo – completou 50 anos no último dia 3 de junho – e ter experimentado um significativo crescimento entre as décadas de 80 e 90, a IPDA tem encontrado dificuldade para competir com outras denominações com menos tempo de atividade, mas que ocupam cada vez mais espaço nas capitais e grandes cidades do Brasil.

Fora a sede mundial e umas poucas sedes regionais, grande parte das igrejas da IPDA são compostas por pequenos salões alugados e com não mais de que 50 membros, o que dificulta a competição com outras denominações com maior presença nas principais vias como a IURD e a IMPD, além de outras denominações pentecostais com grande presença nos bairros, como as Assembleias de Deus. Há outras razões do baixo crescimento experimentado nos últimos anos, como a rigidez doutrinária e de usos e costumes, escândalos envolvendo lideres máximos da Igreja, campanhas de cura e libertação adaptadas a partir da IPDA pelas igrejas neopentecostais e o não investimento em meios de comunicação de massa, como a televisão.

Com a liberalização de costumes e o investimento na comunicação direta com os telespectadores, as igrejas neopentecostais criaram um mecanismo "eficaz" de captação de contribuintes e avanço em áreas dominadas por igrejas pentecostais e históricas. O uso de mecanismos comuns à Segunda Onda Pentecostal Brasileira (Paul Freston, 1993), como às campanhas de cura e libertação permitiu às igrejas neopentecostais garantias de um crescimento contínuo. Seduzidas pelas promessas de prosperidade e cura "divina" e a não exigência de usos e costumes, os ouvintes encontraram em denominações como a Mundial do Poder de Deus a solução para seus problemas.

Campanha publicitária

Penalizada pelo avanço das igrejas neopentecostais – baseado nos programas televisivos – e sem poder abrir mão de sua história e costumes, recentemente a Igreja Pentecostal Deus é Amor passou a desenvolver uma campanha publicitária que envolve anúncios em jornais como o Metro, panfletos e a associação da imagem do fundador, David Miranda, à denominação. No jornal e nas fachadas das filiais da IPDA, uma imagem do fundador com sua coleção particular de cadeiras de rodas e muletas – frutos de suas campanhas "milagrosas" na sede mundial e em cruzadas pelo mundo – é exibida na tentativa de atrair mais seguidores. Associada à imagem de Miranda, no Metro uma frase chama a atenção: "Estas são algumas das milhares de muletas, cadeiras de rodas e aparelhos ortopédicos de pessoas que alcançaram o milagre de Jesus, na Igreja Pentecostal Deus é Amor."


Johnny Bernardo


é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos dedica-se ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e movimentos destrutivos.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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"O mundo acaba nesta sexta", afirma profeta do Piauí

Fundador do grupo religioso "Barca", Luiz Pereira dos Santos, 43, afirma que o mundo acabará nesta sexta-feira, pontualmente às 16h. Segundo o "profeta", às 05h do dia 29 de julho de 2009 um “anjo lhe apareceu, em seu quarto, e lhe deu os detalhes do fim do mundo e de sua chamada”. Deixou seu emprego de zelador e passou a se dedicar à nova fé. 

Após conseguir alguns seguidores, o “profeta” estabeleceu sua base no Parque Universitário, zona leste de Teresina. Em uma propriedade, que abriga duas casas e que passou a ser conhecida como “Barca”, vivem 120 pessoas em regime de submissão, tendo sido obrigadas a deixarem seus empregos, bens, estudos e familiares.

O grupo religioso, fundado por Luiz Pereira, possue características típicas de um movimento destrutivo, como isolamento de adeptos, manipulação psicológica e financeira, incentivo de práticas obscenas, e uso de temas apocalípticos como forma de coação e medo. Às semelhanças também podem progredir para algo mais perigoso, como suicídio coletivo.

