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Confira, a seguir, nossas recentes análises relacionadas à religiosidade brasileira, nacional. 

Os limites da religiosidade brasileira
Como as testemunhas de Jeová tratam seus ex-membros

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Os limites da liberdade religiosa na sociedade contemporânea

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Utilizada pela primeira vez no século II, por Tertuliano, em sua obra “Apologia”, a expressão liberdade religiosa passou a denotar, desde então, a necessidade de liberdade de expressão e manifestação religiosa como um direito básico e fundamental do ser humano. As intensas perseguições movidas pelo Império Romano contra os cristãos (SORIANO, 2004) levou Tertuliano e outros pensadores a formularem conceitos próximos ao que seria defendido, por exemplo, pelo Iluminismo, pela Primeira Emenda à Constituição dos EUA e pelo Artigo 18 da Declaração Universal de Direitos Humanos, de 1948, que declara: “Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular”.

A liberdade religiosa somente passou a ser uma realidade no Brasil com a Constituição de 1891, quando o Estado passa a ser laico – sem uma religião oficial – e garante-se liberdade de expressão religiosa às demais igrejas cristãs e grupos minoritários. No entanto, entre os anos de 1824 e 1891 – portanto, durante um período de 67 anos – a Igreja Católica Apostólica Romana era a única religião reconhecida pela então monarquia ou império brasileiro. Em 1824, mas desde antes com o Tratado de Comércio e Navegação, firmado em 1810, entre Portugal e Inglaterra, houve uma breve concessão de liberdade de expressão religiosa concedida inicialmente a comerciantes e navegadores britânicos de confissão anglicana, estendendo-se, posteriormente, aos demais ramos do Protestantismo Histórico (de Imigração e de Conversão).

Apesar da abertura estabelecida com a Constituição de 1824, as igrejas protestantes não podiam ter aparência externa de templo, seus membros não podiam se casar nem registrar filhos, as crianças eram descriminadas nas escolas, além de serem impedidos de participar da vida política do Brasil Monárquico. Também havia um problema com relação ao sepultamento de protestantes. Como até 1850 não existiam cemitérios no Brasil e os mortos, geralmente, eram sepultados sob o piso ou nas paredes das igrejas e conventos católicos, aos protestantes e demais religiosos restavam apenas terrenos baldios ou terras de suas comunidades como um dos poucos locais para enterro de seus mortos. Somente em 1859, em um terreno doado pela Marquesa de Santos, situado na atual Rua Sergipe, 177, em Higienópolis, São Paulo, foi construído o Cemitério dos Protestantes, local que passou a ser utilizado também por judeus.

As dificuldades enfrentadas pelos protestantes no Brasil Monárquico refletem, em parte, todo um contexto mundial de restrições e perseguições às religiões minoritárias ou não oficiais, como a exemplo do que ocorre em alguns países islâmicos e de regime comunista. A liberdade religiosa é um direito que tem sido solapado nos últimos anos e que merece, portanto, uma maior atenção por parte de pesquisadores sociais e autoridades jurídicas. Apesar das inúmeras violações do direito de liberdade religiosa – algumas das quais mencionadas no mês de março pelo relator especial da ONU sobre a liberdade religiosa ou crença, Heiner Bielefeldt, por ocasião de uma reunião no Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, Suíça – a questão da liberdade religiosa tem de ser repensada pelo o fato de que algumas religiões tem se utilizado da liberdade para manipular adeptos, com exploração psicológica e financeira, além do uso da mão de obra crente com finalidades comerciais, como o verificado na Igreja da Unificação, fundada em 1954, na Coreia do Sul.

As igrejas neopentecostais, das quais a Universal do Reino de Deus é um dos principais exemplos, tem feito uso recorrente de técnicas de controle psicológico para arrecadação de fundos financeiros para a “manutenção” de seus programas televisivos e expansão ministerial. O Jejum de Daniel serve de base para a argumentação de que a IURD exerce, de maneira significativa, um controle psicológico sobre seus adeptos. Durante 21 dias os fieis são orientados a não assistir televisão, ler jornais, revistas ou outros periódicos que não sejam ligados aos discursos de Edir Macedo, com o argumento de que eles precisam concentrar sua fé em Deus, não podendo desviar sua atenção para qualquer outro tipo de informação.

Na Igreja Pentecostal Deus é Amor o método utilizado é o da submissão por meio de regras e costumes que ferem frontalmente alguns dos direitos fundamentais do ser humano, como o da higiene, do acesso às informações, da participação em atividades físicas e intelectuais, da livre associação com ex-membros ou adeptos etc. As restrições impostas são vistas como meios de controle psicológico uma vez que, sob o manto do fanatismo, a tendência é de que os membros sejam mais susceptíveis à manipulação. De acordo com Sidnei Moura que, por 15 anos, congregou na IPDA, os “fieis acabam seguindo as imposições da igreja principalmente por coerção, que é aplicada através da exposição ao medo: constantemente são bombardeados pelos sermões recheados de discursos de medo da condenação eterna”.

Os problemas verificados em algumas denominações “evangélicas” não são casos isolados, mas ocorrem em diversos outras organizações religiosas onde a capacidade de raciocínio de seus adeptos é reprogramada de maneira que eles obedeçam aos ditames de seus lideres ou profetas. Há problemas relacionados, por exemplo, com algumas comunidades religiosas de caráter sincretista, como a Comunidade Figueira, localizada na área rural de Carmo de Cachoeira, sul de Minas Gerais, onde os adeptos são mantidos isolados do mundo externo, sendo proibidos de terem acesso a celulares, internet, televisores, rádios e até mesmo máquinas fotográficas. Há, inclusive, restrições de que os residentes mantenham contato entre si, além de que as ordens de José Hipólito Trigueirinho Netto devem ser respeitadas de forma inquestionável. João Batista Barbosa, o Zumbaia, que durante alguns anos residiu em Figueira é categórico em sua descrição da comunidade: “Lá, tudo converge para um esquecimento total de si e da vida normal, transformando as pessoas em robôs obedientes e úteis. Sempre fui pelos Direitos Humanos e não me adaptei a situação. Sentindo várias formas de pressões psicológicas (não podendo assistir ao casamento de meu filho, o que desobedeci). Tentaram impedir-me de várias formas e passei muita perturbação psicológica”.

