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Apologista Johnny Bernardo acredita que a perpetuação do poder dá origem ao fenômeno do “coronelismo evangélico”

 Marcelo Crivella, sobrinho de Edir Macedo
O nepotismo, amplamente divulgado no meio político brasileiro também está presente nas igrejas evangélicas, onde há perpetuação de poder em determinadas famílias. A afirmação é do apologista Johnny Bernardo, pesquisador do Instituto de Pesquisas Religiosas (INPR).

Segundo Bernardo, isso acontece em diversas comunidades evangélicas, particularmente naquelas onde existe o centralismo econômico e administrativo. Para ele, essa característica é encontrada predominantemente no movimento pentecostal e neopentecostal.

“Com a centralização administrativa, problemas como desvio de verbas, fraudes, nepotismo etc passam a ocorrer com maior frequência do que nas igrejas autônomas”, afirma. Ele cita ainda a disputa que ocorre há anos na Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil (CGADB). “Isso é uma das consequências do centralismo administrativo – econômico”, cita.

O caso das Assembléias de Deus é emblemático. O pastor José Wellington Bezerra da Costa está há 25 anos no poder por meio de sucessivas reeleições. Uma nova eleição está marcada para 11 de abril de 2013, onde será escolhido o representante da convenção. Além de José Wellington, o pastor Samuel Câmara, presidente da Igreja Assembléia de Deus de Belém (PA) já registrou sua candidatura para o cargo de presidente da CGADB.

O estudioso cita Edir Macedo como figura-chave na origem do neopentecostalismo no Brasil. “Sabe-se que Marcelo Crivella é sobrinho de Edir Macedo e um dos mais cotados para assumir a presidência da IURD”, diz. Ele acrescenta ainda que Romildo Ribeiro Soares, o missionário R. R. Soares, fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus (1980) é genro de Edir Macedo.

Bernardo acredita que a Igreja Pentecostal Deus é Amor seja campeã na questão de empregar parentes em cargos de direção. “A IPDA tem na família Miranda seu sustentáculo”, diz. Ele explica dizendo que mesmo após a saída, de Léia Miranda (2005) e seu então marido, Sérgio Sóra (à época um dos principais líderes da IPDA), “a família Miranda ainda ocupa os principais cargos na direção mundial da Igreja Pentecostal Deus é Amor”.

O apologista diz que o nepotismo pode ser encontrado em diversos segmentos protestantes, incluindo as igrejas históricas. “A diferença”, diz ele, “está no fato de que, ao contrário das igrejas de origem pentecostal e neopentecostal, grande parte das igrejas protestantes históricas são autônomas, ou seja, possuem autonomia na administração de seus patrimônios”.

Segundo ele, a descentralização do poder, principlamente econômico, tende a diminuir a perpetuação do poder, e consequentemente, o próprio nepotismo.

Ele analisa que a perpetuação do poder dá origem ao fenômeno do “coronelismo evangélico”. Este caracteriza-se pelo apadrinhamento, com os líderes preparando membros de sua família para os substituírem na direção da denominação. “A presidência por tempo vitalício e a composição da vice-presidência por herdeiros naturais, são duas das principais estratégias na perpetuação no poder”, diz Bernardo.

Como malefícios dessa prática estão a falta de transparência administrativa e democrática. “Dificilmente práticas ilegais, como desvio de verbas e fraudes são detectadas dessa forma”, diz. Isso, segundo o pesquisador, acarreta consequências como a igreja sendo utilizada como objeto de troca, como em campanha eleitorais, por exemplo.

Se na política a presença do nepotismo é visto como uma prática antiética, seria de alguma forma diferente em organizações religiosas?” conclui o pesquisador.




Por Jussara Teixeira






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Nepotismo: mal também atinge igrejas evangélicas?

Eliseu Moreira e Edson Netto abdicaram dos cargos
Ao mesmo tempo em que a sociedade e os meios de comunicação discutem a problemática do nepotismo na política brasileira, líderes evangélicos promovem uma espécie de “nepotismo religioso”. Um caso típico – trazido ao conhecimento público em dezembro de 2011, por um diácono da Assembleia de Deus do Rio Grande do Norte – revela a gravidade e, ao mesmo tempo, a extensão do problema em que a igreja evangélica se vê imersa. Segundo Laurivan de Souza, o então pastor presidente da AD local, Raimundo João de Santana, indicou para o cargo de segundo vice-presidente seu genro, pastor Joacy Varela. Indicado para vice-presidência, o pastor Elizeu Moreira - até então responsável pela tesouraria – indicou para ocupar o posto seu sobrinho, o também pastor Edson Moreira Netto. Feita às vésperas da eleição da nova diretoria, a denúncia feita pelo diácono de Natal tipifica a realidade de grande parte das igrejas evangélicas brasileiras. 

Embora com maior predominância no movimento pentecostal – particularmente na AD e grupos minoritários - o nepotismo também é uma ocorrência comum às igrejas neopentecostais. A diferença está no fato de que, enquanto nas pentecostais há uma diretoria organizada e conhecida – mesmo que composta por apadrinhamento -, nas igrejas neopentecostais o foco reside no fundador ou líder mundial. Nenhuma das principais representantes do neopentecostalismo no Brasil divulga abertamente seu quadro diretivo, por razões mais ou menos parecidas. No entanto, sabe-se que Marcelo Crivella é sobrinho de Edir Macedo e um dos mais cotados para assumir a presidência da IURD. Na verdade, a própria origem do neopentecostalismo no Brasil está associada ao trabalho de pessoas ligadas à família Macedo. Fundada pelo cunhado de Edir Macedo - Romildo Ribeiro Soares, o missionário R.R.Soares – a Igreja Internacional da Graça de Deus (1980) surge como alternativa ao “mercantilismo” da Igreja Universal do Reino de Deus.