A programação – termo utilizado por pesquisadores de movimentos destrutivos para descrever o domínio psicológico exercido sobre adeptos – inclui a proibição de que os seguidores tenham acesso a programas televisivos e radiofônicos seculares, dedicação exclusiva aos cultos promovidos pela Barca, e casamento entre crianças e adolescentes.

Investigação


Luiz Pereira dos Santos vem sendo investigado pelo Ministério Público do Estado do Piauí desde o começo de 2012 tendo sido autuado em flagrante no dia 29 de julho por curandeirismo e charlatanismo, mas liberado após pagar fiança de R$ 207. O “profeta” teria sido autuado após denúncia feita por Alda Maria, 44. Segundo o 11º Distrito Policial de Teresina, Alda Maria também teria sido vítima de agressão física.

No mês passado, segundo informações do portal Terra, o “profeta” foi detido pela Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente acusado de proibir as crianças de irem para a escola. Após autorização expedida pela juíza Maria Luíza de Moura, a DPCA removeu hoje (11) as 19 crianças que faziam parte da comunidade, além de encontrar uma quantidade considerável de veneno de rato na casa, segundo o jornal 180graus.



Johnny Bernardo


é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de religiões, seitas e heresias, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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“Igreja Universal quer dominar o Brasil”: pesquisador analisa livro do bispo Edir Macedo sobre política e investimentos feitos pela denominação na mídia

Em meio às polêmicas envolvendo a campanha à prefeito de São Paulo, do candidato Celso Russomanno (PRB) e suas ligações políticas com a Igreja Universal do Reino de Deus, o jornalista Johnny Bernardo publicou artigo analisando as ideias do bispo Edir Macedo sobre fé e política, expostas no livro “Plano de Poder – Deus, os Cristãos e a Política”.

De acordo com Bernardo, “o objetivo é claro: A Igreja Universal quer dominar o Brasil”, e para isso, o líder da IURD montou uma estratégia complexa de crescimento e influência na sociedade.

- Para realizar seu intento – de criar uma nação evangélica e “governada” por Deus -, Macedo estabeleceu uma série de estratégias, como eliminação das concorrências, investimento maciço em meios de comunicação, influência da sociedade por meio de campanhas de marketing e defesa de temas polêmicos, a exemplo da legalização do aborto, e a busca do poder pela organização política – afirma o jornalista e pesquisador Johnny Bernardo.

Johnny Bernardo pontua ainda que as estratégias adotadas por Edir Macedo para a implementação do suposto plano de domínio tem semelhanças com iniciativas tomadas em outros países, com resultados negativos: “As estratégias definidas e seguidas por Edir Macedo possuem paralelos com diversos movimentos destrutivos dos EUA e Europa, mas, em especial, com a Igreja da Unificação, fundada em 1954 pelo Rev. Moon (1920–2012). Assim como a IU, a Igreja Universal encara a formação da opinião pública e o recrutamento de seguidores como elementos cruciais para o alcance de seus objetivos”.


Por Tiago Chagas, do Gospel+


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A Igreja Universal e seu plano de domínio do Brasil

O objetivo é claro: A Igreja Universal quer dominar o Brasil. Pré-definido no livro Plano de Poder, Deus, os cristãos e a política (Edir Macedo com Carlos Oliveira, 2008), o objetivo vem se desenvolvendo ao longo dos anos, e, nas eleições municipais de 2012, pretende se consolidar. Fé e política, no entender de Edir Macedo, são elementos interligados aos quais os crentes devem se engajar.

Para realizar seu intento – de criar uma nação evangélica e “governada” por Deus -, Macedo estabeleceu uma série de estratégias, como eliminação das concorrências, investimento maciço em meios de comunicação, influência da sociedade por meio de campanhas de marketing e defesa de temas polêmicos, a exemplo da legalização do aborto, e a busca do poder pela organização política.

