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Trigueirinho e a Comunidade Figueira


Confesso que a primeira vez que tomei conhecimento de Trigueirinho e suas comunidades alternativas foi em setembro de 2004, quando de uma de nossas visitas a uma livraria em São Paulo. Havia depositado em uma mesa diversas cópias do boletim informativo Sinais de Figueira, que trazia em suas páginas inúmeros artigos e uma entrevista com Trigueirinho. Com apurada curiosidade e espírito crítico apanhamos um exemplar e nos dirigimos a uma área de leitura disponível para clientes da loja. Após analisar minuciosamente todas as páginas e verbetes do jornal, fiquei particularmente abismado com tamanha ignorância expressa em tão poucas palavras. Desde então passamos a investigar a vida de Trigueirinho e suas profecias “mirabolantes”.

Quem foi Trigueirinho

Concordo com Margaret Singer que a força de uma organização esta em seu fundador. José Hipólito Trigueirinho Netto, paulista, nascido em 1931, e autor de 76 livros e mais de 1.400 CDs gravados ao vivo, é o fundador de uma comunidade dita “Complexo de Figueira”. Segundo uma biografia divulgada pela SPEC (Sociedade para Pesquisa e Expansão da Consciência), o pouco que se sabe de Trigueirinho antes de iniciar a carreira de “escritor” e líder espiritual, é que ele foi gerente do ramo hoteleiro, radialista, dono de restaurante e cineasta. Neste último quesito, Trigueirinho ficou conhecido no Brasil e no exterior pelo documentário “Bahia de Todos os Santos” (1960), no qual retrata o quotidiano de um grupo de marginais nas ruas de Salvador.

Como parte de sua busca interior, Trigueirinho viajou por vários países, conhecendo e interagindo com inúmeros mestres e instrutores ligados a diversas tradições místicas. A experiência mais “importante” – revelaria o próprio Trigueirinho mais tarde – ocorreu quando de sua visita ao vale de ERKS, na Argentina. Vejamos o que diz um verbete publicado pelo complexo Figueira, na página oficial da organização.

“A história de Trigueirinho inclui a experiência que é chamada de transmutação ou troca de alma, experiência acenada também nas obras de H. P. Blavastsky, Rudolf Steiner e Alice A. Bailey. Por meio da transmutação, o Ser Interno de uma pessoa pode deixar seu corpo para que outro Ser Interno venha assumi-lo. Mas a história de Trigueirinho difere da maioria das trocas de alma conhecidas, uma vez que ele, depois de já ser um instrutor espiritual, contatou um membro encarnado da Hierarquia que o convidou a servir do modo como agora faz. Acompanhou Trigueirinho até o vale de ERKS, na Argentina, onde permaneceram enquanto ocorriam as mudanças necessárias. Nível após nível a natureza de Trigueirinho foi purificada e realinhada energicamente para que a nova consciência que estava transmutando em seus corpos pudesse levar adiante não só trabalhos públicos, através de palestras e encontros, mas também a manifestação de novos livros, bem diferentes dos que Trigueirinho havia escrito até então”.

Em uma outra biografia divulgada pela SPEC encontramos o seguinte relato:

“Durante o período de sua estada em solo Argentino, por ocasião de conferências naquele país, Trigueirinho estabeleceu contato com um ser que mudaria os rumos da sua vida e do seu trabalho dali por diante. Uma breve narrativa deste encontro pode ser lida em seu livro “ERKS – mundo interno”. Este ser, conhecido por Sarumah, assumia a aparência de um famoso médico de Buenos Aires de origem grega conhecido como Angel Accoglanis (morto em 1989 em circunstâncias misteriosas). Internamente, Sarumah apresentava-se como um mestre de origem extraterrestre, mensageiro da cidade intraterrena de ERKS. No mundo material, esta cidade metafísica se projetaria visivelmente em determinadas ocasiões nos arredores de Capilla Del Monte, na província de Córdoba. Sarumah/ Accoglanis costumava levar pessoas e grupos para contatos e cerimônias noturnas com as entidades ligadas a ERKS em certas áreas de Capilla. Na qualidade de representante de ERKS, e por consequência dos Seres Cósmicos que lá habitavam. Sarumah propôs a Trigueirinho assumir uma nova e desafiadora missão espiritual em sua vida. Sentindo-se autoconvocado, Trigueirinho aceitou a incumbência. Como parte de sua preparação e compromisso, Trigueirinho foi formalmente “iniciado” em cerimônia noturna conduzida por Sarumah no vale de ERKS (descrita no livro “Sinais de Contato”).