Além de questões associadas à manipulação psicológica de adeptos, há de se ressaltar, também, outros problemas relacionados às religiões de possessão que, em nome de sua tradição religiosa, sacrificam animais de forma cruel e com objetivos não alimentícios. O candomblé é um dos ramos das religiões de possessão que tem como base o sacrifício de animais. Apesar do art. 30, da Constituição Federal de 1988, deixar a cargo dos municípios legislarem em questões de interesse local, o sacrifício de animais em rituais religiosos é uma afronta aos direitos universais dos animais. Em dezembro de 2010, o Projeto de Lei 202/2010, aprovado por unanimidade quatro meses antes pela Câmara Municipal de Piracicaba, no interior de São Paulo, que proibia o sacrifício de animais em rituais religiosos, foi vetado pelo prefeito Barjas Negri, com base no art. 5º, inciso VI da Constituição Federal, que estabelece que é “inviolável a liberdade de consciência de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção dos locais de culto e suas liturgias”. Não obstante o veto promulgado pelo prefeito de Piracicaba e mantido pela Câmara Municipal, golpear, ferir, mutilar e cometer atos de crueldade contra animais são práticas condenáveis pela Lei de Crimes Ambientais 9605/98, art. 32, que estabelece detenção de três meses a um ano, e multa, aos que “praticarem de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”.

A liberdade religiosa é um direito universal que deve ser respeitado. No entanto, o livre exercício de culto religioso é um direito reconhecido enquanto não for contrário à ordem, à tranquilidade e sossego públicos, bem como compatível com os bons costumes. A maneira como as igrejas neopentecostais e outras mais arrecadam fundos para a “manutenção” de suas estruturas, o isolamento psicológico e social de adeptos praticado por algumas comunidades sincréticas em Minas Gerais e nos arredores de Brasília, o sacrifício de animais em terreiros de candomblé, além do incentivo de agressão a mulheres são aspectos que precisam de um tratamento especial por parte das autoridades competentes. Em janeiro, a divulgação de um vídeo em que um líder muçulmano brasileiro ensina como bater em mulheres, causou uma série de comentários em vários meios de comunicação por todo o país, nos quais se questiona quais os limites da liberdade religiosa na sociedade contemporânea. Ao mesmo tempo, tem-se de analisar até que ponto o Estado pode interferir em questões internas de organizações religiosas, como a proibição do uso da burca na França e limitações impostas pela FUNAI a missionários evangélicos.



Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos dedica-se ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e movimentos destrutivos.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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Como as Testemunhas de Jeová tratam seus ex-membros


“Abenildo! Você não sabe que eu não POSSO falar com você?”

Essas palavras martelavam a minha cabeça enquanto eu dirigia meu carro para o supermercado. Depois de ter tido a má ideia de dar meus pêsames a uma antiga amiga, que tinha perdido o pai. Mas esperem aí! Não era o caso de que a Margarida não quisesse falar comigo, como se ela tivesse uma inimizade pessoal comigo. Não, ela não “podia”. Não tinha nenhum problema físico, ela não é muda, ou surda. O que a proíbe de ter qualquer contato comigo, até mesmo um cumprimento, é a doutrina da desassociação das Testemunhas de Jeová. Para que entendam, vou esclarecer do que se trata essa doutrina, contando um pouco da minha história dentro dessa “religião”.

Nasci numa família que tinha ligações estreitas com a seita. Minha mãe era testemunha antes de meu nascimento. Minha irmã mais velha, tinha se batizado aos treze anos. Meu pai simpatizava, mas não era frequentador. Eu vim a ter esse envolvimento quando era adolescente, batizando-me aos dezesseis. Lembro que meu pai tinha me aconselhado a ter cuidado, pois, caso eu fosse desassociado, iria perder muito. Sábios conselhos do meu velho... Mas como a maioria dos adolescentes, não dei ouvidos e segui em frente. Entrei na seita. Entrei com tudo.

Um dos dogmas mais controversos é que o resto do mundo pertence a Satanás e logo não merece a amizade dos “verdadeiros adoradores”. Assim, tratei de me desfazer das antigas amizades em nome de Deus. Meu mundo assim se tornava circunscrito a esse círculo social. Amigos, só entre as Testemunhas de Jeová.

Eu era dedicado. Logo me tornei “Pioneiro Regular”, uma espécie de missionário que se compromete a pregar diariamente, ao menos três horas, perfazendo noventa horas no mês, o que resulta mil horas por ano, com um mês de “férias”. Isso tudo era um trabalho voluntário, não remunerado. Eu trabalhava para “Jeová”, pregando a sua palavra tal como Jesus fazia. Ledo engano... Não passava de um jovem manipulado por uma gráfica multinacional travestida de religião. Meu zelo ao divino foi assim explorado por anos a fio.

Embora tivesse angariado o respeito e a amizade de muitos, também despertava a inveja, e esta a perseguição. Não demorou muito para que os anciãos (como são conhecidos os pastores da seita), colocassem seus “cabrestos” em mim. Vários foram os motivos e várias as formas. Uma vez era a inveja do irmão que tinha casado com a filha do ancião e vivia armando contra mim. Outra o ex-namorado de uma menina que eu paquerava, enfim, meu zelo e dedicação não adiantavam muito. Mudei de congregação. Retomei meu trabalho. Tudo corria bem, quando um dia, decidi entrar na faculdade.

O ensino superior é fortemente desincentivado no meio. Afinal, pra quê estudar tanto para trabalhar num mundo que poderia acabar amanhã no Armagedom, quando Deus destruirá a tudo e a todos que não eram testemunhas? Especialmente na área de saúde! Seria inútil esse conhecimento no paraíso, que se seguiria ao Armagedom, onde todos teriam saúde perfeita, garantida por Deus! Se expuser ao mundo iníquo, às más associações de mundanos!