Tomando como base São Paulo – onde o candidato do Partido Republicano Brasileiro (PRB) ao Executivo, Celso Russomanno, lidera as intenções de voto -, a Igreja Universal coloca em prática sua estratégia de dominação política. Segundo o presidente nacional do PRB e também bispo Marcos Antonio Pereira, a meta para 2012 é a eleição de pelo menos 100 prefeitos e até dois mil vereadores, em todo o país.

Questionado pela relação da campanha de Russomanno com a Igreja Universal e a TV Record - em uma entrevista concedida ao portal UOL e Folha de São Paulo, no último dia 26 de setembro - Marcos Pereira saiu em defesa da laicidade do Estado e a total independência administrativa, caso Russomanno seja eleito, mas teve dificuldade em explicar o motivo da composição “evangélica” do partido – dos 18 dirigentes nacionais pelo menos dez são oriundos da Igreja Universal ou da TV Record, segundo apontamento feito pelo cientista político Claudio Gonçalves Couto.

Um projeto de Deus

De olho no crescimento dos evangélicos no Brasil – sendo hoje algo em torno de 42,3 milhões, segundo última estimativa feita pelo IBGE – o bispo Edir Macedo lançou seu plano de domínio do Brasil, conclamando os crentes a participarem da tomada do Poder. Afirmando seguir orientações divinas, Macedo relaciona à chegada ao poder como um projeto “elaborado” e “pretendido” por Deus.

"Vamos nos aprofundar, através desta leitura, no conhecimento de um grande projeto de nação elaborado e pretendido pelo próprio Deus e descobrir qual é a nossa responsabilidade neste processo. [...] Desde o início de tudo Ele nos esclarece de sua intenção de estadista e de formação de uma grande nação." (Plano de Poder, pág. 8)

A Bíblia, segundo Macedo, não é apenas um livro de orientações religiosas ou de exercício da fé, mas também um livro que sugere resistência, tomada e estabelecimento do poder político e de governo. “Somente quando todos ou a maioria dos que a seguem estiverem convictos de que ela é a Palavra de Deus, então ocorrerá a realização do grande sonho Divino”, conclui Macedo colocando-se como canal da realização do “grande sonho Divino”, que é o estabelecimento do Brasil como nação “evangélica”.

Lançado às vésperas das eleições municipais de 2008, o livro Plano de Poder revela o prognóstico feito por Edir Macedo em seu plano de tomada do governo. Nele ressalta que tudo é uma questão de engajamento, consenso e mobilização dos evangélicos. “Nunca, em nenhum tempo da História do evangelho no Brasil, foi tão oportuno como agora chamá-los de forma incisiva a participar da política nacional (...). A potencialidade numérica dos evangélicos como eleitores pode decidir qualquer pleito eletivo, tanto no Legislativo, quanto no Executivo, em qualquer que seja o escalão, municipal, estadual ou federal”, afirma Macedo.

Semelhanças


As estratégias definidas e seguidas por Edir Macedo possuem paralelos com diversos movimentos destrutivos dos EUA e Europa, mas, em especial, com a Igreja da Unificação, fundada em 1954 pelo Rev. Moon (1920–2012). Assim como a IU, a Igreja Universal encara a formação da opinião pública e o recrutamento de seguidores como elementos cruciais para o alcance de seus objetivos. Desenvolve, assim como na IU, uma acirrada guerra contra meios de comunicação e religiosos concorrentes, além de investir em times de futebol com foco em marketing de massa, e na ideia de que estão “colaborando” com o estabelecimento do Reino de Deus, no mundo. Acima de tudo, dizem atuar como canais de comunicação de Deus e dão forte ênfase ao crescimento financeiro – sinal, segundo as igrejas, da retribuição divina.