Ainda segundo a SPEC, Trigueirinho passou a divulgar uma série de informações vitais para o futuro do mundo, relacionadas com a transição planetária rumo a um novo patamar consciencial e vibratório. Estas informações constavam de uma espécie de dossiê entregue por Sarumah a Trigueirinho, com farta documentação e fotos, cujo conteúdo seria diluído por este ao longo de diversas publicações suas, em especial na trilogia “ERKS – mundo interno”, “Miz Tli Tlan-um mundo que desperta” e “Aurora-Essência Cósmica Curadora”. De posse deste novo material, Trigueirinho passou a proferir conferências no Brasil e Argentina numa linha radicalmente diferente das que havia ministrado até então. A reverenciada Fraternidade de Shamballa da primeira fase do seu ensinamento daria lugar à Fraternidade de Miz Tli Tlan de Trigueirinho da nova etapa. Novo código genético, civilizações extraterrestres e intraterrenas, abertura do consciente direito, polaridade feminina, transmutação, transmigração, passaram a ser alguns dos temas dominantes.

Comunidades Alternativas

Antes de Figueira – que veremos adiante e com mais detalhes – Trigueirinho fundou nos anos 80 a “Comunidade de Nazaré”, também conhecida como “Centro de Nazaré” ou simplesmente “Nazaré”. A Comunidade de Nazaré foi instalada no município de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, em um terreno doado por um dos adeptos. A Sociedade para Pesquisa e Expansão da Consciência afirma que para a futura estruturação da Comunidade de Nazaré, foi fundamental a viagem que Trigueirinho fez à Fundação Findhorn, na Escócia, na qual entrou em contato com o seu “bem-sucedido” modelo de organização. Ainda nessa ocasião, Trigueirinho conheceu Sara Marriott, antiga residente de Findhorn, com quem posteriormente partilharia uma parceria espiritual. A convite de Trigueirinho, Sara veio ao Brasil e passou um mês em contato com o grupo por ele coordenado.

Em 1983, Sara decidi deixar Findhorn e se mudar definitivamente para Nazaré. Após a saída de Trigueirinho para fundar uma nova comunidade, alguns integrantes de Nazaré acompanharam Trigueirinho em seu novo empreendimento, enquanto outros decidiram permanecer fiéis à proposta comunitária de Nazaré sob a orientação espiritual de Sara. Após ter a sua saúde gradualmente enfraquecida nos meses antecedentes, Sara vem a falecer aos 95 anos de idade nos Estados Unidos, em 2 de novembro de 2000. A Comunidade de Nazaré ainda existe e realiza atividades e estudos regulares, agora sob a condução de um conselho gestor.

Figueira

O texto a seguir é parte de um artigo publicado no site anjo-dourado, e que se intitula “Trajetória de um Espiritualista brasileiro”.

O Complexo Figueira surgiu após a saída de Trigueirinho de Nazaré. Localizada na área rural da cidade mineira de Carmo da Cachoeira (sul de Minas Gerais, nas proximidades de Varginha), transformou-se ao longo dos anos em um gigantesco complexo sempre em expansão. Figueira é composta por diversas fazendas relativamente próximas umas das outras, por casas e extensões ou núcleos por São Paulo e Belo Horizonte. Nestes anos todos, passaram por Figueira milhares de pessoas, prévia e “rigorosamente” selecionadas mediante questionários e entrevistas feitas por colaboradores da comunidade espalhados por diversas regiões do Brasil. A comunidade é habitada por um núcleo de dezenas de residentes fixos, e por um número variável de hóspedes que passam períodos mais ou menos determinados nas suas dependências.

Nas construções e áreas comuns da comunidade, cultiva-se uma vida de trabalho, silêncio, oração e estudos místicos, estabelecida sob um ritmo altamente regrado e nutrida por uma alimentação vegetariana estrita. As atividades comunais realizadas em Figueira, em geral se iniciam diariamente nas primeiras horas da manhã e se estendem pelo resto do dia, alternando trabalho com intervalos de repouso e com palestras regulares de Trigueirinho e demais colaboradores próximos.

Doutrinas pregadas por Trigueirinho

a) A origem da humanidade

Trigueirinho define da seguinte maneira a origem da humanidade:

“A primeira raça não esta registrada nos anais da história; originou-se da fusão de uma raça inteligente, vinda de certo planeta, com outra, rude, vinda de outro. Naquele momento estavam sendo preparados os corpos para os seres humanos que habitariam este planeta e, portanto, tal raça não era física. A segunda raça também não foi física, e por isso ninguém tem noticias dela, já que as pesquisas buscam apenas o que restou de concreto de outros tempos. A terceira raça foi a lemuriana, e a quarta, a atlante.