Foi a melhor coisa que eu fiz! O ensino superior obriga o pensar, o questionamento, o embasamento científico. Passei a questionar o que eu mesmo pregava. Desta forma, os dogmas foram caindo um por um, até que um dia percebi que a única crença que eu tinha em comum com as Testemunhas de Jeová, era que Deus existia. Nada mais.

Assim fui me distanciando da seita. Depois que minha mãe morreu, já nem pensava nisso.

Até que numa tarde, no meu consultório, recebo a visita de um ancião. O pai da Margarida. Ficou nervoso e inquieto por ter de esperar sua “consulta”. Como principiava a fazer tumulto na sala de espera, fui ter com ele.

A sua intenção era que eu pedisse dissociação. No que eu respondi que não seria bode expiatório de ninguém e não iria me sujeitar a nenhum tribunal eclesiástico, Deus é meu juiz. Resultado: fui desassociado à revelia.

O que é dasassociação? Vejam o que a Torre de Vigia orienta seus seguidores...

“Como tratar uma pessoa desassociada?Poucas coisas podem nos deixar tão tristes quanto ver um parente ou um amigo achegado ser expulso da congregação por ter cometido um pecado e não ter se arrependido. O modo como encaramos a orientação da Bíblia sobre esse assunto pode revelar a profundidade de nosso amor a Deus e quanto somos leais aos seus princípios. Considere algumas perguntas que surgem sobre esse assunto.

Como devemos tratar uma pessoa desassociada? A Bíblia diz: “Cesseis de ter convivência com qualquer que se chame irmão, que for fornicador, ou ganancioso, ou idólatra, ou injuriador, ou beberrão, ou extorçor, nem sequer comendo com tal homem.” (1 Coríntios 5:11) Com respeito a qualquer pessoa que “não permanece no ensino do Cristo”, lemos: “Nunca o recebais nos vossos lares, nem o cumprimenteis. Pois, quem o cumprimenta é partícipe das suas obras iníquas.” (2 João 9-11) Nós não nos associamos com desassociados, quer para atividades espirituais, quer sociais. A Sentinela de 15 de dezembro de 1981, página 21, disse: “Um simples ‘Oi’ dito a alguém pode ser o primeiro passo para uma conversa ou mesmo para amizade. Queremos dar este primeiro passo com alguém desassociado?

É realmente necessário evitar todo e qualquer contato com a pessoa? Sim, por várias razões. Primeiro, é uma questão de lealdade a Deus e à sua Palavra. Obedecemos a Jeová não apenas quando é conveniente, mas também quando envolve grandes desafios. O amor a Deus nos motiva a obedecer todos os seus mandamentos, reconhecendo que ele é justo e amoroso, e que suas leis visam o bem dos que o servem. (Isaías 48:17; 1 João 5:3) Segundo, cortar o contato com o pecador não-arrependido evita que nós e a congregação sejamos corrompidos em sentido espiritual e moral, e preserva a boa reputação da congregação. (1 Coríntios 5:6, 7) Terceiro, nossa firme posição a favor dos princípios bíblicos pode até mesmo beneficiar o desassociado. Por apoiarmos a decisão da comissão judicativa, talvez contribuamos para tocar o coração de um pecador que até então não correspondeu aos esforços dos anciãos para ajudá-lo. Perder a preciosa associação com pessoas amadas talvez o ajude a ‘cair em si’, a ver a seriedade de seu erro e a tomar os passos necessários para retornar a Jeová. — Lucas 15:17.

E quando o desassociado é um parente? Nesse caso, os laços achegados entre familiares podem ser um verdadeiro teste à lealdade. Como devemos tratar um parente desassociado? Não podemos incluir aqui toda e qualquer situação que possa surgir nesse sentido, mas vamos nos concentrar em duas situações básicas. Em alguns casos, o parente desassociado talvez faça parte da família imediata e ainda more na mesma casa. A dasassociação não põe fim aos laços familiares, por isso as atividades e os tratos normais do dia-a-dia da família podem continuar. Contudo, pelo seu proceder, o desassociado escolheu romper o vínculo espiritual que tinha com a família. Sendo assim, os membros leais da família não podem mais ter associação espiritual com ele. Por exemplo, caso o desassociado esteja presente quando a família se reunir para estudar a Bíblia, ele não deve participar do estudo. Mas, se o desassociado é um filho menor, os pais ainda são os responsáveis pela sua instrução e disciplina. Por isso eles, como pais amorosos, podem dirigir um estudo bíblico com o filho. — Provérbios 6:20-22; 29:17.

Em outros casos, o parente desassociado talvez não faça parte da família imediata ou seja um membro da família imediata que não mora na mesma casa. Embora em raras ocasiões talvez se precise cuidar de um assunto familiar com um parente desassociado, tal contato deve restringir-se ao mínimo possível. Membros leais de uma família cristã não procuram desculpas para ter tratos com um parente desassociado que não more na mesma casa. Em vez disso, a lealdade a Jeová e à sua organização os faz seguir os princípios bíblicos relacionados com a dasassociação. Seu proceder leal visa o bem do desassociado e pode ajudá-lo a se beneficiar da disciplina recebida. — Hebreus 12:11.”

Desta forma, o desassociado perde todos os vínculos que ele formou dentro da seita. Não só os de amizade, mas também vínculos familiares. Não importa se for um menor. Não importa que fira o Estatuto da Criança e do Adolescente, não importa os Direitos Humanos, não importa nem o que Cristo disse, que devemos amar até nossos inimigos. (Mateus 5:44.) Não é por amor que se espera que um desassociado volte, mas por pressão, humilhação e constrangimento. Sim, na bíblia das Testemunhas de Jeová também se encontra a história do “Filho Pródigo”, só que é sistematicamente ignorada. Aliás, muito do que o Cristo disse é ignorado.

Não, não me arrependo de ter seguido a Margarida e ter prestado minhas condolências, essa é uma atitude cristã. Mesmo sabendo que iria ser ignorado. A culpa não é dela, e sim da loucura de homens megalomaníacos que se colocam no trono do Nosso Senhor e passam a julgar e condenar eu Seu lugar.