Johnny Bernardo


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É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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Catedral Mundial dos Orixás realiza reuniões inspiradas no Neopentecostalismo

Inspirados no “sucesso” das igrejas neopentecostais, pais de candomblé do Rio de Janeiro decidiram dar um giro de 360 graus com o objetivo de atrair mais fieis. Com direção da Yalorixá Ya Yasmim de Iemanjá, e babalorixás Geremias de Ogum e Lázaro de Omulú, a Catedral Mundial dos Orixás ou Centro Espírita Ylê - Axé, com sede na Travessa Damião de Aguiar, nº 49, Maria das Graças, zona norte do Rio de Janeiro, tem chamado atenção por conta de seus trabalhos (“espirituais”) comparáveis ao Neopentecostalismo.

Além dos tradicionais jogos de tarô e de búzios, os pais de santo do Centro Espírita Ylê - Axé realizam sessões de cura e divulgam suas consultas em meios de comunicação do Rio de Janeiro e São Paulo, como em outdoors, programas radiofônicos e televisivos. Na rádio Metropolitana AM e TV NGT, são veiculados depoimentos de “cura” e utilizadas frases e palavras típicas de pastores neopentecostais, como "através de sua fé", "auxilio espiritual", "romper todos os obstáculos", "não se entregar", “equipe”, “fé”, “corrente”, "gente" etc.



Acompanhe, aqui, um dos vários depoimentos onde expressões, articulações e métodos de persuasão inspirados no Neopentecostalismo são utilizados pela liderança do CEYA.

Histórico

Principal líder e mentor do Centro Espírita Ylê - Axé, o pai-de-santo Donizete Souza Braga, conhecido como Geremias de Ogum, nasceu em outubro de 1952, em Candeias (BA). Aos cinco anos diz ter realizado seu primeiro “milagre”, quando, segundo o site do CEYA, teria “ressuscitado” um passarinho vítima de uma baladeira (estilingue). Aos 12, sua mãe, que havia sido diagnosticada com câncer, é “curada” após Donizete Braga realizar seis horas de preces. Em julho de 2001, novo “milagre”: uma mulher chamada Nádia, que sofria com um câncer de estômago, também teria sido “curada” após intervenção de Braga.

Apesar de famoso pelas “curas” e o fato de ter recebido, em 2009, a Honraria de Doutor Comendador da Ordem JK, Geremias de Ogum teve sua passagem pela justiça. Acusado de falsidade ideológica, foi preso em flagrante no dia 13 de julho de 2005, após determinação do então presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Antônio de Pádua Ribeiro. Segundo a Conjur, o investigado se fazia passar por padre em São Paulo e pastor em Santa Catarina, além de aplicar golpes em agências bancárias do Rio de Janeiro. Em julho de 2006, a 6ª Turma do STJ concedeu, por unanimidade, habeas-corpus em favor do pai-de-santo Donizete Souza Braga, segundo informações do Espaço Vital. Procurado, o Centro Espírita Ylê - Axé não se manifestou.



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A necessidade de um estado laico

Se no ditado popular "religião e política não se discute", na vida pública a distância entre Estado e Religião deve ser preservada. A teocracia, comum em alguns países árabes, tem como marco principal a interferência - não divina, mas religiosa - no cotidiano das pessoas. A interferência por vezes é caracterizada por imposições doutrinárias, punições aos delitos e perseguição às religiões concorrentes. Nos estados confessionais, apesar de garantida a liberdade de culto aos demais credos religiosos, há primazia e até favorecimento da religião oficial.

Nos países seculares ou laicos - mesmo que mantida a distância entre religião e Estado – há uma forte influência das organizações religiosas, pondo em risco os limites estabelecidos pelo republicanismo. Estados Unidos e Brasil são dois países onde a religião é tema frequente de debate e disputa política. A formação histórica explica, em parte, a presença da religião na vida política dos norte-americanos – a disputa presidencial entre o evangélico Barack Obama e o mórmon Mitt Romney tipifica todo um contexto histórico em que religião e política mesclam-se no debate público.