Das igrejas evangélicas, no entanto, nenhuma supera a Igreja Pentecostal Deus é Amor em nepotismo. Fundada em fins da segunda onda pentecostal brasileira, a IPDA - identificada por alguns pesquisadores como pentecostalismo autônomo, ao lado de igrejas como O Brasil para Cristo e Casa da Benção – tem na família Miranda seu sustentáculo. Mesmo após a saída, em 2005, de Léia Miranda e seu então marido, Sérgio Sóra – à época um dos principais líderes da IPDA -, a família Miranda ainda ocupa os principais cargos na direção mundial da Igreja Pentecostal Deus é Amor.

Motivações

Se na política a presença do nepotismo é vista como uma prática antiética, seria de alguma forma diferente em organizações religiosas? Como explicar, por exemplo, que as duas principais vertentes da Assembleia de Deus no Brasil possuem hoje, respectivamente, pais e filhos na presidência? As motivações – nas igrejas evangélicas – seriam as mesmas do meio político? Há evidências de que sim, por motivos diversos, como perpetuação no poder, por exemplo. Logo, a presidência por tempo vitalício seria um dos pontos de apoio ao coronelismo evangélico, perpetuado pelo nepotismo.


Johnny Bernardo


é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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Universal do Reino de Deus e Pentecostal Deus é Amor: movimentos destrutivos?

As seitas do mal, segundo o pesquisador Michael Green, geralmente são fundadas por uma única pessoa que retém todo o poder na organização. Entre as principais características do líder de uma seita, segundo Green, destacam-se o carisma, o magnetismo pessoal e o entusiasmo pela causa que defende ou “produto” que vende. Dono de uma habilidade que faz com que as pessoas o sigam sem questionamentos, o líder comanda seus fieis como seus devotos. Praticamente endeusado, ele se torna o comandante supremo e a sua vontade deve ser obedecida.

Outras características destacadas por Green e demais pesquisadores de movimentos destrutivos, como Rick A. Ross, são o extremo centralismo administrativo, isolamento psicológico e social de adeptos, mentalidade preto-e-branco, uso de profecias como forma de controle e manipulação etc. Tais características e outras mais podem ser identificadas em igrejas evangélicas? Até que ponto denominações como a Universal do Reino de Deus e a Pentecostal Deus é Amor podem ser consideradas “movimentos destrutivos” e/ou que possuem elementos "destrutivos" em sua estrutura doutrinária? Há quem afirme que sim, com base em uma série de discursos e publicações das referidas instituições religiosas.

Uma das primeiras relações com movimentos destrutivos – e que não ocorre apenas na IURD e IPDA – é o extremo centralismo administrativo e o desenvolvimento de um messianismo moderno, em que as figuras de Edir Macedo e David Miranda são seguidas e respeitadas por seus adeptos. Tal sujeição faz com que, mesmo diante de denúncias e polêmicas envolvendo seus líderes máximos, os adeptos continuem a segui-los e a defendê-los. Embora com mais frequência na IURD, na IPDA temos algo semelhante. Apesar de não se enquadrar na categoria neopentecostal, a Deus é Amor é a que mais se aproxima da Igreja Universal. David Miranda, fundador e atual presidente mundial da IPDA, conduz a igreja como sua "propriedade particular", interferindo na maneira de pensar e agir de seus adeptos.

A centralização do poder nas mãos da família Miranda e o rígido controle dos membros e patrimônios da IPDA seria, pelo menos internamente, indícios de manipulação? A imposição de normas de conduta e relacionamento (a IPDA proíbe que os seguidores mantenham contato com ex-membros), às mortificações carnais (devem praticar horas seguidas de jejum e oração), e a exigência de que o dízimo seja entregue com pontualidade às filiais (sob pena de não participação na ceia) também seriam indícios de programação? Nos movimentos destrutivos, segundo Michael Green, a programação é a forma pela a qual os líderes preparam seus adeptos para que estes se dediquem fielmente aos programas e doutrinas da instituição religiosa. Na programação, a personalidade e a mentalidade dos adeptos devem ser destruídas como forma de submissão. A vida dos adeptos – e suas economias – deve ser dedicada à nova fé.

Manipulação


As pessoas que recorrem aos templos da IURD são submetidas a intensas técnicas de manipulação psicológica. Segundo uma ex-fiel da Igreja Universal (citada na matéria “Ciência dos transes”, Época, 28/4/2003), os bispos e seus auxiliares são instruídos de que maneira devem conduzir os exorcismos. “Quando a pessoa está tonta, fica mais aberta para manifestar os demônios”, diz a obreira Aparecida Santos, ex-fiel da Igreja Universal, atualmente na Igreja Internacional da Graça de Deus. Ela costuma pôr a mão na cabeça dos fieis e fazê-la rodar. Outro recurso que funciona é tocar músicas altas no teclado, com acordes bem tenebrosos. “Porque o demônio não gosta de silêncio”, explica a obreira. Aparecida aprendeu as técnicas do exorcismo na Universal, onde passou cinco anos como auxiliar de pastores”.