-“Um dia, Margarida, essa discriminação acaba.” Foi minha despedida.

Atitudes concretas para isso já estão sendo tomadas. Sebastião Ramos denunciou esse abuso no Ministério Público que acatou a denúncia. Você pode conferir tudo nesse link: http://extestemunhasdejeova.net/forum/viewtopic.php?f=16&t=3910

Somos um grupo de ex testemunhas que unidos lutamos contra essa segregação, além de analisar os erros doutrinais absurdos da seita.

Que o amor de Deus e de Nosso Senhor Jesus Cristo supere as injustiças cometidas em Seu Nome! Que irmãos possam se abraçar sem medo. Que a paz de Deus, que excede todo pensamento, esteja entre nós. (Filipenses 4:7).



por Abenildo Galindo Florêncio
ex-testemunha de Jeová e colaborador do INPR Brasil





















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O fenômeno dos padres-popstars: uma breve análise


Voltemos à década de 60. Enquanto católicos de Pittsburgh experimentam o que chamam de “renovação espiritual”, quatro meninos de Liverpool (Inglaterra) sacodem o mundo com os reis do iê-iê-iê. Ordenado padre aos 25 anos de idade, em 1966, nos EUA, José Fernandes de Oliveira – mais conhecido como Padre Zezinho -, dava seus primeiros passos na arte da música, da literatura, do teatro e, mais tarde, em 1969, dos meios de comunicação. Foi com a música, no entanto, que o recém – ordenado padre seria conhecido como um dos “maiores” fenômenos da música cristã. De volta ao Brasil, o Padre Zezinho causou polêmica e, ao mesmo tempo, admiração, ao adicionar às missas do Santuário São Judas Tadeu, na Zona Sul de São Paulo, instrumentos popularizados pelos Beatles, como guitarras e baterias. 

Fã secreto de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, o Padre Zezinho foi chamado desde “estrela” até “achincalhador da fé” por introduzir ritmos até então demonizados pelo Vaticano. Sua opção por uma liturgia mais aberta, no entanto, ganharia fôlego com a chegada do Movimento Carismático ao Brasil, no começo da década de 70. O crescimento das igrejas pentecostais autônomas - com forte presença nas camadas menos abastadas da sociedade - e das cruzadas promovidas por pastores e missionários americanos – caracterizadas por campanhas de cura e libertação -, foi um dos motivadores do surgimento de movimentos como o liderado pelo Padre Zezinho e da vinda da Renovação Católica Carismática ao Brasil. Começando por Campinas, a RCC foi levada para diversas cidades e regiões do Brasil.

Organizados por padres jesuítas, encontros como “Experiências no Espírito Santo” e “Experiência de Oração” conduziram centenas de católicos de volta a vida devocional. Apesar de praticamente na penumbra entre as décadas de 70 e 80 (André Ricardo de Souza, Religião & Sociedade, julho de 2007), a realização - primeiro em 1973 e depois em 74 - de dois grandes congressos e a adesão de leigos e figuras conhecidas do clérigo brasileiro, como o Monsenhor Jonas Abib, serviram de combustão ao crescimento experimentado nas décadas seguintes. O lançamento do livro “Sereis Batizados no Espírito Santo”, em 1972, do padre Haroldo Rahn que, juntamente com Bernard Shuster e o Dom Cipriano Chagas, foram os pioneiros e compunham a liderança nacional da RCC, deu, também, grande impulso aos carismáticos. 

Fundada pelo padre salesiano Jonas Abib, em 1978, a Comunidade Canção Nova – com sede na cidade de Cachoeira Paulista, interior de São Paulo e que é composta por emissora de rádio, televisão, um centro de evangelização com capacidade para 70 mil pessoas, além de capelas, restaurantes, alojamentos etc. - serviu de base para o surgimento de outras comunidades e associações como a Associação do Senhor Jesus (ASJ), dirigida e fundada pelo padre Eduardo Dougherty na década de 80. É a partir daí que a RCC começa chamar a atenção da mídia com o surgimento de comunidades de vida, rádios, TVs e revistas. Zé Pretinho, Irmã Floriza e Tia Laura de Piquete (São Paulo) surgem nessa época e arrebanham mais adeptos (Portal Carismático - consulta feita em 20/10/2012, às 16hs). 

Os padres cantores 

É a partir da década de 90 que a RCC ganha, de fato, visibilidade com o desenvolvimento de técnicas de marketing e a projeção de padres cantores na mídia. “A figura do padre de meia idade na sacristia e atrás do altar é substituída no imaginário social por homens jovens e sorridentes, com grande poder de comunicação e utilizadores da música e da mídia como os próprios veículos de transmissão da mensagem religiosa. Os programas televisivos de domingo passam a abrir espaço para mais um artista: o padre Marcelo Rossi, jovem, de boa aparência e atlético, figura que contrasta radicalmente da imagem de sacerdote presente no imaginário dos brasileiros”, lembra a pesquisadora Sílvia Regina Alves Fernandez, do Centro de Estatísticas Religiosas e Investigações Sociais, órgão consultivo ligado à CNBB. 

Além de Marcelo Rossi, nos anos seguintes outros padres – popstars como o surfista e mais novo diocesano até então ordenado no Brasil, Padre Zeca que, em 2007 deixou o sacerdócio e quatro anos depois casou com uma americana, Reginaldo Manzotti – conhecido como padre samba-rock e que realiza o Evangeliza Show -, Fábio de Melo, Juarez de Castro, Adriano Zandoná e um dos mais exóticos, o padre Alexandro Campos – que combina em seus shows missa mesclada com sons de viola e berrante -, conduzem centenas de fieis a estádios, ginásios, pistas de corridas e santuários por todo o país. Também estão presentes na mídia, dividindo programas televisivos com personalidades da sociedade, cantores (as) e bandas seculares. “Outro fator importante para o sucesso desses padres é a aproximação com as pessoas nos ritos religiosos e fora deles”, acrescenta a pesquisadora Sílvia Regina. 