Apesar de reconhecidamente laico – conquista alcançada com a proclamação da República e a Constituição de 1891 -, o Brasil continua sob forte influência de líderes e grupos religiosos. Nos séculos seguintes, com a explosão do fenômeno pentecostal e neopentecostal – hoje englobando algo em torno de 42,3 milhões de evangélicos, segundo o Censo 2010 do IBGE –, a religião volta a ser tema de debate e especulação política. Em São Paulo e Rio de Janeiro – e também nas demais capitais do Brasil - templos evangélicos são disputados palmo a palmo por candidatos ao paço municipal. A corrida rumo à prefeitura de São Paulo mostra, por exemplo, que a massa evangélica pode ser decisiva na conquista de um pleito e, por isso, tem sido foco da disputa dos três primeiros colocados nas pesquisas.

Ausência de laicidade

Tanto no Brasil como nos Estados Unidos a presença de símbolos religiosos em repartições públicas, ensino religioso pautado de acordo com a religião dominante e a influência de religiosos nas decisões dos governos é um claro indício de fragilidade republicana. A laicidade pressupõe neutralidade em assuntos que dizem respeito unicamente às entidades religiosas, decisão com base no interesse nacional etc.

Apesar de todos os conceitos pré-definidos na cartilha republicana e da luta por um Estado laico, a tendência mundial é a da divisão religiosa. Inevitavelmente o mundo caminha para teocracias, estados confessionais e um crescente fanatismo religioso. São consequências do desenvolvimento tecnológico, do isolamento cada vez maior da humanidade. A religião terá maior espaço nas gerações futuras do que na Antiguidade.


Johnny Bernardo

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Igrejas baseiam crescimento na imagem de fundadores

Pesquisadora de movimentos religiosos dos Estados Unidos, Margaret Singer declara que a força de uma organização está em seu fundador. Outros pesquisadores norte-americanos, como Rick A. Ross e Michael Green, são unânimes em associar o crescimento das corporações religiosas ao forte apelo de suas lideranças. Carisma, capacidade de comunicação e persuasão, são algumas das características de um líder de uma seita, apontadas pelos pesquisadores. A comparação - feita por Singer e seguida por Ross e Green – acontece em meio a um país cuja história é marcada pela presença de movimentos religiosos de ambições universais, cujos líderes exercem forte influência sobre seus seguidores. Mitt Romney é um exemplo de associação política – religiosa. Caso eleito, Romney será o primeiro presidente mórmon dos Estados Unidos. No mundo árabe, onde política e religião mesclam-se, religiosos, políticos e mártires são expostos em grandes outdoors, como forma de inspiração e reverência.

No universo pentecostal e neopentecostal brasileiro há algo semelhante em desenvolvimento desde fins da década de 70, com o surgimento da Igreja Universal do Reino de Deus. Se bem que em algumas igrejas pentecostais anteriores a década de 70, como, por exemplo, na Igreja Pentecostal Deus é Amor, é com a IURD que a imagem do líder e fundador começa a ser usada como forma de identificação do grupo religioso. Com a presença nos meios de comunicação, começando na extinta TV Tupy, a imagem de Edir Macedo começa a ser associada à IURD, possibilitando o acesso de novos adeptos. Estratégia seguida e adaptada pelos movimentos posteriores à Igreja Universal, como pela Igreja Internacional da Graça de Deus, Igreja Mundial do Poder de Deus, e, mais recentemente, pela Igreja Mundial Renovada.

Enquanto na IURD não há uma preocupação em estampar em suas sedes e filiais o nome e imagem do fundador – embora a associação tenha se estabelecido de outras maneiras, como pelo lançamento da recente biografia de Edir Macedo, Nada a Perder -, nas demais igrejas neopentecostais a definição proposta por Singer ganha forma e dimensão. Amparadas nos programas televisivos, a imagem de R. R. Soares, Valdomiro Santiago e Roberto Damásio são reproduzidas nas fachadas e banners de suas denominações. O objetivo, como nos movimentos destrutivos, é a perpetuação da imagem e influência do líder máximo. Outra estratégia é a imitação da entonação da voz, gestos e vestimentas dos fundadores, usada nas filiais pelos representantes hierárquicos.