A chamada “raça ária”, de hoje, só poderá ser chamada realmente de “quinta raça” quando despertardes para as Sete Mônadas. Enquanto o homem não tiver esse conhecimento e as Sete Mônadas não forem consideradas despertas, os ários não poderão usar a denominação de Quinta Raça. Embora estejais na quinta sub-raça dos ários, conforme vos ensinaram no passado, sereis verdadeiramente a Quinta Raça somente quando tiverdes cumprido a tarefa que lhes cabe: quando manifestara a consciência de que sois Sete Mônadas”. [1]

b) Depravação da raça humana

Segundo Trigueirinho, os homens hoje existentes na superfície da terra em grande parte se depravaram, cedendo a forças involutivas. Ora, há um Governo Celeste Central – com seus Conselhos Intergalácticos e Conselhos Interplanetários – que se reuniu e resolveu vir em ajuda aos homens na terra, inaugurando aqui a Quinta Raça da humanidade. Tal ajuda se dará do seguinte modo:

- Serão transportados para fora da terra os homens não resgatáveis, involutivos. Partirão em naves espaciais poderosíssimas. Esses indivíduos serão levados para planetas de pouca evolução, existentes nesta galáxia ou em outras; não voltarão a pisar na terra por muitos milênios.

- Quanto aos homens resgatáveis hoje existentes na terra, serão transferidos para planetas diversos e voltarão à terra logo que esta tenha sido purificada e dotada de novas leis, que farão dela uma espécie de paraíso terrestre; voltarão com um novo código genético implantado em seu ser.

- Animais e plantas também serão evacuados: a fim de se preservarem dos fatos físicos que ocorrerão aqui no mundo de superfície”. [2]

c) A lua

A lua é uma nave-laboratório, utilizada por seres provenientes de galáxias distantes e dotadas de civilização adiantada; eles percorrem mais de 200 anos-luz de distância e fazem parada obrigatória na lua. Seus corpos sutis ou imateriais são, então, preparados para trabalhar na esfera terrestre sem apresentarem algum problema ao chegarem aqui. As naves que esses seres utilizam precisam de se adaptar à energia Ono-Zone atuante na terra, pois cada planeta tem seu código energético. A lua é uma base que serve a todo este sistema solar, e não só à terra. [3]

d) O surgimento de uma nova humanidade

Trigueirinho afirma que logo que terminar a partida dos seres involuidos ou atrasados, a terra será ocupada pelos filhos do Pastor, uma humanidade nova, que com fé aguarda o dia de descer ao nosso planeta. Esses novos homens trazem um profundo desejo de servir; estão em oração, sempre elevados a uma fonte-luz e se acham prontos para o novo ciclo. São dotados de novo código genético, libertos da lei do Karma humano e material. Existem seres superiores andróginos (com bivalência sexual). Constituem a Hierarquia. Entre eles não há matrimônio.

“Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios” (I Tm 4.1)

NOTAS

1. Quinta Raça, pág. 135, Trigueirinho

2. Ibidem, pág. 144

3. Id. Ibidem, pág. 35


Johnny Bernardo

é apologista, escritor, jornalista, colaborador da revista Apologética Cristã e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de seitas e heresias, sendo um dos seus campos de atuação a fenomenologia religiosa e religiosidade brasileira.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

Contato

pesquisasreligiosas@gmail.com
johnnypublicidade@yahoo.com.br


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O pastor João e a Igreja Invisível

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Inspirada na música de Raul Seixas "Pastor João e a Igreja Invisível" a atriz e publicitária Valéria Calado fundou, em dezembro de 2007, a Igreja Invisível. A sede da Igreja foi instalada no número 854, da Rua Tonelero, vila Ipojuca, na Lapa (SP), após a publicitária deixar o Santo Daime. De acordo com a fundadora, as religiões tradicionais tentam sempre nos transformar naquilo que realmente não somos. Seus adeptos se consideram cristãos e realizam rituais em busca de estados alternados de consciência. São poucas as informações disponíveis sobre a igreja, a não ser alguns comentários postados em blogs e o enigmático site igrejainvisivel.com.

O que é a Igreja Invisível

No site oficial da entidade é dito que a Igreja Invisível é uma organização de caráter religioso, de finalidade não econômica, apartidária, regida pela legislação vigente, e constituída por prazo indeterminado. Para alcançar sua prerrogativa, poderão ser desenvolvidas as seguintes atividades:

a) Desenvolver programas de reeducação emocional e mental;

b) Ministrar cursos, palestras e workshops voltados à saúde mental e física, a todos os seres humanos;

c) Realizar encontros comemorativos e celebrativos em datas específicas;

d) Exibir filmes, peças teatrais, exposições, performances e outros tipos de eventos artísticos relacionados e que atendam às finalidades de nossa instituição.