É com o ex-professor de educação física e membro de uma família de classe média de São Paulo, no entanto, que o Catolicismo Romano reconquistaria dezenas de adeptos. Ordenado sacerdote em 1/12/1994, Marcelo Mendonça Rossi ficou conhecido no final da década de 90 por suas adaptações e empréstimos de liturgias e canções evangélicas, como “Anjos de Deus”. Participações em filmes, indicação ao Grammy 2002 e colaborações com diversos meios de comunicação descrevem sua trajetória como sacerdote e pop star. A inauguração de um mega – santuário em Santo Amaro, nesta sexta-feira (2), com capacidade para abrigar 25 mil pessoas, mostra a força do movimento carismático e, ao mesmo tempo, a tentativa de superação das concorrentes neopentecostais, como a Universal do Reino de Deus e a Igreja Mundial do Poder de Deus que também possuem mega – templos na região.


Johnny Bernardo 

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos dedica-se ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e movimentos destrutivos.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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O sexo no Islamismo


O conceito de adoração no Islã destoa da maioria das religiões cristãs e até mesmo das religiões orientais. No Islã, adorar a Deus (Alá) envolve algo além do que uma simples mortificação carnal, culto ou ritual. Segundo eles, a palavra adoração é um termo abrangente, que inclui tudo aquilo que Deus ama relativo às ações e aos dizeres externos e internos de uma pessoa. Em outras palavras, adoração é tudo aquilo que um sujeito diz ou faz para agradar a Deus. Isso inclui, segundo eles, tanto os rituais como as crenças, as atividades sociais e as contribuições pessoais para o bem - estar de uma pessoa. Até aí tudo bem. A questão toma um novo rumo quando associam a adoração à prática sexual. Vejamos o que diz um panfleto distribuído pela Assembleia Mundial de Juventude Islâmica (WAMY), relativo ao conceito de adoração no Islã.

"Vale apena notar que ate mesmo quando uma pessoa cumpre com suas obrigações, isso é considerado uma forma de adoração (...) O profeta informou que seus companheiros seriam recompensados até mesmo por terem mantido relações sexuais com suas esposas. Os companheiros ficaram abismados e perguntaram: Como poderemos ser recompensados pro fazermos algo que nos proporciona prazer? O profeta lhes perguntou: Suponhamos que satisfizésseis vossos desejos ilicitamente, vós não seríeis punidos por isso? Responderam: Sim. Portanto, ele disse, com vossas esposas sereis recompensados".

Isso significa, segundo a WAMY, que o sexo não é uma coisa imunda, que deva ser evitado, mas um ato de adoração. Mas será que existem mesmo padrões de moralidade sexual no Islã? Que tipo de conceito eles possuem sobre o casamento, por exemplo? Maomé foi um exemplo a ser seguido? O que o Alcorão tem a dizer sobre o assunto? Essas são questões que causam dúvidas até mesmo entre alguns muçulmanos, principalmente os de origem americana e europeia.

O Islamismo é muitas vezes descrito como uma religião pura, que surgiu de uma gama de cultos e rituais e que promove um estilo de vida simples e muitas vezes obcecado na observância de normas de conduta social. Refere-se ao ocidente como difusor de uma sociedade libertina e contrária aos princípios normativos do Alcorão. Na prática, o que vemos na sociedade islâmica é uma restrição total aos direitos da mulher, descrita como um objeto de satisfação sexual e passível de punições severas. A poligamia é outra prática comum no mundo islâmico. Ao muçulmano é dado o direito de ter até quatro mulheres (Suna 4.3).

Era comum, na época de Maomé, o casamento com crianças, mas ele nada fez para mudar tal prática. Pelo contrário, ele mesmo tomou para si uma criança. Era a pequena Aisha, a favorita do profeta (ele teve treze mulheres). No livro “A Jóia de Medina”, de Sherry Jones, o relacionamento de Maomé com Aisha é descrito aos detalhes.

“Aisha bint Abu Bakr tinha 6 anos e estava se divertindo num balanço, no quintal, quando soube que ia se casar. A mãe da menina deu a notícia e avisou que, a partir daquele dia, estava proibido "brincar fora de casa". O futuro marido era o melhor amigo do seu pai e tinha 51 anos. Em uma cerimônia sóbria, na casa da família da noiva, em Medina, Arábia Saudita, a união foi oficializada em 623 d.C. Ela tinha nove anos e se tornava a terceira mulher de Maomé, o criador do islamismo. Foi, para sempre, a preferida do seu harém. Quando perguntaram ao profeta a quem mais amava no mundo, ele foi direto: Aisha. Nos braços dela, morreu nove anos depois, e no quarto da favorita foi enterrado.”

A Jóia de Medina causou protestos e gerou debates em vários países e é uma prova de que, realmente, o islamismo não é uma religião pura ou não tão perigosa como alguns querem fazer acreditar.

O Alcorão possui inúmeras referências à prática sexual, com detalhes que fazem corar até mesmo o mais fanático adepto do Islã. É ao mesmo tempo um manual e uma fonte para inúmeras obras islâmicas de teor exótico, como “O Jardim Perfumado” que acabou sendo proibido em alguns países árabes, mas que por décadas foi um dos livros mais lidos entre os muçulmanos.

Para os muçulmanos que conseguirem chegar ao paraíso – quer pelo cumprimento das leis e pilares da religião, quer pelo martírio – receberão como recompensa comida, bebida e ainda 72 virgens para seus deleites sexuais. Tal é a promessa feita nos centros de recrutamento do Talibã, como vemos em um trecho extraído de um vídeo do clérigo Omar Al – Sweilem.

“Harith Ibn Al-Muhasibi disse-nos o que aconteceria quando nos encontrássemos com as virgens com olhos negros, pele branca e cabelo preto - louvado seja Aquele que criou o dia e a noite. Que cabelo! Que seios! Que coxas! Que pernas! Que brancura! Que suavidade!

Ele disse que as suas faces seriam suaves nesse dia. Mesmo a tua cara será macia mesmo sem se usar maquiagem ou algum tipo de pó. Tu mesmo serás macio, portanto quão macias serão as virgens de olhos negros, quando ela vier a ti, tão alta e com a sua bonita cara, o seu cabelo negro e a sua cara branca - louvado seja Aquele que criou a noite e o dia.

