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A CCB em crise: escândalos e dissidências dividem adeptos


Conhecida pela maneira ríspida como trata as demais igrejas evangélicas, a CCB completou 100 anos em meio a inúmeras crises e dissidência de adeptos. Sua origem está ligada ao italiano Luigi Francescon, que em 1910 desembarcou em São Paulo e conseguiu reunir um grupo de vinte seguidores e fundou a Congregação Cristã do Brasil. Apesar de fundada em 1910, o nome “Congregação Cristã do Brasil” somente foi dado a Igreja por ocasião da Convenção de 1936, sendo substituída a preposição “do” por “no” Brasil na década de 60.

Com sede no Brás (SP), a CCB rapidamente se espalhou pelo país e em pouco tempo atravessou a fronteira alcançando um número significativo de adeptos. Dados da Pentecostalism Encyclopedia (Enciclopédia Pentecostal – uma publicação americana que monitora o crescimento dos pentecostais no mundo) revelou que já no ano 2000 a CCB ocupava a 6º posição no ranking mundial em número de membros pentecostais. No Brasil, somente era superada pela Assembleia de Deus que à época somava cerca de 8,4 dos quase 26 milhões de evangélicos – a CCB reunia cerca de 2,4 milhões de seguidores.

Não se sabe se por esse motivo ou simplesmente pelas diferenças doutrinárias e de usos e costumes, a CCB evita qualquer tipo de contato com a A.D. Ao se referir a A.D – e também as demais igrejas evangélicas – a CCB utiliza o termo pejorativo de “primos”. Aos que decidem frequentar suas congregações, ordena que sejam novamente batizados e se submetam a regras rígidas de comportamento e de expressão social. Caso seja pego em prática de adultério, o membro é destituído de suas obrigações na Igreja e evita-se qualquer tipo de contato com ele – isso porque, segundo eles, o adultério é um pecado contra o Espírito Santo ao qual não existe possibilidade de perdão.

Dissidências

Interpretações como essas e outras mais são um dos motivos do surgimento de inúmeros grupos dissidentes da Congregação Cristã no Brasil, ainda na década de 50. A primeira ruptura de que se tem notícia ocorreu no alto escalão da CCB, com a saída do cooperador Aldo Ferreti que abdicou do seu cargo para fundar a Igreja Renovadora Cristã. Sua atual sede fica na Vila Madalena (SP) em um prédio cuja arquitetura é semelhante aos templos da CCB.

Amigo de longa data de Francescon, Ferreti denunciou – na noite de 14 de maio de 1952, no Brás – os motivos pelos quais ele decidira abandonar o ministério, como a falta de humildade do Colégio de Anciões e o uso excessivo por parte destes de bebida alcoólica – sendo este um dos motivos que mais preocupavam Ferreti. Seguindo o exemplo da IRC, nos anos seguintes novos grupos dissidentes surgiram da CCB, tais como:

  • Igreja Cristã Remanescente (fundada em 1967 pelo ancião Nilson Santos, em Telêmaco Borba, PR);
  • Congregação Cristã no Brasil Renovada (fundada em 1991 pelo ancião José Valério, em Goiás);
  • Congregação Cristã do Sétimo Dia (fundada em 1993 pelo ancião Luiz Bento Machado, em Santa Catarina);
  • Congregação Cristã Apostólica (fundada em 2001 pelo cooperador Antônio Silvério Pereira, em Aparecida de Goiás, GO. Surgiu de uma fusão da Congregação Cristã no Brasil com a Igreja Renovação Cristã);
  • Congregação Cristã Moriá (fundada em 2004 por Saulo Corcovado Macedo, em Mairinque, SP);

À lista podemos acrescentar também os adenominacionais ou Assembleias Cristãs (grupo de irmãos que se reúnem em casas e possui ministério próprio, embora alguns congreguem na CCB. Sua característica principal é a busca pelo “primitivismo apostólico”, sendo considerado um “movimento de reforma”), a Igreja da Sã Doutrina (fundada no Maringá pelo advogado Laertes Souza), a Congregação Cristã Primitiva (fundada em Goiás e que também promove campanhas pelo retorno à fé primitiva), a Congregação Evangélica Apostólica do Brasil (Imperatriz, Maranhão) etc.

A situação se agrava

Além de dissidências, a CCB se vê às voltas por uma crise que vem se arrastando desde 2000 e que tem causado prejuízos incalculáveis à instituição. De um lado, há os que argumentam haver um “complô” contra o Conselho, enquanto outros dizem possuir evidências que comprovariam corrupção, homossexualismo e prostituição envolvendo o líder máximo da CCB, o ancião e ex - presidente mundial José Nicolau.



