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É evangélica a Igreja Sinos de Belém?

A Igreja Sinos de Belém é uma das poucas igrejas cuja história não é plenamente conhecida. Seita? Movimento Contraditório? Igreja Evangélica? São perguntas cujas respostas podem variar de acordo com o ponto de vista de cada leitor ou estudioso da religião. O uso do véu, a batina, a quipá (pequeno chapéu em forma de circunferência), o celibato etc., são aspectos que chamam atenção e que despertam a curiosidade sobre que tipo de igreja é o Sinos de Belém. Há quem acuse o SBMP (Sinos de Belém Missão das Primícias) de ser um meio caminho entre o catolicismo e a Congregação Cristã no Brasil.

Fundada em 1/6/1971, no bairro do Cambuci (SP), pelo missionário Josias J. Souza, o SBMP possui 200 templos espalhados por dez estados da Federação – o número de adeptos não é revelado. No interior de SP funciona, em uma área de 30 alqueires, o “Monte Santo”- uma espécie de local sagrado do SBMP que conta com uma igreja, trilhas e até mesmo um poço chamado pelos adeptos de “Tanque de Betesda” onde são realizados batismos. Em um vídeo promocional, o baiano Josias J. Souza compara o “Monte Santo” ao solo sagrado dos messiânicos (referência ao Solo Sagrado de Guarapiranga, protótipo do paraíso terrestre idealizado pelo fundador da Igreja Messiânica Mundial, Mokiti Okada).

Apesar da desconfiança de alguns pesquisadores, o SBMP se diz uma igreja evangélica, que possui um credo e uma liturgia semelhante às demais igrejas evangélicas – com exceção, talvez, da doutrina das primícias e da mistura de costumes, que envolve elementos do Catolicismo, Judaísmo e da Congregação Cristã no Brasil. No site oficial, a SBMP relaciona a falta de conhecimento do ministério como uma das causas da perseguição movida contra a doutrina das primícias.

“Pela falta de conhecimento ao nosso respeito, sofremos ao longo dos anos, algumas perseguições causadas por uma interpretação errada sobre a forma que conduzimos a obra de Deus. Embora o nosso dogma nos distinga de seitas, o fato de obtermos uma congregação de celibatários, carinhosamente classificados como “PRIMÍCIAS”, trás a discordância de alguns que têm o casamento como um mandamento imperativo em suas igrejas e, desprovidos de fé, não aceitam ou não creem ser possível ao homem abster- se de relacionamento conjugal.”

A doutrina das primícias compreende uma defesa do celibato como parte da vivência cristã. A Igreja Sinos de Belém se diz possuidora do “verdadeiro celibato” – em uma oposição ao Catolicismo Romano, que desde 1074 proíbe o casamento aos sacerdotes. Apesar de sua defesa do celibato, nem todos os membros do ministério do SBMP são celibatários. A missão é restrita a uns poucos membros, como mensageiros, reverendas e evangelistas. Aos demais integrantes do ministério é dada a opção de se casar, como cooperadores, diáconos, presbíteros e pastores.

As primícias, da qual participam homens e mulheres, atuam como um grupo paralelo no SBMP. A vestimenta é caracterizada por um avental branco (no caso dos homens) e um avental branco acompanhado de um véu também branco (no caso das mulheres). Nos cultos, atuam na ministração de louvores, pregação e oração pelos membros.

Apesar do SBMP se dizer uma igreja evangélica e possuir um credo doutrinário compatível com a ortodoxia cristã, como a crença na divindade de Cristo e o arrebatamento da Igreja, a ênfase dada ao celibato, o sincretismo de costumes e o uso de uma liturgia extravagante e por vezes estranha ao praticado pelas igrejas evangélicas tradicionais, gera suspeita e coloca os pesquisadores em alerta sobre que tipo de igreja é o SBMP e os rumos que ela poderá tomar nos próximos anos.


Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de religiões, seitas e heresias, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

Contato

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