Sente a palma da sua mão, sheik! Ele disse: Quão suaves serão as pontas dos seus dedos depois de terem sido suavizados durante milhares de anos no paraíso!

Não há nenhum deus sem ser Allah. Ele disse-nos que se nós entrássemos num dos palácios, encontraríamos dez virgens com olhos negros deitadas em travesseiros de almiscareiro. Onde está Abu Khaled? Aqui! Ele chegou!

Quando elas te virem, elas vão-se levantar e correr para ti. Sortuda daquela que põe um polegar na tua mão. Quando elas te agarrarem, elas vão-te deitar de costas nos travesseiros de almiscareiro.

Elas vão-te deitar de costas, Jamal! Allah Akbar! Desejo isto a todos os que se encontram aqui.

Ele disse que uma delas vai por a sua boca na tua. Faz o que quiseres. Outra vai pressionar a sua face contra a tua, e outra vai pressionar o seu peito contra o teu e outra vai esperar pela sua vez.

Não há outro deus a não ser Allah. Ele disse que uma das virgens de olhos negros vai-te dar um copo de vinho. O vinho no paraíso é uma recompensa pelas boas ações. O vinho deste mundo é destrutivo, mas isso não acontece com o vinho do mundo que está para vir."

Esse é um exemplo do que conhecemos por Islã extremista, diferente daquele vendido para americanos e europeus. Ao mesmo tempo em que o Alcorão incentiva o pudor, abre espaço para a libertinagem na terra e cem vezes mais no paraíso islâmico. Centenas de muçulmanos se suicidam todos os dias com a vã esperança de serem honrados no paraíso com virgens de pele branca e olhos negros. Um belo exemplo de religião pura e unica!



Johnny Bernardo
do INPR Brasil







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As religiões em crise


O mundo nunca esteve tão fragmentado religiosamente como hoje. Alguém disse que a religião – referindo-se ao cristianismo e as diversas ramificações das religiões mundiais – são "reformulações" de doutrinas e religiões antigas. Das religiões primais vieram às nacionais, e destas todas as religiões mundiais. Trocando em miúdos, a religião é fruto de um processo evolutivo e sincrético. É preciso avaliar até que ponto isso é verdade, ou seja, se todas as religiões são frutos de uma miscigenação religiosa.

Geralmente quem olha para o mundo islâmico vê nele um povo unido, sem divisões dogmáticas ou administrativas. No entanto, o islamismo é uma das religiões mais fragmentadas do mundo. Além de xiitas e sunitas, existem pelo menos 70 seitas dentro do Islamismo. Há quem sugira que quanto mais distante fica de Meca, mais sincrética e oculta se torna a fé islâmica. É o que acontece no norte da África e países abaixo do Saara, onde o Islamismo muitas vezes se confunde com o ocultismo pagão, ou seja, é difícil saber onde termina a devoção islâmica e começa o culto pagão.

A Igreja Católica é outro exemplo de desfragmentação. O primeiro grande cisma ocorreu em 1054 quando a Igreja Ortodoxa de Constantinopla – por questões dogmáticas e administrativas – separou-se da Igreja Católica com sede em Roma. Atualmente existem cerca de 175 milhões de ortodoxos no mundo, presentes em sua maioria na Grécia, Turquia, Rússia e norte da África. Em 1517 ocorreria o maior cisma que a Igreja Católica jamais conseguiria reverter. Martinho Lutero rompeu com Roma e abriu caminho para inúmeros outros reformadores. Surgiram diversas denominações protestantes, tanto na Europa como no Novo Mundo (Américas).


Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos dedica-se ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e movimentos destrutivos.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.


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Um conflito que atravessa gerações

Grécia Antiga. Heródoto, Platão, Xenofonte e Ateneu descrevem, aos detalhes, aspectos ligados ao homossexualismo ateniense. A pederastia – relação sexual entre adultos e adolescentes – era uma prática “comum” na cidade-estado de Atenas. Jovens aprendizes, entre os 12 e 18 anos, submetiam-se a relações afetivas com seus tutores. Os filósofos atenienses viam na relação sexual com aprendizes uma forma de afinidade e de crescimento intelectual, o que representava uma realidade em ascensão em Atenas. Vista como exemplo de “democracia” no mundo antigo, a cidade-estado permitia aos seus cidadãos a livre opção pela sexualidade, mesclada com pequenos lampejos de organização social. O que os atenienses concebiam por “democracia” era, na prática, uma tipificação do que a sociedade contemporânea entende por “liberalidade sexual”.

Embora presente entre clérigos católicos da Idade Medieval, é com a Igreja Católica Apostólica Romana que os primeiros embates em torno do homossexualismo ganham forma e dimensão. Durante todo o período da Inquisição, e particularmente em Portugal, os conflitos com homossexuais aumentam na medida em que o Santo Ofício determina penas severas aos praticantes da livre opção sexual, como morte por fogueira. Um sermão proferido por ocasião de um Auto de Fé em Lisboa, em 1645, exemplifica o clima de embate entre católicos e homossexuais. “O crime de sodomia é gravíssimo e tão contagioso que em breve tempo infecciona não somente casas, lugares, vilas e cidades, mas ainda reinos inteiros! Sodoma quer dizer traição. Gomorra, rebelião. É tão contagiosa e perigosa a peste da sodomia que haver nela compaixão é delito”.

Na segunda metade do século XX, em Nova York, ocorre o que ficou conhecido como “Rebelião de Stonewall”. Reunidos no “Stonewall Bar”, em 28 de junho de 1969, cerca 400 gays desencadearam um movimento de rebelião contra a polícia nova-iorquina, com base na alegação de que eram constantemente “vítimas” de maus tratos e extorsões, por parte da polícia. A rebelião serviu de base para o início do que o movimento LGBT chama de “celebração do orgulho gay”, como também passou a ser utilizada como base de sustentação dos atuais movimentos de defesa dos direitos gays, havendo desdobramentos em inúmeros outros países, sendo o continente europeu a principal área de atuação dos ativistas, e a partir de onde várias organizações passaram a influenciar de forma decisiva outras regiões do planeta, a exemplo da América Latina. No Brasil, como também no México e na Argentina, o movimento homossexual se articula no sentido de pressionar o Estado a promulgar leis em defesa da comunidade gay, sendo o casamento civil, o direito a herança e a adoção de crianças alguns dos pontos defendidos, além de uma tentativa de fazer punir qualquer forma de expressão contrária ao homossexualismo. Neste contexto, evangélicos e católicos tornam-se os alvos principais de campanhas e protestos.