No vídeo acima, José Nicolau fala de seu afastamento da CCB


Afastado de sua função no final de 2000, Nicolau – que teria sido alvo de um processo judicial movido por Mário e Lúcio – teve sua credencial definitivamente cassada por ocasião de uma assembléia realizada entre os dias 09 e 13 de abril de 2001, quando Jorge Couri – até então vice – presidente da CCB – interveio para que Nicolau fosse de fato expulso da presidência e abrisse caminho para sua posse. O que de fato ocorreu. Concluído o processo contra José Nicolau, Couri foi empossado como o novo presidente da Congregação Cristã no Brasil e uma nova batalha judicial teve início.

Pessoas ligadas ao ex-presidente da CCB acusaram Couri de ter agido secretamente – e com uso de artifícios mentirosos – para convencer o Conselho a desempossar Nicolau. Tal consta de uma circular e dossiê enviado ao Conselho Nacional de Anciões, na página 30 que reproduzimos em parte.

“Consta que inconformado com a maneira apressada e errada como foi decidido o caso, o saudoso irmão Basílio Gitti, teria proposto rever o assunto logo em seguida, por ocasião da assembléia, realizada nos dias 09 a 13 de abril de 2001, quando seria feito um julgamento responsável.

Porém, sabendo da proposta e da possibilidade do caso ser revisto e a injustiça reparada, JORGE COURI, que era o vice de NICOLAU, de olho na “cadeira da presidência” e sedento para tomá-la a todo custo, tudo fez para embaraçar o reexame da causa. Foi assim, que após incansáveis diligências, localizou SERGIO, ex-motorista de NICOLAU, que havia se mudado para o interior de São Paulo, cidade de Itápolis. Ligou pessoalmente para SERGIO e convocou-o para vir a São Paulo com urgência, onde no interior do apartamento de COURI, começaram as negociações malignas.

Para reforçar as falsas acusações apresentadas anteriormente e aplicar o golpe mortal, COURI teria lançado mão de expediente diabólico, traiçoeiro e criminoso. Aproveitando-se do caráter vulnerável de SERGIO, persuadiu-o após prometer recompensas de todo tipo, inclusive com pagamento em dinheiro, a que aceitasse fazer o papel de mais um falso acusador contra NICOLAU.

O plano foi estabelecido sob as instruções diretas de COURI, que cuidadosamente passou as instruções com todos os detalhes, no interior de seu próprio apartamento; ficando apenas em aberto o preço total da traição. Foram pagos duas parcelas de R$ 5 00,00, pelo próprio COURI e R$ 4.000,00, por seu amigo JEREMIAS GUIDO; enquanto o restante ficou por conta dos depósitos a serem feitos após o cumprimento do acordo.”

Resultado: Jorge Couri foi empossado presidente e José Nicolau seguiu impedido de exercer seu ministério. No entanto, passados alguns dias da posse de Couri, o motorista Sérgio – que segundo a circular teria se arrependido das acusações – procurou o ex-presidente para revelar os detalhes da conspiração criada por Couri e Jeremias Guido. Mesmo após as revelações do motorista, nada foi feito pela Comissão para reverter o quadro.

Há pelo menos 11 anos Couri segue na direção da CCB e enfrenta acusações de desvio de verbas – algo em torno de 20 milhões -, acobertamento de anciões e falsidade ideológica. Juntamente com Jeremias Guido e Sergio Anísio Soares Alves (o motorista), Couri é alvo de um processo impetrado na 8º Delegacia de São Paulo – IP 343/2008, com acusações de estelionato e crime contra a honra. Dois anos antes, o comerciante e membro da CCB de Piedade, José Aparecido da Cruz, foi acusado pelo Ministério Público de ter desviado R$ 19. 962 00 do setor de assistência social da Igreja. Casos como esse demonstram que a corrupção saiu do alto escalão da CCB para se alastrar pelas congregações, havendo até mesmo denúncias de estelionato envolvendo anciões do Japão e em outros países onde a instituição se faz presente (algo em torno de 80).

Além de processos judiciais, Couri também acumulou inimigos dentro e fora da CCB. Grupos reformistas, como a CCB a Verdade – um site criado por anciões que veicula denúncias contra o atual presidente e prega o retorno ao “primitivismo congregacional” – tem deflagrado uma crise sem precedentes dentro da instituição. Mudanças na liturgia – como a proibição de os membros darem glória a Deus nos cultos e a forma de coleta da oferta da piedade – também são motivos de desentendimentos e troca de acusações. Um dossiê completo sobre a crise na CCB pode ser visto no site ccbverdade.com.br e no Scribd.