Segundo a revista Época, instalada quase em frente à tradicional Igreja de Santo Antonio, a Igreja Invisível não segue nenhum preceito religioso – apesar de seus membros se definirem como cristãos e negarem ser agnósticos. Mistura de centro cultural e espaço terapêutico, a entidade esta envolvida na luta antimanicomial e comanda ações sociais para portadores de doenças mentais. Uma das iniciativas sociais da Igreja Invisível, que tem uma mini produtora de audiovisual no espaço, é o Projeto Carrano, em homenagem ao escritor Austregésilo Carrano, autor do livro Cantos dos Malditos, adaptado para o cinema no filme Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodanzky.

O pastor João e a Igreja Invisível

A música que inspirou Valéria Calado ao fundar a Igreja Invisível foi composta por Raul Seixas em parceria com Marcelo Nova durante a década de 70 e tem como alvo o bispo Edir Macedo e a IURD. Com o tempo, a letra passou a ser usada para ridicularizar outros pastores e igrejas evangélicas.

Eu não sei se é o céu ou o inferno Qual dos dois você vai ter que encarar E foi pra não lhe deixar no horror Que eu vim para lhe acalmar

Se o pecado anda sempre ao seu lado E o demônio vive a lhe tentar Chegou a luz no fim do seu túnel, minha filha O meu cajado vai lhe purificar

Pois eu transformo água em vinho, Chão em céu, pau em pedra, cuspe em mel Pra mim não existe impossível Pastor João e a igreja invisível (4x)

Para os pobres e desesperados E todas as almas sem lar Vendo barato a minha nova água benta Três prestações, qualquer um pode pagar

O sucesso da minha existência Está ligado ao exercício da fé Pois se ela remove montanhas Também tráz grana e um monte de mulher.

Pois eu transformo água em vinho, Chão em céu, pau em pedra, cuspe em mel Pra mim não existe impossível Pastor João e a igreja invisível (2x)

Haa! Pastor João e a igreja invisível (3x)

A Experiência Invisível

O principal ritual praticado pelos adeptos é conhecido como "Experiência Invisível". Valéria Calado define o encontro como uma busca de estados alterados de consciência, onde cada pessoa experimenta o seu. Se no Santo Daime o centro da experiência religiosa gira em torno do chá Ayahuasca, na Igreja Invisível o alucinógeno usado é o chá de gengibre. Baseado na música o pastor João e a igreja invisível, duas figuras se destacam no ritual: um adepto travestido de Raul Seixas e outro representando o pastor João. A encenação é acompanhada pelos adeptos que usam máscaras e carregam incensários nas mãos.

O ritual é encerrado com a apresentação da banda Exu do Raul. De acordo com Dennis Brandão, segundo líder da II, "acredito que o Raul baixa em mim de verdade". Uma das músicas cantadas pela banda e composta por Raul Seixas – Gostei – demonstra quão diabólica é a II. Na letra "por que o Cristo não desceu lá do céu e o veneno tem gosto de mel?", é uma blasfêmia a pessoa de Cristo e a esperança evangélica de sua vinda. O veneno é uma referência ao pecado e a entrega aos prazeres da carne.

Johnny Bernardo

é apologista, escritor, jornalista, colaborador da revista Apologética Cristã e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de seitas e heresias, sendo um dos seus campos de atuação a fenomenologia religiosa e religiosidade brasileira.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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Apologética: A Verdadeira Defesa da Fé

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Defino Apologética como “a arte de defender a fé dentro do princípio do mandamento de preservação da Palavra de Deus das contaminações do mundo.” O termo tem origem na palavra grega apologia que significa “apresentar a razão” ou “defesa”.

Roque M. Andrade em seu livro “A superioridade da Religião Cristã” – ed. Juerp, pág. 69, afirma: “A apologética vem a ser o conjunto de noções pelas quais se pode empenhar alguém na tarefa de articular qualquer defesa racional”. E continua: “O cristianismo sempre contou com excelentes apologistas, principalmente no decurso dos primeiros séculos desde seu surgimento na história universal”.

Sim, o cristianismo resistiu às fortes perseguições doutrinárias por parte das seitas porque usou de forma correta e coerente a defesa da fé. A reforma protestante é um grande exemplo, sua base foi a apologética.

Costumo dizer para os alunos das faculdades e seminários de ensino teológico que, a base da apologética não é o conhecimento teológico, mas a exposição desse conhecimento. Não basta apenas ter o conhecimento, é preciso saber apresentar tal conhecimento.