O direito a expressão religiosa, garantida pelas Constituições de 1891 e 1989, por exemplo, concede às entidades religiosas total liberdade para exporem opiniões e doutrinarem seus membros ou adeptos de acordo com suas normas de conduta e crença internas, o que inclui a questão da constituição familiar. A defesa, feita por igrejas evangélicas, de que homossexuais podem ser tratados e recuperados, é um direito constitucional, do qual o movimento LGBT não pode se levantar. Não há como equiparar, por exemplo, a critica a prática homossexual com os crimes de ordem racial. São casos distintos. Desde que entendida como opção de vida, de natureza psicológica ou social, o homossexualismo é passível de enfrentamento e recuperação. Ao mesmo tempo, as igrejas evangélicas têm o total direito de se oporem a influência de lideranças gays em assuntos do governo, como a educação sexual infantil, além de outros temas não diretamente ligados a questão homossexual, mas que interferem na ordem social.

A que se ressaltar, no entanto, que os direitos fundamentais do ser humano devem ser respeitados, mesmo diante de disparidades de ordem social ou religiosa. A crítica tem de ser baseada na prática, e não no praticante. Qualquer tipo de agressão ou incentivo à agressão deve ser punido na forma da lei. Tem-se que, ao mesmo tempo, respeitar os limites entre Estado e Igreja, bem como entre entidades representativas e o governo. Por mais justa e constitucionalmente correta, o enfrentamento da prática homossexual tem de ser feita internamente, voltada para a valorização dos princípios defendidos pela entidade religiosa, e jamais de forma estadualizada, porque poderia incorrer em algo próximo aos países teocráticos. Também não compete ao Estado financiar projetos ou materiais que fazem apologia ao homossexualismo. A defesa de minorias étnicas é uma questão totalmente diferente do uso do aparelho público para a defesa do homossexualismo.


Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos dedica-se ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e movimentos destrutivos.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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A fé adaptada ao meio

Trazidos da África para substituírem os índios no trabalho de mão de obra escrava, os negros que aqui chegaram tiveram de se adaptar à religião dos senhores escravistas, temerosos pelas constantes punições decorrentes do Tribunal da Inquisição. Em todo o país, mas particularmente na Bahia, os negros adoradores dos orixás se viram obrigados a adaptarem suas crenças e nomenclaturas às crenças e santos católicos. O sincretismo religioso foi a saída encontrada para a manutenção de suas comunidades e devoção religiosa – cada um dos 16 orixás cultuados pelos africanos de origem iorubá ganharam correspondentes no Catolicismo Romano. Dessa forma, Ogum, tido como orixá guerreiro, é associado a São Jorge, e Iansã, deusa dos ventos, a Santa Bárbara.

Tal sincretismo religioso – já antes verificável nos primórdios da Igreja Católica, em Roma e a partir de 385 d.C.– se deu no campo das crenças, da transposição de liturgias e de ídolos pagãos. Atualmente, no entanto, um novo tipo de transposição vem ocorrendo particularmente nos países de maioria cristã. A busca por aceitação social, comodidade, compatibilidade etc. vem norteando o surgimento de novas igrejas (inclusivas?) e tendências dentro de denominações protestantes e também católicas. São praticamente os mesmos objetivos dos negros africanos e dos pagãos europeus do período da conversão compulsiva, mas com uma variante: o foco hoje é o adaptar da fé a um estilo de vida, de opção sexual e de consumo. A ordem natural – pregada pela maioria das igrejas cristãs – é de que o meio tem de se adaptar a fé e não o inverso.

Vivemos um período de pós-modernidade, de contestação ao modelo tradicional de família, de conduta social. Progressistas e outros mais sugerem um novo modelo de sociedade, caracterizada por uma crescente liberalidade sexual, de opinião e quebra de outros valores tidos como fundamentais da humanidade. Há uma preocupação, contextualizada pela eleição do novo papa, quanto à preservação dos valores morais e a integração dos grupos sociais ao sagrado. O homossexualismo é um dos focos de preocupação, por conta da tentativa de aceitabilidade social. Para tal aceitabilidade social – acreditam alguns grupos de homossexuais -, o casamento cível, a adoção de crianças e o desenvolvimento de uma prática religiosa qualquer são elementos vitais. Há, portanto, uma tentativa de enquadramento da sociedade ao seu estilo de vida.

Neste contexto, a religião também deve ser adaptada, mesmo com uns poucos arranjos doutrinários. As igrejas inclusivas – das quais a Igreja da Comunidade Metropolitana, a Igreja Cristã Contemporânea e a Comunidade Cristã Refúgio destacam-se no cenário religioso brasileiro – propõem a inserção de homossexuais no universo evangélico, citando a Bíblia como “favorável” ao homossexualismo. A tentativa de adaptação da fé ao meio é nítida com a publicação, por Gladstone, do livro A Bíblia sem preconceito. Fundador da Igreja Cristã Metropolitana (2006), o carioca Marcos Gladstone acredita ser o homossexualismo uma prática natural e diz ter como principal objetivo auxiliar homossexuais vitimas de preconceito em igrejas evangélicas.