Não por acaso, a crise vivida pela CCB ocorre em meio às comemorações do centenário – algo semelhante acontece na CGADB, com denúncias envolvendo os líderes da Assembleia de Deus do Belém, como favorecimento da família Bezerra da Costa e problemas nas contas da Convenção. Ambas as instituições fazem parte da chamada “onda Pentecostal” (termo utilizado pela imprensa e estudiosos do pentecostalismo) que demarcaram o início do Pentecostalismo no Brasil, lá pelos idos do começo do século XXI. Por triste coincidência, adentraram ao centenário em meio a uma crise sem precedentes e que promete abrir novas feridas nas duas principais representantes do pentecostalismo brasileiro – embora, como dissemos, existam inúmeras diferenças entre a irmandade e os assembleianos. No entanto, este é um tema para uma futura reflexão.


Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos dedica-se ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e movimentos destrutivos.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

Contato
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pesquisasreligiosas@gmail.com







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A CCB em crise - novos fatos aprofundam crise vivida pela Congregação Cristã no Brasil

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A CCB está no epicentro de uma crise que se arrasta por quase 11 anos, e que tem como protagonistas Jorge Couri (atual presidente da instituição), Jeremias Guido (diácono e braço direito de Couri) e o motorista Sérgio. Do outro lado, encontramos José Nicolau - ex – presidente da CCB e vítima do que alguns chamam de “complô do clã Couri”.

Entre os que defendem o retorno de Nicolau à presidência, os sites CCB a Verdade e CCB a Realidade destacam - se não somente pela maneira como apresentam os fatos, mas também por serem os primeiros meios de comunicação a ventilarem de maneira transparente o que se passa por trás da CCB. Detalhe: ambos são coordenados por membros da Congregação Cristã no Brasil. É uma novidade, dada a aversão de alguns anciões ao conhecimento e a cultura de uma maneira geral.

A confissão de Sérgio (“o motorista”)

Sérgio Anísio Soares Alves (o motorista) foi o primeiro a confessar participação na trama, como fica depreendido de uma carta de cinco páginas endereçada a José Nicolau. Nela, revela em detalhes como tudo teria acontecido.

“Bem, tudo começou com um telefonema que eu não imaginaria um dia receber do irmão Jorge Couri, no mês de fevereiro... Ele me disse que chegou até mim porque alguns irmãos lembraram que eu trabalhava para o irmão José Nicolau e andava com ele. Me perguntou se teria acontecido alguma coisa e porque eu parei de andar com o irmão. Disse que não, porque? Porque o que levou-nos a tirar o ministério dele foi que apareceu dois irmãozinhos que disseram e provaram que ele tentou alguma coisa sexualmente com ele e nós. Achamos que podia ter acontecido a mesma coisa com você. Disse que não...”

Convidado para uma conversa em São Paulo, Sérgio foi convencido por Couri de que José Nicolau seria mesmo homossexual e que também estaria envolvido no desvio de verbas da CCB. No entanto – conforme revelou Couri ao motorista – as evidências ainda não seriam suficientes para emplacar uma punição definitiva a Nicolau e que o testemunho dele poria fim ao caso. Foi quando Jorge Couri lhe fez uma proposta indecente.

“Preciso de você porque este fato está consumado, mas tem alguns irmãos que não acreditam ainda. Como muitos viram você em vários lugares com ele, se você falar isto vai ficar encerrado de uma vez e não vai haver dúvidas com os irmãos do ministério (...) Você ficava na casa dele à tarde, não ficava? ‘Sim, eu ficava’. Então você faz isto que você não vai se arrepender. Então o que eu devo falar? É simples, você só vai falar que em uma tarde você estava no quarto descansando, esperando ele se banhar para ir para a igreja, quando ele saiu do banho e falou para você se aprontar e entrou no quarto quando você estava se arrumando e foi se ajoelhando em direção ao seu (...) para fazer sexo oral. Eu falei: Mas irmão, falar isto não é verdade. Eu sei, mas ele fez isto com mais dois e você falando acaba este impasse pelo bem da obra”.

Encerrada a conversa – tendo o motorista aceito prestar falso testemunho contra José Nicolau – Couri lhe ofereceu R$ 500,00 paras as despesas de viagem e afirmou que mais viria caso ele cumprisse com o combinado. Dois dias depois retornou a São Paulo para um encontro com Messias – que curiosamente teria sido seu ancião – e com o cooperador Marcilho. Como da primeira vez, o encontro foi realizado no apartamento de Couri.