Realizado pela primeira vez em 28 de março de 2011, o “Jejum de Daniel” (período de 21 dias em que os fieis devem se concentrar nos discursos da igreja e se isolar do mundo, sendo proibidos de ter acesso a qualquer tipo de informação, seja por meio de jornais, sites, rádio ou televisão) é outro método utilizado pela IURD na tentativa de isolamento dos fieis. No site IURD.pt encontramos a seguinte afirmação. “O jejum, para muitos, indica apenas o abster-se da bebida e da comida, e esse é o jejum normal. Já o santo jejum não está relacionado só com isso. E o que é que o/a impede de estar em espírito? Por exemplo, ler livros ou revistas que não falem de Deus, ouvir músicas ou notícias que não falem de Deus, ou seja, que não o/a conectem a Ele e não alimentem o seu espírito. Iremos fazer um jejum que inclui não assistir televisão, não usar a Internet, não ler revistas e livros, etc. Vamos orar três vezes por dia, de manhã, à tarde e à noite, e você vai fazê-lo e vai-se santificar, fortalecer e investir no seu espírito, para que seja cheia d’Ele”.

Restringir o acesso à informação é uma prática comum nos movimentos destrutivos, sendo usada como parte da programação do novo adepto. Além das restrições impostas durante o “Jejum de Daniel”, há informações de que os membros da IURD são orientados a assistirem apenas a Rede Record de televisão, de propriedade da Igreja. As críticas a Igreja Mundial do Poder de Deus e a produção de uma reportagem sobre os 35 anos de história da Igreja Universal, veiculadas em órgãos de comunicação ligados à IURD, também são vistas como mecanismos de manipulação e domínio do mercado religioso. Na IPDA, a televisão é tida como a “imagem da besta”, e tema proibido entre os membros. Apenas recentemente a Internet foi liberada para a membrasia, embora com certas restrições. Apesar da liberação, em recente discurso na sede mundial, David Miranda se referiu as redes sociais Twitter e Facebook como “ferramentas do diabo".

Profecias
 

Em artigos e livros publicados por Edir Macedo e bispos da IURD, a presença de profecias bíblicas referentes ao fim do mundo são temas recorrentes. Além de uma série e agora volume único, o livro Estudo do Apocalipse, de Edir Macedo, explora ao máximo a temática. Em seu blog, o fundador da IURD também publica, com certa frequência, temas ligados ao Apocalipse. Em recente artigo publicado na Arca Universal (site ligado à IURD), é dito que a atual geração poderá presenciar o fim do mundo.Na IPDA, apesar de poucas referências ao fim do mundo, há uma forte ênfase na “condenação eterna”.

O uso de temas apocalípticos é algo comum aos movimentos destrutivos, como na Família Internacional, o Ramo Davidiano, o Templo dos Povos, e, mais recentemente, no Ministério Internacional Creciendo en Gracia. Por meio de tais profecias e referências, os líderes dos movimentos destrutivos mantêm os adeptos sob controle, temerosos das possíveis consequências do afastamento de sua fé.

Extensão

Outras denominações evangélicas – particularmente as pentecostais – também podem ser enquadradas na identificação proposta por Green? É uma questão controversa, porém de fácil compreensão e análise. À medida que líderes evangélicos impõem restrições abusivas aos membros, exploração de temas apocalípticos com finalidade de impor medo aos ouvintes, uso de técnicas de manipulação psicológica etc. podem desencadear num movimento destrutivo, com desdobramentos irremediáveis.


Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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É a Igreja Universal do Reino de Deus é uma seita?

Embora não possa ser considerada uma seita, no sentido pejorativo da palavra, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) aparece na lista das chamadas "igrejas menos puras". Usada pela primeira vez pela Comissão de Doutrina da Igreja Presbiteriana do Brasil, a nomenclatura se deve a existência de elementos estranhos na liturgia da IURD, como semelhanças com o Catolicismo e o Baixo Espiritismo. A IURD é, para a maioria dos pesquisadores da religião, um movimento contraditório cuja prática doutrinária é um prejuízo ao Cristianismo.

Fundada em 9 de julho de 1977, por Edir Macedo, a IURD professa doutrinas e crenças provenientes dos mais variados segmentos religiosos - é o que conhecemos por sincretismo religioso, ou seja, uma mistura de ideias e pensamentos. Além de algumas semelhanças com o pentecostalismo, a IURD possui as seguintes caracteristicas doutrinárias:

a) Teologia da Prosperidade. Um dos aspectos fundamentais da teologia da IURD é a dita "Teologia da Prosperidade". Assim como o movimento Neopentecostal, a Teologia da Prosperidade é de origem norteamericana. O movimento surgiu de forma gradual por meio de Essek Willian Kenyon (1867-1948). Kenyon, aproveitando-se dos conceitos de Mary B. Eddy (fundadora da Ciência Cristã), empenhou-se em pregar a salvação e a cura em Jesus Cristo. Dava ênfase aos textos que falam de saúde e prosperidade, além de aplicar a técnica do poder do pensamento positivo. A Teologia da Prosperidade afirma que o crente não pode adoecer, passar por privações, dificuldades financeiras ou outros tipos de adversidades. A presença dessas situações na vida de um cristão é um sinal de que ele fracassou na fé ou carrega consigo algum tipo de pecado.