Na Igreja Pentecostal Deus é Amor, Comunidade Cristã Paz e Vida e grupos minoritários há algo semelhante ao que ocorre nas igrejas neopentecostais. Na IPDA, por exemplo, passado o Jubileu de Ouro, as placas das filiais estão sendo substituídas por outras mais modernas, com a imagem de David Miranda e sua coleção particular de cadeira de rodas e muletas – frutos de suas campanhas “milagrosas” na sede mundial e em cruzadas evangelísticas pelo mundo. Na Paz e Vida o Pr. Juanribe Palharim também ocupa posição de destaque como fundador e presidente, e sua imagem é veiculada no site e fachadas das filiais. Outras denominações não alinhadas com os grupos neopentecostais, como a Assembleia de Deus de Belém do Pará traz como principal referência à ideia de que é a “Igreja Mãe”. Nos meios de comunicação e filiais da AD Belém, o Pr. Samuel Câmara também aparece em destaque e o principal motivo é a disputa pelo comando da CGADB.

Problemas

O principal problema com relação à associação da imagem de um líder com uma igreja que tenha fundado ou exerce autoridade é a perpetuação no poder, ou seja, o coronelismo evangélico. O nepotismo religioso ocorre com mais frequência em grupos cujos líderes exercem poder absoluto sobre os membros, e cuja excessiva veiculação de imagem pode ocasionar a descaracterização cristã da denominação. A mudança na Assembleia de Deus da Penha (RJ) para Assembleia de Deus Vitória em Cristo é um claro exemplo de descaracterização. Ao associar a imagem do fundador do Ministério Vitória em Cristo, o Pr. Silas Malafaia, com a denominação da qual passou a ser o presidente, a AD da Penha perdeu parte de sua identidade e objetivo natural.


Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

Contato

ceirbrasil@yahoo.com.br
pesquisasreligiosas@gmail.com




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Adeptos da Cientologia planejam boicotar "The Master"

Quase ao mesmo tempo em que rebeldes líbios protestam contra o filme "Innocence of Muslims" ("A Inocência dos Muçulmanos"), por supostamente conter "insultos" contra Maomé, nos EUA e Canadá adeptos da Cientologia organizam um boicote ao filme "The Master". Dirigido e co-produzido por Paul Thomas Anderson, "The Master" ("O Mestre") tem como mote um intelectual carismático interpretado por Philip Seymour Hoffman, que, em 1950, organiza um pequeno grupo religioso nos EUA e alcança seu primeiro adepto e futuro braço-direito - um andarilho interpretado por Joaquim Phoenix.

Devido algumas semelhanças com o fundador da Cientologia, L. Ron Hubbard (1911 - 1986), cientologistas planejam boicotar o filme. Antes das exibições nos festivais de Veneza e Toronto, "The Master" foi exibido ao ator e também cientoligista Tom Cruise, que criticou parte do enredo. Apesar das críticas, Anderson e Hoffman negam qualquer semelhança.

Sem estreia prevista no Brasil, "The Master" será exibido nos EUA no próximo dia 12 de outubro e promete mais protestos.

Ameaças


De acordo com o jornal New York Post, o produtor e proprietário da Weinstein Company - empresa responsável pela produção de "The Master" -. Harvey Weinstein, nos últimos dias vem recebendo ameaças telefônicas e teve de reforçar a segurança para a participação numa premiére de Nova York.

Conhecidos pela maneira rígida como tratam seus "oponentes", os adeptos da Cientologia utilizam uma prática conhecida como "vale tudo", exemplificada nas palavras de R. Ron Hubbard: "os inimigos devem ser enganados, processados, fraudados ou destruídos." Nos EUA e nos demais países onde atua, a Cientologia mantem e desenvolve listas detalhadas de seus principais inimigos e críticos.


Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de religiões, seitas e heresias, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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Entrevista com João Rodrigo Weronka, do NAPEC


João Rodrigo Weronka é Bacharel em Ciências Econômicas pela PUCPR, teólogo e fundador do NAPEC (Núcleo Apologético de Pesquisa e Ensino Cristão). Atuando com pesquisas no campo de apologética cristã e religiões comparadas desde 2002, colabora com sites como Irmãos.com e a revista Apologética Cristã. Congrega na Igreja Batista Vida Nova, de São José dos Pinhais – PR, atuando no IVTN – Instituto Vida Nova de Teologia. É casado com Cristiane F. Weronka, com quem tem uma filha. Nesta entrevista, Weronka fala sobre o seu trabalho no NAPEC e assuntos ligados ao ministério.


NPR Brasil - Como você se define?

João Rodrigo Weronka - Falar sobre si sempre é difícil, mas vamos lá! Considero-me uma pessoa simples em tudo. Amo as coisas simples e um jeito simples de vida. Amo a forma simples como o Evangelho é e por isso procuro levar a vida realmente pautada nos ensinos do Senhor. Sou reservado Johnny, e isso às vezes leva as pessoas a acharem que sou mal-humorado, mas quem me conhece sabe que sou “normal” (risos). Não sou positivista-triunfalista, mas sou muito otimista! Deve ser o motivo de eu ser torcedor do Atlético-PR, o melhor time do mundo!

INPR Brasil - Quem é Jesus?

Weronka - Jesus não é um médium, um avatar, um moralista, um banqueiro, um mero profeta, um moralista simplista ou um revolucionário. Jesus é o Unigênito de Deus, o Princípio e o Fim, o Sustentador de todas as coisas, feitas dEle, por Ele e pra Ele. Jesus é Deus filho, o Verbo encarnado, cheio de graça e de verdade. Ele é o que é, e ponto final. Sem Ele nada somos. Não há palavras que possa usar para demonstrar a gratidão que tenho por tamanha salvação.

INPR Brasil - Quando começou o seu interesse por apologética?

Weronka - Ano de 2002. Ainda namorava a Cris [hoje somos casados] e ela, sabendo de minha simpatia por apologética, me presenteou com um livro sobre seitas e heresias, e desde então não parei mais. Assim como a maioria dos que se interessam pela área, comecei os estudos com muita ênfase em heresiologia, mas com o tempo passei mais para área apologética em si e dando ênfase ao estudo sistemático das Escrituras. Hoje meus estudos e pesquisas tratam não apenas de heresiologia em si, mas tenho dado ênfase em apologética geral. Continuo pesquisando e refutando movimentos heréticos que estão à margem do cristianismo, mas também combato problemas internos e me debruço muito na apologética. Trabalhos de nomes como Francis Schaeffer, John Frame, Augustus Nicodemus, John MacArtur, Norman Geisler, Michael Horton, Albert Mohler, Alister McGrath e William Craig me inspiram.

INPR Brasil - Em algum momento você pensou em desistir?

Weronka - Sim, já pensei. Mas na mesma hora o próprio fruto que a apologética gera surgiu. Uma fé bem fundamentada nos impede de voltar atrás. É por isso que sempre repito aos meus alunos: a fé é algo que vai além de meras emoções ou um estado momentâneo. A fé é convicção, e tenho plena convicção daquilo para qual o Mestre me chamou. Ele continua cumprindo Sua perfeita obra em minha vida, e por isso sou muito grato. E antes que me chamem de racionalista, o maior motivador é o próprio Espírito Santo, que nos conduz a andar na Verdade.

INPR Brasil - Até pouco tempo o ministério apologético restringia-se ao eixo São Paulo - Rio, com institutos como o ICP, CACP, AGIR, CPR e INPR. Ao criar o NAPEC, qual era o seu objetivo?