“Peguei o ônibus aqui em Itápolis às 02h30 e cheguei 09h00 no Brás. Mais uma vez um irmão me levou até o apartamento dele e quando cheguei lá estavam os irmãos Messias e Marcilho que foram meu ancião e meu cooperador e me conhecem desde que eu era neném de colo e iriam ficar horrorizados ao saber aquilo que o irmão Jorge tinha pedido para mim falar. Então o irmão Jorge disse: Sérgio, conta para eles aquilo que você falou para mim no telefone, e então eu contei o que havia sido combinado, falei do mesmo jeito que ele tinha dito para mim falar. E mais uma vez quando fui me despedir ele me saudou e disse: Deus te abençoe, este é para sua viagem. E pôs no meu bolso e fui embora. O irmão Messias e o irmão Marcilho me levaram na rodoviária e eu fui contar o dinheiro na hora de comprar a passagem e tinha mais de R$ 500,00 e vim embora para Itápolis.”

Segundo o motorista, passada mais ou menos uma semana, Jorge Couri lhe telefonou e pediu que fosse para São Paulo para participar de uma reunião com os anciões. Ainda por telefone, lhe orientou que fosse curto e grosso e que revelasse seu desejo de deixar o Brasil por temer uma possível “represália”.

“Bem, falei para ele que faria aquilo. Fui para SP e fui para o Brás. Quando cheguei lá, estavam todos os anciões e fiquei esperando. Mais ou menos no meio da reunião fui chamado e no púlpito ele me pediu para que contasse para os anciões. Contei e sai. Quando estava vindo embora ligaram para mim e disseram para voltar que tinha outra reunião, fui para o prédio e em uma sala contei para um irmão que não o conheço e eles disseram que era monstruoso e o irmão Jorge disse que já fez isto no convento “Seminário” é por isso que saiu, para fazer aqui. É um lobo em pele de cordeiro.

Quando sai para ir embora, veio o irmão Jeremias Guido, me deu R$ 4.000,00 e falou que Deus tinha preparado e que Deus me abençoe. Vim embora, passados dois dias um irmão que não quis se identificar ligou e falou: vou dar as passagens e arrumar para qualquer lugar, qualquer país que você queira ir”.

O resultado é que o motorista não recebeu nenhuma passagem para o exterior e, mesmo após alguns depósitos feitos por Jeremias Guido, teve de fechar seu negócio – era proprietário de um pequeno restaurante em Itápolis – e entrou em uma grave crise financeira. Sem dinheiro e abandonado por Jorge Couri, o motorista decidiu enviar uma carta ao ex – presidente José Nicolau na qual pede desculpas pelo mal cometido e aponta os responsáveis.

“Irmão, escrevo está carta com lágrimas nos olhos e chorando peço que o irmão em nome do Senhor Jesus me perdoe. Apesar de eu ter sido
só mais um quando o irmão Jorge Couri me procurou já tinham cometido a injustiça com o irmão José Nicolau (...)

Bem irmão, mais uma vez quero pedir perdão por tudo o que fiz o irmão passar mesmo de uma maneira indireta sendo usado para este fim aceitando o que me foi proposto pelo irmão Jorge Couri mais de uma vez. Espero que com esta o irmão consiga que seja feita justiça e já me proponho mais para frente ir ao Brás com o irmão e comprovar na frente detodos a verdade desta sujeira que foi feita contr
a o irmão (...)”

Jeremias Guido

Nove anos depois seria a vez de Jeremias Guido confessar participação no caso "Sérgio (o motorista)" em uma carta enviada aos anciões da CCB, no dia 05 de maio de 2009. Pede desculpas por ter participado das negociações que culminaram com o afastamento de José Nicolau e revela a existência de uma escuta telefônica na qual o motorista confessa ter recebido dinheiro de Jorge Couri.

"O que eu não posso deixar passar, é que somente meu nome fique em publico como a única pessoa que pagou ao Sérgio para acusar o irmão Nicolau, até porque no dossiê tem uma gravação do Sergio conversando comigo. Quando o Sergio diz que o irmão Jorge Couri colocou dinheiro no bolso dele, quando ele esteve na casa do irmão Jorge, isso realmente aconteceu, pois o próprio irmão Jorge Couri me disse que fez isso."

A retratação de Guido somente ocorreu após a abertura de uma investigação policial em 2008, que revelou detalhes da trama. A escuta telefônica – que narra conversas entre Sérgio e Guido – é uma das principais provas contra o atual presidente da CCB, seguida pela quebra do sigilo bancário e fiscal do motorista. Click aqui para ouvir a escuta telefônica.