b) Dízimos e ofertas. O dinheiro, na teologia da IURD, ganha quase que um status sacramental. Segundo Macedo, o Espírito Santo nos faz compreender que o dinheiro, na sua obra, é sangue da Igreja do Senhor Jesus Cristo, pois que Ele, através de um meio qualquer de divulgação, faz com que pessoas recebam a vida eterna dentro de um hospital, lar, presídio etc. Ainda segundo Macedo, o dízimo é a chave pelo o qual os cristãos podem ter acesso aos tesouros da graça e o poder divino. "Quando pagamos o dízimo a Deus, Ele fica na obrigação (porque prometeu) de cumprir a sua palavra, repreendendo os espíritos devoradores que desgraçam a vida do ser humano, atuando nas doenças, acidentes, vícios, degradação social, e em todos os setores da atividade humana, os quais fazem o homem sofrer. Quando somos fieis nos dízimos, além de nos vermos livres destes sofrimentos, passamos a gozar de toda a plenitude da Terra, tendo Deus ao nosso lado, nos abençoando em todas as áreas", afima Macedo.

c) Pontos de Contato. Segundo Macedo, pontos de contato são elementos usados para despertar a fé das pessoas, de modo que elas tenham acesso a uma resposta de Deus para seus anseios. Muitas pessoas têm dificuldade para colocar sua fé em prática, por isso precisam de pontos de contato (Doutrinas da Igreja, pág.101). Os pontos de contato incluem, além do uso de objetos mágicos, o uso de elementos da superstição popular brasileira. "Muitas pessoas dizem que a angústia e brigas são coisas da época em que vivemos. Isso é falso. São coisas resultantes da presença de demônios. Participe da campanha da arruda contra os maus espíritos na última sexta-feira do mês. Temos a oração de descarrego com arruda, uma oração forte, muito forte. Venha receber o pão da cura, o pão da bênção, o pão do Espírito. Venha à Igreja Universal receber uma fita para colocar em seu braço. Você que hoje está com uma fita vermelha venha na próxima semana receber uma fita azul, em que está escrito: Persegui meus adversários e os venci. Venha, pois no domingo você vai receber a fita azul, da cor do céu. Largue a fita do Bonfim, dos santinhos, e venha receber a nossa fita azul". (Folha Universal, 2002, pág. 27)

d) Maldição Hereditária. Como parte de sua teologia, a IURD ensina o que ficou conhecido como "Maldição Hereditária", ou seja, a ideia que existem espíritos familiares que acompanham as gerações de uma família, causando-lhe os mesmos males. Macedo afirma: "Existe um espírito que só atua na destruição do lar. É o chamado espírito familiar. Você pode verificar isso a partir das etapas que o casal enfrenta na vida. Esse espírito normalmente vem dos pais. Se eles são divorciados, o mesmo espírito que destruiu o lar dos pais vai tentar destruir o lar dos filhos, dos netos, dos bisnetos. Isso é uma herança maldita (...) O espírito familiar passa de pai para filho por todas as gerações, até que a pessoa tenha um encontro com Jesus. Aí, corta-se a maldição!". 

 

Johnny Bernardo

 
é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de religiões, seitas e heresias, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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O que é Yoga?


Vishal Mangalwadi, cidadão hindu e filósofo por natureza, tem, por um longo período, desenvolvido um ministério muito frutífero entre os hindus. Ao passo que o ocidente volta-se progressivamente para o hinduísmo e para os gurus da “nova era”, precisamos estar preparados para contra-atacar esse falso evangelho.

De acordo com o ensino hinduísta, o problema básico do homem não é de ordem moral e sim metafísica. Esse problema não consiste no fato do homem ser culpado de haver infringido a lei moral de Deus, mas sim no fato dele, por alguma maneira, haver se esquecido de sua natureza verdadeira e estar experimentando ser outro alguém que não ele próprio. O homem não é pecador, ele é apenas alguém que ignora o seu verdadeiro eu. O problema dele está na consciência. A salvação do homem consiste em alcançar aquele estado original de consciência que ele perdeu. A verdadeira natureza ou consciência original do homem é definida de maneiras diferentes por gurus monísticos e não-monísticos. Os gurus monísticos acreditam que Deus, o homem, e o universo constituem enfim uma unidade e ensinam que o homem é uma Consciência Infinita, ou seja, o homem é Deus, mas de algum modo, este se enredou numa consciência finita, pessoal e racional. Enquanto ele permanecer nesse estado ele nascerá sucessivamente nesse mundo de sofrimentos. Salvação consiste em transcender a consciência finita e pessoal e imergir na (ou experimentar tornar-se a Consciência Infinita Pessoal, saindo assim, do ciclo de nascimentos e mortes.

Salvação é uma questão de percepção ou realização. O homem já constituiu uma unidade com Deus e só tem que perceber ou realizar esse fato. Nesse contexto, “perceber” não é uma atividade cognitiva. Não está em pauta a questão do individuo saber intelectualmente ou deduzir logicamente que ele é Deus, mas sim de transcender essa consciência racional cognitiva e experimentar um estado “mais elevado” do desenvolvimento da consciência, que se acredita ser Deus e nosso verdadeiro eu.


Os gurus, bem como os movimentos não-monísticos (o movimento Hare Krishna) não acreditam que o homem seja Deus nem que jamais venha ser. Segundo a seita Hare Krishna, Deus é um Ser pessoal – Krishna. O estado original do homem é o de Consciência Krishna e sua natureza verdadeira é ser um servo amável de Krishna. Mas o homem se esqueceu disso e se envolveu nesse mundo material. Ele tem que restabelecer seu vínculo com Krishna e adquirir Consciência de Krishna. Somente assim o homem sairá do ciclo de nascimentos e mortes e viverá para sempre com Krishna na Goloka ou céu. [1]

Portanto, salvação no hinduísmo consiste em realização, percepção ou experiência do que os hinduístas chamam de natureza verdadeira do individuo. Essa realização ocorre quando o individuo consegue alterar sua consciência e atingir, segundo eles, um estado “mais elevado” de consciência. Mas como é que se pode alterar a consciência? Através da manipulação de nosso sistema nervoso.