Defender a fé é oferecer respostas fieis e seguras a todas as pessoas que buscam a Verdade. Assim escreveu Pedro:

“Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós, Tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso bom porte em Cristo” . 1ª Pe. 3.15,16.

O versículo manda estarmos prontos. Talvez, jamais encontraremos alguém que faça perguntas difíceis sobre nossa fé; mesmo assim devemos estar prontos para responder caso alguém pergunte. Estar pronto não é só uma questão de ter a informação correta á disposição, é verdade também a atitude de prontidão e vontade de compartilhar a verdade sobre o que acreditamos.

“Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos, Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo”. 1ª Pe. 3,4

Tipos de Apologética

A apologética é um campo amplo e por isso possui cinco classificações: apologética clássica, evidencial, experimental, histórica e pressuposicional. Cada classe busca a melhor maneira de fazer sua defesa da fé. Todas seguem uma linha em harmonia com sua pregação ora literária ora verbal.

A apologética sempre teve famosos cristãos desde a era primitiva, devido sua maneira de propagar a fé destruindo todo tipo de argumento contrário á Palavra de Deus, mesmo em meio as perseguições.

Apologética Clássica: A apologética clássica enfatiza argumentos a favor da existência de Deus. Vale-se do argumento teísta para estabelecer a Verdade do teísmo à parte do apelo à revelação especial. O passo inicial da apologética clássica é de chegar à conclusão lógica de que, se o Deus do teísmo existe, milagres são possíveis; na verdade o maior milagre, a criação, é possível. A credibilidade dos milagres é essencial ao próximo passo na apologética clássica.

Apologética Evidencial: A apologética evidencial enfatiza a necessidade da prova para apoiar as afirmações das verdades cristã. A evidência pode ser racional, histórica, arqueológica, e até experimental.

Apologética Experimental: É a experiência como evidência da fé cristã. Alguns apelam à experiência religiosa em geral. Outros à experiências religiosas especiais. O valor da experiência religiosa geral é de valor limitado para a apologética exclusivamente cristã. Na melhor das hipóteses, a experiência geral estabelece a credibilidade da crença em algum tipo de ser supremo (não necessariamente o Deus teísta). No entanto, as provas da experiência religiosa têm sido oferecidas por cristãos e outros. Experiências gerais estão disponível a todos.

Apologética Histórica: A apologética histórica enfatiza a evidência histórica como base para demonstração da veracidade do cristianismo. Esses apologistas acreditam que mesmo a existência de Deus pode ser provada apenas pela evidência histórica. Por um lado a apologética histórica pertence à classe mais ampla da apologética comprobatória, mas é diferente por que enfatiza a importância, até mesmo a necessidade de começar com o registro histórico.

Apologética Pressuposicional: A apologética pressuposicional afirma que é preciso defender o cristianismo a partir do alicerce de certas pressuposições. Geralmente o apologista desta escola de apologética pressupões a verdade básica do cristianismo e depois continua demonstrando que só o cristianismo é verdadeiro.

Deus lhe chamou para defender a fé!

“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo”
Isso significa que devemos confrontar questões nas nossas mentes e nos pensamentos expressos por outras que por ventura impeçam a nós e a eles de conhecer Deus. Essa é a essência da apologética.

“Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos, Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo”. 1ª Pe. 3,4

A Bíblia não precisa ser defendida! Afirmam alguns. Sim, a Bíblia é viva e eficaz (Hb. 4.12), mas como sabemos que a Bíblia e não o Alcorão (livro sagrado dos mulçumanos) ou o livro de Mórmon é a Palavra de Deus? A apologética é uma grande necessidade! É um dever de todo cristão fiel á palavra de Deus.

Deus lhe chama para defender a fé com sabedoria, mansidão e unção da Palavra. Defenda a fé e mostre ao mundo o verdadeiro caminho para a salvação. Jesus Cristo, o Senhor!


Alex Belmonte

é Mestre em Teologia, Pós-graduado em Apologética Cristã e Lato Sensu em Heresiologia. Doutorado em Clínica Pastoral atua em ministrações com especialização em História das Religiões, Apologética e Escatologia, possui os títulos Honoris Causa de Doutor em Divindade pela Faculdade Luther King de Teologia e Filosofia de Franca (SP) e Fatecom. Pós-graduando em Línguas Originais (Grego e Hebraico).

Foi membro do Departamento de Educação Cristã da Convenção Batista Nacional (CBN-ES), Coordenador da Jornada Teológica pela Fates – Faculdade Teológica do Espírito Santo (Extensão Itabatã – BA) e palestrante do ICP – Instituto Cristão de Pesquisas.








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