Denúncias

Talvez uma das principais acusações que recaem sobre Jorge Couri, seja a de estelionato e falsidade ideológica – acusações essas investigadas desde 2008, pela Receita Federal e Ministério Público Federal. A carta enviada ao Conselho Nacional de Anciões - que pede a saída de Couri - traz detalhes surpreendentes da investigação.

“O caso Nicolau já está sob investigação criminal na Delegacia de Polícia do 8º Distrito de São Paulo - IP 343/2008, onde os três acusados, Jorge Couri, Jeremias Guido e Sergio Anísio Soares Alves, estão respondendo por crimes de estelionato, falsidade ideológica e crime contra a honra. Em não havendo retratação, certamente será mais um caso a ser levado a diante, às barras dos tribunais. Não é possível que em pleno ano de 2008, num país onde vigora o estado democrático de direito, um ancião que dedicou grande parte de sua vida a servir a Deus, venha a terminar seus dias sendo tão massacrado pelos próprios irmãos de fé e nenhuma decisão seja tomada para reparar os estragos.

Por envolver dinheiro sujo, o fato foi levado também ao conhecimento da Receita Federal e Ministério Público Federal, juntamente com outros episódios envolvendo irmãos de ministério, por desvios de dinheiro; tendo-se em vista sonegação fiscal e falsidade ideológica, infração administrativa e criminal de competência da Receita e Justiça Federal - cópias anexas.”

Não podendo mais criar mecanismos de defesa, Jorge Couri decidiu colocar sobre Jeremias Guido a responsabilidade pela quebra na receita da CCB. Na carta enviada ao CNA, fica claro.

“Para Jeremias Guido, que se apropriou de dinheiro da igreja, durante a vida toda (conforme ele mesmo declarou ao delegado), o tratamento foi diferente. Vejam as afirmações constantes da ata (cópia anexa), feitas por Jorge Couri: “... temos que levar ao conhecimento do ministério, com grande dor e muito pesar em nosso coração, a respeito do ministério do nosso irmão Jeremias Guido, diácono desta Congregação. Alguma coisa sucedeu, não na Obra da Piedade, mas na Distribuidora de Bíblias,...” – “...Oremos por este nosso irmão para que o Senhor o mantenha firme na Graça, ele e sua família...”

Teria Couri motivos plausíveis para justificar tanta dor e tanto pesar por afastar um diácono que comprovadamente furtou dinheiro da igreja, inclusive confessando? – Será que esse “amor” pelo amigo de todas as horas, inclusive para as falcatruas, dentre as quais respondem juntos a dois inquéritos na polícia, seria pelo dom de Deus? Se Nicolau fosse culpado e tivesse confessado seu pecado, merecia ser tratado com tanta crueldade?”

Teria sido essa uma tentativa de abafar o caso? Tudo é possível, desde que lembramos que Jorge Couri teve papel central no caso Sérgio (“o motorista”) que em poucas semanas embolsou cerca de vinte mil reais – cuja origem, ressaltemos, não foi definitivamente estabelecida. O fato é que com Couri na presidência o número de anciões e demais membros do Ministério presos ou acusados pelo Ministério Público mais que quadriplicou nos últimos anos. Jeremias Guido – que durante anos trabalhou ao lado de Jorge Couri – teria sido quem mais desviou dinheiro da CCB, conforme consta na carta enviada ao CNA.

“O ex-diácono Jeremias Guido, confirma ter se apoderado do valor de R$ 75.000,00, embora na contabilidade se tenha apurado depois da investigação policial, que se tratava de R$ 70.006,59 (Inquérito nº 38/2006; que deu ensejo ao Processo crime - DIPO 3 - Seção. 3.2.4 050.06.24064-4 - Proc. 1670/2006 - 16ª Vara Criminal de São Paulo).

Jeremias afirma em seu interrogatório na Delegacia de Policia: “... Quanto a alegação feita no histórico do boletim de ocorrência, esclarece que nesse setor bíblico, era um dos encarregados...” – “...e em razão disso acabou por locupletar - se da importância de R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais), e esse valor foi acumulando ao longo dos anos, num período de cerca de cinquenta anos...”