Há milhares de anos, numerosas técnicas foram desenvolvidas para se manipular o sistema nervoso do individuo com a finalidade de alterar-lhe a consciência. Essas técnicas são geralmente chamadas de Yoga. Nsta palestra discutiremos apenas algumas das técnicas que os gurus modernos tem popularizado. [2]

CINCO CAMINHOS PARA A SALVAÇÃO NO GURUÍSMO CONTEMPORÂNEO

HATHA YOGA:
Salvação por meio de exercício físico

A Hatha Yoga, que consiste de exercícios físico e de respiração, é um método muito antigo. A crença de que o individuo pode alcançar “salvação” por meio de exercícios físicos baseia-se no fato de acreditar-se que a salvação é um problema de percepção, e que percepção depende do sistema nervoso do individuo, o qual, por sua vez, depende da condição física dele. O sistema nervoso pode ser afetado e a consciência alterada pela manipulação fisiológica do corpo do individuo.

O problema com a Hatha Yoga é que a mesma consiste de um processo longo e tedioso que requerem muita disciplina e um professor competente. Indaga-se muitas vezes se um crente pode praticar a Hatha Yoga.

Muitos crentes não acham errado praticá-la, pois a mesma é freqüentemente divulgada como despida de natureza religiosa e vendida por seus valores terapêuticos. Contudo, quando uma pessoa experimenta a alteração da consciência e tem uma “visão de possibilidades” (Mahesh Iogi), ela se torna aberta para a filosofia hinduísta na qual a Hatha Yoga se baseia. Pode haver alguns professores de Hatha Yoga completamente desinteressados em divulgar as bases filosóficas dessa pratica, os quais a ensinam somente para ganhar dinheiro e promover a saúde. Não me sinto qualificado para falar sobre os benefícios terapêuticos da Hatha Yoga, mas me parece que se uma pessoa estiver praticando certos exercícios desenvolvidos na Índia por razões de saúde, ela não deveria dizer que está praticando Yoga, pois os exercícios físicos só se tornam Yoga quando praticados para alterar a consciência, ou causar uma fusão do individuo com Deus. O próprio significado do vocábulo Yoga é “união da alma com “Deus”. [3]

Pode-se indagar, “Que mal há em alterar-se artificialmente a consciência?” Não acho que existe algum mal no estado alterado da consciência por si só. Loucura, sonambolismo e alucinação, apesar de indesejáveis, representam estados alterados da consciência que não são males morais. Contudo, do ponto de vista bíblico, é certamente pecado considerar que a própria consciência alterada seja Deus. E atribuir importância espiritual a exercícios físicos é tornar-se vitima do engano de Satanás.

Há séculos que na Índia o uso de alucinógenos tem sido um método aceitável de alteração da consciência. Mas muitos gurus modernos têm desencorajado o uso dessas drogas por produzirem resultados imprevisíveis, causarem dependência e serem prejudiciais.

JAPA YOGA: “O Caminho Mecânico” para a salvação

Japa é a repetição ou cântico de uma mantra, (geralmente um nome para Deus ou espírito maligno). O movimento Hare Krishna canta os nomes de Krishna e Rama:

Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna, Krishna, Hare Hare, Hare Rama, Hare Rama, Rama. Rama, Hare, Hare.

Os gurus monísticos preferem usar um nome simbólico de Deus, como “Om”, ou uma mantra cujo significado o mediador desconheça, para que o nome ou mantra não venha a criar, por associação, quaisquer pensamentos ou imagens na mente.

A repetição constante de sons elimina todos os outros estímulos, concentrando assim a mente e tornando-a eventualmente em um não-estimulo. Isso induz a um estado em que a mente não é consciente de qualquer coisa ou pensamento, mas somente da própria consciência. A esse estado chama-se Consciência Pura ou Consciência Transcendental. [4]

Para que essa técnica seja eficaz na “realização divina”, o individuo tem que pratica-la cerca de 3 a 4 horas por dia.

Mahrishi Mahesh Yogi, o divulgador da Meditação Transcendental ser uma pratica confidencial, muitos crentes consideram-na uma coisa misteriosa. Realmente a iniciação consistem em um ato muito simples: Ao interessado em ser iniciado pede-se que traga flores, doces, um lenço branco, cânfora e outras coisas alem de uma considerável soma em dinheiro correspondente a uma taxa para a cerimônia “puja”. Durante a cerimônia o professor adora a foto do guru de Maharishi Mahesh Yogi e também pede que o iniciante se curve diante da foto. O professor invoca as bênçãos de vários deuses e deusas e em seguida dá a mantra ao iniciante. Geralmente a mantra é uma palavra curta, o nome de alguma deidade como Ram, Om, Hrim, Sring, Aing. Pede-se ao discípulo que se sente confortavelmente, feche os olhos e repita silenciosamente o mantra, como por exemplo, da seguinte forma: “Ram…Ram…Ram…” por 20 minutos. Informa-se o iniciante de que primeiro se esquecerá do resto do mundo e ficará consciente apenas da mantra. Em seguida ele se esquecerá também da mantra, transcenderá todos os pensamentos e sentimentos e se tornará consciente apenas da consciência. Esse é o estado Transcendental da Consciência.