Weronka - Desenvolver uma base apologética na região de Curitiba. O projeto ainda está engatinhando. Ainda é um embrião (risos). A igreja onde congrego – através da pessoa do pastor – tem apoiado o NAPEC e isso por si só é uma grande vitória. Poucos são os que estão na nesta área e tem um real apoio da igreja onde congregam. Em segundo plano, ampliar a rede de ministérios apologéticos. Infelizmente percebemos a desunião entre os apologistas do Brasil, e isso não é nada bom. Às vezes penso que o próprio surgimento de diversas micro - instituições apologéticas é o próprio resultado da falta de interesse dos “medalhões” em abrir o caminho para uma nova geração apologética. Parece que cada um quer defender o seu, abdicando do todo. No momento a grande frente ainda tem sido o próprio site, reunindo artigos, estudos, podcasts relacionados ao tema (www.napec.net).

INPR Brasil - Você pretende se dedicar de forma integral ao ministério?

Weronka - Por enquanto não, embora todos nós tenhamos tal desejo. Sou formado em Economia e atuo na área, ocupando grande parte de meu tempo. Meu sonho é dedicar mais tempo ao ensino. Meu projeto pessoal ainda é lecionar no seminário. Mas vamos com uma coisa por vez.

INPR Brasil - Que religiões estão presentes com maior intensidade na grande Curitiba?

Weronka - Falo daquilo que conheço e vejo. É impressionante o número de salões do Reino das Testemunhas de Jeová espalhados em nossa região. O Paraná em si é uma região onde a Congregação Cristã no Brasil é muito presente e Curitiba é uma das poucas cidades no Brasil com um templo Mórmon. Há um número significativo de instituições ligadas ao espiritismo e ao esoterismo, como, por exemplo, o museu/templo AMORC/Rosacruz. Se não bastasse, somos o berço das Testemunhas de Yehoshua. Mas louvamos a Deus, pois mesmo nessa Babel existe um contingente cristão grande.

INPR Brasil - Um apologista é alguém que defende opiniões pessoais, a instituição religiosa a que pertence ou a Palavra de Deus? Por quê?

Weronka - Sem dúvida a Verdade da Palavra de Deus. Diante da maravilhosa revelação das Escrituras, opiniões pessoais e a instituição perdem o foco não havendo espaço para elas. Nossa missão é defender a fé. Quem leva a vida defendendo apenas convicções pessoais e instituições/denominações está edificado sobre a areia.

INPR Brasil - Você acredita que é possível haver unidade apologética no Brasil? Qual é o caminho?

Weronka - Acredito, pois tenho vivenciado isso. O caminho? Simplicidade, amor, generosidade e desejo de compartilhar. Deus tem colocado pessoas de diversas partes do Brasil (e até de fora) em meu caminho que são maravilhosas e pensam assim. Unidos seremos mais fortes. Isso não é lema sindical, é propósito de Reino de Deus.

INPR Brasil - Últimas considerações

Weronka - Este tempo pós-moderno, visto por muitos como um grande problema [e de fato a mente pós-moderna ultra relativista é um problema a lidar] podemos ter uma solução. A ideia espiritualista New Age busca levar o homem a voltar ao lado transcendente. Isso pode ser uma porta para levarmos aqueles que se interessam pelO espiritual ao Senhor. Espero que os cristãos possam ser mais que nominais em sua fé e se engajar na defesa da Verdade, fazendo isso mais que palavras, mas no dia-a-dia. Não de modo forçado, mecânico, religioso apenas, mas deixando-se ser usado pelo Mestre.

Aos apologistas, que abracem a vocação e se engajem na defesa da fé. São poucos os que se dispõem a esta tarefa. Minha esperança é que os apologistas mais experientes, com mais tempo na labuta, possam abrir caminho nesta trincheira para uma nova geração.

Eis nossa luta!


Johnny Bernardo
do INPR Brasil



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