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Crise atinge nova igreja em São Paulo

A Igreja Apostólica Santa Vó Rosa é a mais nova igreja “evangélica” a ser alvo de denúncias do Ministério Público de São Paulo, que há pelo menos dois anos segue os passos de seu primaz, o Bispo Aldo Bertoni que enfrenta acusações de abuso sexual de seguidoras e enriquecimento ilícito. Outras igrejas, como a Congregação Cristã no Brasil e Sinos de Belém também já frequentaram os meios de comunicação com denúncias semelhantes.

Fundada em 1954 por Eurico Mattos Coutinho, Odete Corrêa Coutinho e Vó Rosa, a Igreja Apostólica possui 25 mil seguidores espalhados por duzentos templos pelo Brasil. Com sede no Tatuapé, zona leste de São Paulo, a IA tem na figura da Santa Vó Rosa sua principal fonte de inspiração e adoração. Ela se referia a si mesma como “O Consolador” prometido por Jesus em João 14. 26, como consta no livro “O Consolador nos Fins dos Tempos”, pág. 104. Em outro livro, “O Espírito Santo de Deus e o Consolador”, pág. 129, encontramos a seguinte declaração sobre a autoridade da Vó Rosa.

“Todo o conhecimento da doutrina e a organização da igreja, Jesus nos deu através da Santa Vó Rosa, pois durante dezesseis anos foi Ela constantemente arrebatada ao Céu em espírito, a fim de aprender o que era necessário e útil para o preparo da Igreja. Assim, através dEla tomamos conhecimento da vontade do Pai quanto à organização da Igreja e grande parte da doutrina.”



Em 1976, então com 76 anos, Vó Rosa veio a falecer vítima de um acidente de trânsito. Ainda em vida, indicou seu sobrinho Aldo Bertoni como seu substituto a quem lhe deu toda autoridade para agir em seu nome. Ao assumir a presidência, Bertoni tornou-se a autoridade máxima e indiscutível da IA, a quem não se pode questionar ou inquirir.

“Esclarecemos que a Santa Vó Rosa não fala por intermédio de mais ninguém a não ser pelo seu sucessor, e não se manifesta em qualquer corpo, mas usa somente a quem preparou. Igualmente dizemos que esta igreja não é dirigida através de visões de quem quer que seja, a não ser pelas concedidas por Ela ao seu representante.” (O Espírito Santo de Deus e o Consolador, pág. 130).

Há pelo menos 35 anos Aldo Bertoni comanda a Igreja Apostólica com mãos de ferro subjugando seus membros a um fanatismo que beira quase ao escravismo, despertando os mais diversos sentimentos, desde amor até o mais puro ódio e aversão. Entre os que se opõem ao seu trabalho, estão mulheres que afirmam terem sido “vítimas” de abuso sexual praticados por Bertoni em sua casa ou escritório. Em recente reportagem sobre o assunto, o Domingo Espetacular (Rede Record) revela que Bertoni oferecia cura de doenças em troca de sexo, e cita alguns casos.

“Uma delas, que preferiu não se identificar, disse que foi falar com ele, para “pedir a oração, pedir ajuda pra ele, pra pedir pelo meu marido, aí ele falou que não”.

- Falou assim pra mim: "não, o deixa ele morrer que aí pelo menos você fica pra mim"
Com Claudete, o drama foi outro. Desesperada com a doença grave da filha pequena, procurou Aldo Bertoni em 2008.

- Eu queria falar com ele pra pedir oração, acreditava que ele podia interceder por nós.
Ela diz que entrou em uma sala pequena usada só para as reuniões particulares. Aldo, então, trancou a porta.

- Ele pegou e falou “e essa dorzinha que você sente aqui?” E já veio e colocou a mão no meu seio. Aí eu peguei e falei pra ele, “mas eu não sinto dor nenhuma no meu peito”, e aí ele falou: sente sim e foi aí que ele começou a me abraçar, me beijar pescoço, na boca, desceu a mão e começou a passar em mim. E ele falava assim “olha nos meus olhos, olha para os meus olhos. E aí fui ficando muito nervosa e não conseguia sair dele.

Ela disse ainda que Bertoni ameaçou até matar o marido dela.

- Ele fez a proposta para eu largar do meu marido, que ele ia me dar tudo. [Que eu] abandonasse tudo, que ele ia cuidar de mim.
Assustada, ela fugiu para nunca mais voltar.

- Eu dediquei 35 anos da minha vida a ele; precisava de ajuda espiritual, oração. Poxa vamos te ajudar... Ele quis abusar de mim, sabe...”

A reportagem também menciona a suspeita de enriquecimento ilícito e que o bispo possui oito armas registradas em seu nome. Procurado, Bertoni não quis se pronunciar. Um pastor da igreja Nilson Bittencourt saiu em defesa do bispo e ameaçou de processo quem denegrir sua imagem.


Johnny T. Bernardo

é apologista, escritor, jornalista, colaborador da revista Apologética Cristã e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de seitas e heresias, sendo um dos seus campos de atuação a fenomenologia religiosa e religiosidade brasileira.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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