Depois de algum tempo, o meditador alcança um estado mais elevado de consciência, chamado Consciência Cósmica, em que ele tem consciência tanto do mundo como da Consciência Pura. Então, depois de muitos anos de meditação, o individuo pode atingir a Consciência de Deus, com a qual vem a perceber os níveis mais sutis do mundo objetivo, que se lhe apresenta como pessoal. Nesse estado diz-se que o individuo pode até mesmo se comunicar com pássaros, animais, plantas e pedras. Seguindo esse estado vem o estado final de Unidade de Consciência, em que o individuo percebe a unidade dele mesmo com o universo. Nisso consiste a liberação.

Mahesh Yogi chama esse método de “Método Mecânico para a Concretização de Deus”. Ele diz que é possível concretizar Deus de uma maneira mecânica, pois a concretização de Deus é uma questão de percepção e o “processo de percepção é ambos mecânico e automático”. Para percebermos os objetos externos basta “abrirmos nossos olhos e a visão do objeto vem automaticamente sem o uso do intelecto ou das emoções”. Semelhantemente, para percebermos a consciência interior temos que direcionar nossa atenção para dentro e automaticamente chegamos a percebe-la.

Quer seja interior ou exterior, a percepção é automática e mecânica”, escreve Maharishi. A percepção na direção exterior é o resultado de um aumento progressivo da atividade do sistema nervoso. E a percepção na direção interior é o resultado de diminuição de atividade… até que todo o sistema nervoso atinja um estado de calma, um estado tranqüilo de vigilância. Isso concretiza o seguinte preceito: “Fique tranqüilo e saiba que eu sou Deus. [5]

SURAT-SHABD YOGA: O Caminho do Som e da Luz

“Deus é Luz”, afirmam muitos gurus, e acrescentam que essa luz está dentro de nós. “No princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus” declaram muitas seitas, acrescentando ainda que esse verbo está dentro de nós. Quando a alma estabelece contato com esse verbo, o verbo a leva de volta para Deus, onde é o lugar original dela.

A Missão da Luz Divina e a Radha Saomi Satsang (Beas), tem sido as principais organizações responsáveis pela popularizacao da Surat-Shabd Yoga no Ocidente. Surat significa alma e Shabd significa verbo, palavra ou som; assim, Surat-Shabd Yoga é a união da alma e do verbo. [6] [7]

As seitas que ensinam esse método tentam manter suas técnicas em sigilo absoluto. As técnicas recebem vários nomes, tais como: Nam (nome) e Updesh (conhecimento), etc. Os vários nomes são atribuídos às técnicas com o intuito de propositalmente enganar não-iniciantes. “nome” e “conhecimento” realmente referem-se a técnicas de manipulação fisiológica dos sentidos e de meditação associada à respiração do indivíduo.

Ao contrario da Meditação Transcendental, as seitas que ensinam o método do som e da luz não iniciam todos que manifestam o desejo de serem iniciados. Não existe um critério definido para julgar se a pessoa está apta ou não para a iniciação: isso depende dos sentimentos arbitrários do iniciador. Algumas seitas estipulam também outros requisitos como: abstinência de bebidas alcoólicas, drogas, alimentações não vegetarianas, etc.

Depois de escolhido para a iniciação, o individuo é conduzido a uma sala fechada onde o iniciador explica a importância do “conhecimento”; do Satsang (o verdadeiro Mestre). O iniciante em perspectiva faz dois votos: um de sigilo e outro de seguir somente a seu próprio guru. Em seguida ele curva-se, ajoelha-se, ou prostra-se diante do guru ou da fotografia deste, e o adora. Depois disso o iniciador ensina-lhe as técnicas de meditação.

As outras seitas que ensinam salvação por meio desse método descrevem suas experiências de modo diferente. Segundo algumas seitas, a Radha Soami Satsang por exemplo, durante a meditação o “terceiro olho” abre-se e a alma sai do corpo através desse olho juntamente com o fluxo do som (Logos ou Verbo), e viaja para o céu. Ao longo do caminho ela passa por muitas experiências maravilhosas e finalmente funde-se em Deus.

KUNDALINI YOGA: Salvação pelo “Poder da Serpente”

A psicologia hindu ensina que no corpo humano, três centímetros acima do reto e três centímetros abaixo dos órgãos genitais, na ponta da espinha está um triangulo no qual localiza-se a Kundalini Shakti, ou o “Poder da Serpente”. O que realmente é a Kundalini ninguém sabe, mas acredita-se que a mesma seja nas cores vermelha e branca. Ela é também descrita como “espiral do poder” ou “energia sexual criativa”. Normalmente ensina-se que a Kundalini permanece encaracolada e dormente, mas quando acorda ela levanta-se e começa a se dirigir para a parte superior do corpo. Nesse trajeto da ponta da espinha à parte superior da cabeça ela passa por 6 centros psíquicos chamados chakras. Cada vez que ela passa por um chakra ela proporciona vários poderes e experiências psíquicas ao individuo. Quando finalmente ela alcança a chakra superior, chamada sahasrara chakra, presume-se que o individuo pode alcançar a libertação e o poder de realizar milagres.

Muitos meios são usados para despertar a Kundalini, os quais variam de exercícios de respiração, como Pranayam, ao manuseio homossexual dos órgãos genitais. O guru mais influente da última década que pregava a Kundalini Yoga era Swami Muktananda de Ganeshpuri, perto de Bombay. Ele descreveu a Kundalini Yoga como “Yoga Maha” (Yoga Magna) ou “Siddha Yoga” (Yoga Perfeita), pois, segundo ele, esta é a única Yoga em que o praticante não tem que fazer nada. Ele somente entrega-se ao guru e a graça deste faz tudo para ele.