Jorge Couri, ao ser interrogado perante o delegado afirmou: “... Jeremias Guido, em razão deste desempenhar a função Supervisor do Fundo Bíblico na Igreja, pelo período de trinta anos, onde também trabalhava seu filho Rubens Guido, e este, sem o consentimento da administração da igreja fez vales num montante aproximado a R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais), ...” – “...apesar de haver se comprometido em ressarcir esses valores à igreja, até a presente data não o fez, desconhecendo o declarante os motivos pelo qual assim agiu. O declarante esclarece que a pessoa do Sr. JEREMIAS é uma pessoa idosa, e acha que ele tenha feito tal coisa em razão de suas dificuldades financeiras, e o esquecimento em resolver a situação, talvez tenha a ver com a sua idade, esclarecendo também que as pessoas dos anciães e diáconos que prestam serviços junto à igreja não são remunerados pelos trabalhos...” diáconos que prestam serviços junto à igreja não são remunerados pelos trabalhos...”

Além de Jeremias Guido, o documento cita pelo menos três outros casos de desvio de verbas da CCB, praticados por integrantes do Ministério.

“Sorocaba: O ex-diácono Rodolpho Affonso, confirma ter se apoderado do valor de R$20.052,85 (Inquérito Policial nº 51/06 - 10º Distrito - sendo denunciado - Proc. 1298/2006 - 2ª Vara Criminal)”.

“Votorantim – Foi instaurado inquérito contra o diácono João Valim dos Santos (IP 47-06 - 3º Distrito); o qual teria desviado todo o dinheiro que retirava mensalmente para ser entregue a uma viúva pobre, que faleceu meses depois. O dinheiro nunca chegou à destinatária; o que durou cerca de um ano. Aguardam-se novas diligências.”

“Astorga - PR - O secretário da piedade José Aparecido Cruz, se apropriou do valor correspondente a R$ 19.959,09 (IP 16/05), sendo processado e condenado pela justiça de Astorga - PR, a pena de 03 anos e 04 meses de prisão - Proc. 71/2005.”


O documento aponta ainda o desaparecimento de quase R$ 800.000,00 da cozinha da sede (Brás) em uma única semana, acusações referentes a viagens no Brasil e exterior, uso de notas falsas e compras superfaturadas. Também merece nota a venda não – autorizada de templos da CCB, como a ocorrida em Cascavel (PR) cujo desvio do preço final foi de R$ 170.000,00.

A CCB está mudando

Além da crise financeira vivida pela CCB – que envolve desvio de altas somas de dinheiro -, há também uma crise de identidade. Não somente os grupos dissidentes, mas também um número cada vez maior de membros pedem uma reforma. Tal sentimento pode ser resumido pela carta de renúncia do ancião Joel Spina que, deve-se ressaltar, é primo de Jorge Couri.

Dallas, 15 de Agosto de 2008

Caros irmãos e irmãs, a paz de Deus esteja convosco.

Desde a minha separação da Congregação Cristã (aqui referida como "CC") em Novembro de 2007, tenho o desejo de informar meus conservos, familiares e amigos mais próximos as razões dessa decisão. Em primeiro lugar quero esclarecer que essa decisão foi tomada depois de prolongada deliberação e muita oração. Não foi feita precipitadamente, de forma reacionária, nem resultado de um evento em particular. Os fatores que provocaram essa decisão se dividem em duas categorias: _ Pontos de doutrina e costumes que estou em completo desacordo com a maioria do ministério da CC;

O comportamento e posicionamento do ministério senior da CC. Há vários pontos de doutrina e fé que estou em total desacordo com a CC. Mencionarei aqui sòmente os que considero mais fundamentais, por razões de tempo.

1. Os membros da CC acreditam que ela é a graça de Deus na Terra. Como devemos todos saber, esse título e honra pertencem a Jesus Cristo, e somente a Ele. A CC iniciou há pouco mais de 100 anos entre imigrantes italianos nos Estados Unidos, e eventualmente se propagou para outros países como Brasil e Portugal. Considerar essa denominação como a manifestação exclusiva da misericórdia de Deus na Terra é simplesmente um absurdo. Essa hipótese nada mais é do que um desrespeito à Obra de Deus, e a dimensão do Seu poder. A CC é uma denominação cristã, entre muitas outras, na Terra. Uma denominação que infelizmente prima pelo espírito de exclusão, quando o exemplo deixado por Jesus Cristo é de inclusão. O impacto dessa falsa doutrina é muito mais destrutivo do que se pode imaginar inicialmente.

2. Os salvos gozarão vida eterna nos céus graças à misericórdia de Deus manifestada na morte e ressurreição de Jesus Cristo, e não resultante do nosso esforço. Sem dúvida alguma, a Palavra nos ensina que os salvos produzirão frutos de honra, aceitáveis, obras que se aproximam cada vez mais do exemplo deixado por Cristo (somos varas da Videira). Tal aperfeiçoamento é resultante da Obra de Deus na vida dos escolhidos, e não decorrente da capacidade humana. O Espírito Santo que habita nos escolhidos é que produz obras e intenções santas na vida do ser humano.