TANTRA: Salvação pelo Sexo

Tantra é um sistema freqüentemente considerado como o oposto da Yoga, mas ambos os sistemas visam o mesmo objetivo.

O Tantra é o oposto da Hatha Yoga, pois esta ultima é um método que consiste de muita disciplina e esforço, enquanto o Tantra é, em parte, um sistema de técnicas de prolongar o orgasmo para se experimentar “Deus” ou a “Unidade de Consciência”.

Paulo escreve que quando os homens mudam a verdade de Deus em mentiram e adoram a criatura em lugar do Criador, Deus os entrega a uma disposição mental reprovável, ou à “concupiscência de seus próprios corpos entre si” (Rm 1:24). Essa disposição mental reprovável juntamente com as paixões, conduz tais homens a imundícias e tolices inacreditavelmente profundas.

NOTAS

[1]
Outros dualistas ou monistas qualificados explicam o problema do homem e a salvação de modo diferente, mas em quase toas as seitas o problema é metafísico, e a solução é em termos de realização.

[2] Para muitos ocidentais o vocábulo Yoga tem se tornado sinônimo de exercícios físicos de Hatha Yoga. Yoga física é somente uma forma de Yoga. Yoga significa união: a união da alma com Deus ou a fusão da consciência finita com a infinita.

[3] Originalmente a Yoga estava associada à filosofia dualista chamada de Sankhya. Seu objetivo original era a separação de Purush (alma) e Prakriti (natureza). Mas desde então a Yoga tem sido aceita pelas escolas monísticas e seu objetivo tem sido definido como união, e não separação.

[4] A Japa Yoga é também chamada Mantra Yoga. Algumas formas de Japa Yoga se assemelham ao principio de Raya Yoga ou Pantajali Yoga. A Raja Yoga consiste de oito passos. Os cinco primeiros são externos e preparatórios. Os últimos três são internos: concentração, meditação, e experiência de alteração de consciência. O indivíduo deve se concentrar e meditar numa fotografia, ídolo, nome ou pensamento. Essa concentração focalizada pode eventualmente proporcionar uma experiência ou sensação de vazio, a qual, presume-se, é a experiência da Consciência Pura ou Deus.

[5] The Science of Being and Art of Living (New York: New American Library, 1968), p. 291.

[6] A Missão da Luz Divina foi dividida em 2 grupos: um é liderado por Bal Yogeshwar (popularmente conhecido como Guru Maharaj Ji), e o outro liderado por seu irmão mais velho, Bal Bhagwan.

[7] Radha Soami Satsang iniciou o trabalho em Agra (Norte da Índia, em meados do século passado. Recentemente houve uma ruptura e a formação de um grupo às margens do rio Beas no Punjab (Oeste da Índia). Atualmente esse último é mais influente.


por Joaquim de Andrade

do NAPEC para o INPR Brasil





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Nos embalos do céu

Em uma das várias comunidades alternativas de Alto Paraíso (GO), um ritual um tanto quanto inusitado chama a atenção – um grupo de adeptos liderados pelo “pastor” Veet Prayas (32), e o “profeta” Gauthama (29), se reúnem semanalmente para adorar seres do espaço sideral (os famosos “ETs”) ao som de música eletrônica. Com encontros que variam entre 10 e 3 mil pessoas, a Igreja do Trance Divino foi fundada em 2005 e em apenas um ano afirma ter conquistado quase mil adeptos ao redor do Brasil – o número atual de seguidores não é revelado. Há uma filial em Campinas (SP), dirigida pelo "pastor" Gustavo Lima Caio, conhecido como DJ Guga. Inusitada, a Igreja do Trance Divino teve passagem pelo programa do Jô Soares e divulga seus encontros (“trances”) em redes sociais, como no Facebook.

A Igreja do Trance Divino surgiu de uma brincadeira, explica o fundador. Na "Radioativa", de Alto Paraíso, Goiás, o radialista Cacau Gonzaga decidiu falar de sua experiência espiritual com o trance. “Comecei com uma história que o trance é uma divindade, que todos deveriam se reverenciar quando ouvissem, meio que na zoeira, enquanto virava entre uma música e outra. Um dia ao ver o então Papa João Paulo II acenando na janela, percebi que ele dizia que Jujú iria voltar e que nós deveríamos nos unir à espera dele. Decidi neste momento fundar a Igreja do Trance Divino por entender que Jujú na verdade é Jah", revela Gonzaga. 

Particularidades

A ITD não é uma igreja no sentido literal da palavra, embora possua local de reunião, líderes espirituais, credo doutrinário mais ou menos formulado, coleta de ofertas etc. Seus rituais e crenças giram em torno de ufologia, esoterismo, religiões orientais etc. Esperam o retorno de Jujú - Jesus, segundo os adeptos -, e são orientados a buscarem a elevação espiritual por meio da dança de música trance (eletrônica). Apesar das particularidades, há quem suspeite de que tudo não passa de uma brincadeira, mesmo – e das boas. Não é o que pensam alguns adeptos, como a goiana Lane Paranhos. Nomeada bispa da ITD, Paranhos conta um pouco de sua experiência com o Trance.