3. A obra de salvação e santificação do ser humano é feita pelo Espírito Santo: essa é a Obra de Deus. Esse trabalho é feito individualmente, de acôrdo com o plano de Deus. O ministério da CC crê que é sua responsabilidade "santificar" o povo, mostrar o caminho à irmandade. Esse posicionamento totalmente errôneo, de caráter presunçoso, ocasiona a publicação frequente de "mandamentos", "ensinamentos", "tópicos" que tentam dar direcionamento à irmandade quanto ao seu comportamento, modo de vestir, comunicação, etc. Essa é uma manifestação do mesmo espírito que guiava muitos Fariseus na época de Jesus, fazendo com que eles tomassem a Lei, e a aplicassem de uma forma extremista no tratamento com o povo, afim de "santificá-lo". Esse espírito foi veemente e constantemente reprovado pelo Senhor e, no entanto ele é amplamente aceito e estimulado na CC.

Como ilustração do tópico acima, o ministério da CC vai buscar no livro de Deuteronômio uma passagem - numa interpretação completamente errada - para proibir as irmãs de usarem calça comprida;

No mesmo espírito, o ministério vai então até o Novo Testamento, nas cartas de Paulo, para proibir seus membros de praticar esportes, uma vez mais com interpretações totalmente fora de contexto. Isso prova a presença desse espírito farisaico que julga, condena e exclui.

Devemos ressaltar, entretanto, que esse mesmo ministério não aplica a lei do Sábado, dos sacrifícios, e muitas outras do Velho Testamento, tampouco o ensinamento de Paulo que dá preferência ao crentes permanecerem solteiros, entre outros. Se o ministério da CC crê que seremos salvos pela Lei, então pelo menos por consistência, deveria aplicar a Lei na sua totalidade, e não escolher os artigos dessa lei que agradam alguns homens da cúpula ministerial.

4. Os cristãos são alimentados espiritualmente pela Palavra de Deus, que é Jesus Cristo: o Caminho, a Verdade e a Vida. Os serviços religiosos na CC, como em qualquer outra denominação, devem promover reuniões onde Deus seja exaltado e o espírito e a mente dos seus membros seja edificada. Essa edificação é obtida através do conhecimento gradual de Jesus Cristo, isto é, das Escrituras.

A CC sempre foi contrária ao estudo da Bíblia. O princípio - outra vez, totalmente errôneo - é que se o ministério e o povo realmente "examinar" - a palavra estudar se tornou um tabu na CC - a Bíblia, Palavra de Deus, então estaríamos tomando o lugar do Espírito Santo; como se a Palavra de Deus, Jesus Cristo, o Pai, e o Espírito Santo fossem entidades diferentes!

5. Limitados por essa reconhecida ignorância das Escrituras, o que podem então os ministros - anciães e cooperadores - proporcionar à irmandade durante os serviços de culto? Só lhes resta ministrar promessas (erradamente referidas como profecias na CC), testemunhos espetaculares e fábulas, manifestações de emoção e ruído (erradamente atribuídos ao Espírito Santo), etc. Esse comportamento inadequado, baseado em falsas doutrinas, transformou a CC num dos grupos que menos conhece as Escrituras entre os Cristãos. Uma das sérias consequências de tal desconhecimento é a tremenda ênfase na aparência externa dos seus membros, em detrimento do fato fundamental de que a obra de Deus é uma obra de sentimentos, de intenções, espiritual.



por Johnny T. Bernardo
do INPR Brasil




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CCB: Os mitos criados pela ”obra de Deus”

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Criar mitos para manter as pessoas dentro de uma escravidão espiritual e psicológica, não é próprio de genuínos servos de Deus. Situações como essa revela a profunda necessidade que existe de uma reforma dentro da Congregação Cristã no Brasil (CCB).

Temos tido notícias e acompanhado o êxodo crescente dos membros da CCB para as denominações evangélicas, e grupos cristãos de reforma. Isso vem acontecendo na medida em que os olhos da irmandade vão sendo abertos através da compreensão clara da verdadeira mensagem do evangelho deixado pelo Filho de Deus, e da realidade da abrangência e universalidade do Corpo de Cristo, Sua Igreja. Esse fato tem incomodado os dirigentes e mentores da CCB, principalmente porque haviam criado uma série de mitos, que provaram não serem verdadeiros. Esses mitos eram utilizados para promoverem uma falsa segurança psicológica, e manter o indivíduo preso a um sistema fechado, preconceituoso e de controle mental ferrenho. Quais são esses mitos, e como foram desmascarados?

Mito 1: “Alguém só sai da CCB se estiver no pecado"

Com isso em mente, todo aquele que saía acabava sendo rejeitado por toda irmandade, mesmo que a grande maioria não fosse pelo motivo apontado acima. Isso funcionava como uma espécie de ‘analgésico psicológico’ para que ninguém fosse estimulado a contestar, e ao mesmo tempo criar uma barreira de comunicação com o ‘membro desviado’. Esse mito foi desmascarado quando muitos daqueles que saíram não se calaram, e pela sua idoneidade e seriedade de conduta contestaram a público esse arrazoado, além das práticas nada cristãs ocultas que foram expostas, justamente daqueles que mais impingiam esse mito! Além do mais, essa era uma tática utilizada pelos próprios inimigos de Jesus, os fariseus, quando algum indivíduo se colocava ao lado do Mestre, para denegrir a credibilidade de Jesus e de seus seguidores (João 9:13-34).

Mito 2: “Deus não opera numa divisão de sua obra”

Junto com esse argumento, algumas vezes eram contados supostos testemunhos de pessoas que na tentativa de contestar a CCB e criarem um grupo paralelo, tiveram um final trágico, trazendo prejuízo para si próprio e para aqueles que os seguiram. Curiosamente eram deixados de lado casos em que o final não foi ruim, mas positivo. Sequer foram mencionados os países em que as sementes lançadas pelo fundador da CCB, foram assimiladas por grupos cristãos, e se tornaram em denominações genuinamente evangélicas. Além do que, existem vários casos na Bíblia, de divisões permitidas pelo próprio Deus, devida a corrupção e negridão espiritual dos respectivos dirigentes (Vide I Reis 11:11-13, 30-40, 12:15-17,24; Mateus 10:34-35; João 10:3; Atos 9:21-24; Apocalipse 18:4-5). Ironicamente a própria CCB é resultado de uma divisão na denominação Presbiteriana, e posteriormente no pentecostalismo!

Mito 3: “Deus não opera em tantas obras diferentes, só existe um tipo de doutrina correta, e essa é a da CCB”

Essa linha de argumentação é a que mais cria preconceito e ranço religioso na CCB, é motivo de soberba entre a irmandade, e leva nocivamente para uma forma de idolatria. Esse tipo de mentalidade chega ao ponto de fazer com que os membros da CCB passem a acreditar que o ‘Deus verdadeiro’ está somente entre eles, e que as denominações evangélicas adoram outros deuses.

O que ignoram é que esse pensamento não é novo, mas teve origem com o Catolicismo Romano quando da Reforma Protestante. Os romanistas procurando abafar a repercussão que a reforma estava causando, sustentavam o pilar do ‘catolicismo romano como a única igreja verdadeira’, neste entender, fora dela só havia divisões, doutrinas contraditórias e inúmeras interpretações bíblicas sem o apoio da ‘igreja’. Os reformadores em contra partida, defendiam o livre-exame das Escrituras, que deveria ser estudada, e toda doutrina avaliada de acordo com ela. Já imaginou se o argumento do catolicismo tivesse sido aceito, e a reforma se encerrado?

Além disso, o mover de Deus, Sua salvação, e propagação do Seu evangelho independe da diversidade dentro do cristianismo.

Em Efésios 3:21 lemos que a glória ao Senhor é dada na igreja por todas gerações, isso indica que não houve geração, apesar da diversidade na Igreja, que não tivesse trazido glória ao Senhor.

Mateus 16:18 afirma que as portas do inferno não prevaleceriam contra a igreja do Senhor, se a diversidade no seio da igreja fosse motivo para a igreja ter deixado de existir em alguma época, o inferno teria prevalecido, e as palavras de Jesus não seriam verdadeiras.

Mateus 28:20 diz que o Senhor estaria conosco todos os dias até consumação dos séculos, se a diversidade tivesse extinguido a ação do Senhor na igreja, não faria sentido estas palavras.

Dentro do cristianismo, na essência existe unidade, mas no secundário existe diversidade. O que distingue o cristianismo das seitas e religiões, é exatamente o conteúdo do evangelho que propagam (Gálatas 1:8-9). Neste quesito a CCB está reprovada, e infelizmente longe da genuína fé cristã.

A guisa de tudo isso vemos a extrema necessidade da reforma.



por Ricardo Adan
do NAPEC para o INPR Brasil



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