“Frequento a cena desde 2000 quando morei na Europa. Já experimentei todos os lados. De Dj anônima que luta pelo reconhecimento das pessoas, como a “frita” que pula durante dias seguidos nos festivais. Durante anos vi muitos jovens se drogando, fazendo de tudo para conseguir tocar em uma festa, chegando até a se humilhar para alguns organizadores. Já toquei em grandes festivais, já fui aplaudida, como também já fui passada pra trás. Na cena psy ou você é um bom político ou você é um bom artista”, afirma Lane.

Ainda segundo a Dj – citada em uma matéria de Giselli Souza, e disponível no site da ITD -, “é sempre bom ser exemplo para as pessoas que buscam uma evolução espiritual. A galera que me conheceu em outras épocas fica bem surpresa com a minha nova maneira de viver. Com a Igreja, pretendo semear isso em toda cena.” Assim como Lane, outros adeptos acreditam fazerem parte (de fato) de uma organização com objetivos espirituais, como mostra o vídeo a seguir.



Similaridade

O uso da música eletrônica nos encontros da ITD, apesar de estranho ao cristianismo tradicional, recentemente vem atraindo novas igrejas evangélicas e até mesmo grupos católicos, como mostra a quarta e última reportagem da série “Fé sob medida”, do SBT. Na reportagem, o repórter Sérgio Utsch apresenta a Cristoteca – um espaço criado em São Paulo por padres onde, ao invés de missa, jovens católicos dançam ao som de música eletrônica. Em Estocolmo, Suécia, uma igreja luterana também chamou a atenção da mídia ao promover seu primeiro culto techno. Segundo os organizadores, “esta foi apenas uma tentativa bem sucedida de fazer religião e tornar a igreja interessante para jovens”.


Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de religiões, seitas e heresias, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.


Contato

ceirbrasil@yahoo.com.br
pesquisasreligiosas@gmail.com




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É evangélica a Igreja Sinos de Belém?

A Igreja Sinos de Belém é uma das poucas igrejas cuja história não é plenamente conhecida. Seita? Movimento Contraditório? Igreja Evangélica? São perguntas cujas respostas podem variar de acordo com o ponto de vista de cada leitor ou estudioso da religião. O uso do véu, a batina, a quipá (pequeno chapéu em forma de circunferência), o celibato etc., são aspectos que chamam atenção e que despertam a curiosidade sobre que tipo de igreja é o Sinos de Belém. Há quem acuse o SBMP (Sinos de Belém Missão das Primícias) de ser um meio caminho entre o catolicismo e a Congregação Cristã no Brasil.

Fundada em 1/6/1971, no bairro do Cambuci (SP), pelo missionário Josias J. Souza, o SBMP possui 200 templos espalhados por dez estados da Federação – o número de adeptos não é revelado. No interior de SP funciona, em uma área de 30 alqueires, o “Monte Santo”- uma espécie de local sagrado do SBMP que conta com uma igreja, trilhas e até mesmo um poço chamado pelos adeptos de “Tanque de Betesda” onde são realizados batismos. Em um vídeo promocional, o baiano Josias J. Souza compara o “Monte Santo” ao solo sagrado dos messiânicos (referência ao Solo Sagrado de Guarapiranga, protótipo do paraíso terrestre idealizado pelo fundador da Igreja Messiânica Mundial, Mokiti Okada).

Apesar da desconfiança de alguns pesquisadores, o SBMP se diz uma igreja evangélica, que possui um credo e uma liturgia semelhante às demais igrejas evangélicas – com exceção, talvez, da doutrina das primícias e da mistura de costumes, que envolve elementos do Catolicismo, Judaísmo e da Congregação Cristã no Brasil. No site oficial, a SBMP relaciona a falta de conhecimento do ministério como uma das causas da perseguição movida contra a doutrina das primícias.

“Pela falta de conhecimento ao nosso respeito, sofremos ao longo dos anos, algumas perseguições causadas por uma interpretação errada sobre a forma que conduzimos a obra de Deus. Embora o nosso dogma nos distinga de seitas, o fato de obtermos uma congregação de celibatários, carinhosamente classificados como “PRIMÍCIAS”, trás a discordância de alguns que têm o casamento como um mandamento imperativo em suas igrejas e, desprovidos de fé, não aceitam ou não creem ser possível ao homem abster- se de relacionamento conjugal.”

A doutrina das primícias compreende uma defesa do celibato como parte da vivência cristã. A Igreja Sinos de Belém se diz possuidora do “verdadeiro celibato” – em uma oposição ao Catolicismo Romano, que desde 1074 proíbe o casamento aos sacerdotes. Apesar de sua defesa do celibato, nem todos os membros do ministério do SBMP são celibatários. A missão é restrita a uns poucos membros, como mensageiros, reverendas e evangelistas. Aos demais integrantes do ministério é dada a opção de se casar, como cooperadores, diáconos, presbíteros e pastores.

As primícias, da qual participam homens e mulheres, atuam como um grupo paralelo no SBMP. A vestimenta é caracterizada por um avental branco (no caso dos homens) e um avental branco acompanhado de um véu também branco (no caso das mulheres). Nos cultos, atuam na ministração de louvores, pregação e oração pelos membros.

Apesar do SBMP se dizer uma igreja evangélica e possuir um credo doutrinário compatível com a ortodoxia cristã, como a crença na divindade de Cristo e o arrebatamento da Igreja, a ênfase dada ao celibato, o sincretismo de costumes e o uso de uma liturgia extravagante e por vezes estranha ao praticado pelas igrejas evangélicas tradicionais, gera suspeita e coloca os pesquisadores em alerta sobre que tipo de igreja é o SBMP e os rumos que ela poderá tomar nos próximos anos.


Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de religiões, seitas e heresias, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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