Embora diferente, a adaptação da fé ao meio é uma prática cada vez mais comum em igrejas neopentecostais, a exemplo da Igreja Universal, da Renascer em Cristo, da Bola de Neve e da Sara Nossa Terra. Se na Igreja Universal há uma tentativa de adaptação da fé ao estilo de vida consumista de seus fieis, na Renascer, na Bola de Neve e na Sara Nossa Terra há uma estratégia no sentido de acomodação de seus membros, com a reencenação do estilo de vida secular. Dessa maneira, o púlpito ganha a forma de uma prancha de surfe, a igreja é usada como pista de dança, de lutas de MMA e disputas de skate. Há uma tentativa de adaptação da fé ao meio, uma espécie de contextualização da mensagem bíblica com foco em grupos específicos, como surfistas, skatistas, fankeiros etc. A estratégia é vista com preocupação por outras denominações evangélicas, que veem no modelo uma distorção da liturgia bíblica e uma superficialidade da vivência cristã.


Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos dedica-se ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e movimentos destrutivos.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.


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A Teoria do Cavalo de Troia

Por Homero (séc. VIII), ficamos sabendo que a Guerra de Troia foi um grande conflito entre gregos e troianos, ocasionado pelo rapto da princesa Helena – esposa do rei espartano Menelau. Passados dez anos de intensos combates – que ocasionou a morte, de ambos os lados, de centenas de soldados e “heróis” de guerra -, Odisseu concebeu uma estratégia que poria fim aos conflitos: os soldados deveriam deixar o campo de batalha e embarcarem em seus navios, deixando em terra um gigantesco cavalo de madeira. Encontrado, foi levado para dentro dos muros da cidade para ser exibido ao público. À noite, enquanto os troianos dormiam, soldados gregos saíram do interior do cavalo para abrir os portões da cidade, permitindo a entrada de centenas de guerreiros, os quais subjugaram seus inimigos.

Desenvolvido pelos gregos como uma forma de estratégia para a derrota dos troianos, o Cavalo de Troia passou à história como um modelo de infiltração e dissimulação, desde então usado por governos e grandes corporações na tentativa de subjugar psicologicamente civis e consumidores. Marketeiros (políticos e comerciais) dedicam-se, hoje, a criação de figuras emblemáticas a partir do nada, transformando perdedores em vencedores e vencedores em perdedores. Segundo Braick, Patricia Ramos, Mota e Myriam Becho, autores de História, das Cavernas ao Terceiro Milênio (Moderna, 1998, p.101), a “manipulação do imaginário social, para a construção da imagem daquele que irá ocupar o poder, é particularmente importante”. Citando teorias filosóficas que auxiliaram reis durante o absolutismo monárquico, os autores concluem que “esses pensadores fizeram mais do que vender a imagem da realeza”.

A teoria do Cavalo de Troia é igualmente usada por movimentos destrutivos, a exemplo das diversas seitas norte-americanas que manipulam seus seguidores ao exigir total rompimento com familiares, amigos e relacionamentos amorosos como forma de dedicação à nova fé – à fé comunitária e isolacionista. O engodo, neste caso, é a ideia de que o líder religioso possui condições e conhecimentos necessários para livrar seus seguidores do mal, do inimigo que solapa a humanidade. É comum a veiculação de teorias conspiratórias, de mensagens do além sobre um possível despertar ou desfecho dos séculos, causado por um grande cataclisma mundial. Há sempre um inimigo a ser combatido, seja ele espiritual ou material. Jim Jones, para escapar da influência do governo dos EUA e continuar a explorar seus seguidores, transferiu sua organização religiosa para uma colônia agrícola de Jonestown, na Guiana Inglesa, onde liderou o maior suicídio em massa da História, quando 913 pessoas morreram vítimas de envenenamento.

Da Coreia do Sul para os EUA, o reverendo Sun Myung Moon (1920-2012) foi o responsável pela organização da maior e mais bem organizada seita destrutiva em atividade no mundo. Fundada em 1954, a Igreja da Unificação diz ter como principal missão recrutar jovens dinâmicos e do tipo mochileiros para participarem da construção do reino de Deus na Terra, missão está reivindicada por Moon. Segundo o jornalista francês Jean-François Boyer, autor de O Império Moon, os bastidores de uma seita impiedosa (Editora Globo, 1988, p. 27), “para acolher os candidatos nas melhores condições psicológicas possíveis – na calma, longe da família, dos amigos e tentações -, a igreja necessita de casas afastadas, espaçosas e, se possível, atraentes. Isso explica o porquê de o Movimento possuir em todo o mundo e em tão pouco tempo um rico patrimônio imobiliário”. Concluindo, Boyer declara que uma das fórmulas criadas pelo reverendo Moon para recepcionar novos candidatos, é “bombardeá-los com amor”. E eles o são!

Apesar de fundador e principal líder da Igreja da Unificação, Moon teve o auxilio de Yong Oon Kim, professora na Universidade cristã de Ewha, em Seul, onde, à época, lecionava Novo Testamento e religiões comparadas. Após contato com os ensinos de Sun Myung Moon – inicialmente com objetivos profissionais, de investigação -, Kim adere ao movimento, sendo a responsável pela aproximação da pequena comunidade com a alta burguesia coreana, elevando-a a novos patamares. É com o general Bo Hi Pak e seus recrutas que a Igreja da Unificação assumiria sua principal característica – a de oposição ao comunismo. Defensores da pátria e ferrenhos opositores ao comunismo, o grupo liderado pelo general Pak serviu de inspiração ao reverendo Moon. “Compreende também que ninguém pode se tornar influente na Coreia sem aparecer como um líder anticomunista confiável e eficaz” (O Império Moon, p. 125). Convertidos, Pak e seus recrutas deram novo sentido à Igreja da Unificação, fazendo dela uma potência mundial.

No Brasil, a Igreja Universal do Reino de Deus (1977) incorporaria parte das estratégias adotadas pela Igreja da Unificação, como investimento maciço em meios de comunicação, influência política e social, e o combate às religiões afro-brasileiras e o catolicismo romano como sua bandeira principal. Na guerra por consumidores de seus produtos e soluções mágico-espiritualistas, o senso de ética perde o sentido. Não há mais respeito à vida; no lugar, o aborto é reivindicado como elemento de disputa por fieis. De forma semelhante, a Igreja da Unificação – apesar de hastear a bandeira de promotora da paz no mundo – financia e aparelha guerrilhas da América Latina e África. São mecanismos de infiltração, de dissimulação de suas reais intenções na sociedade.


Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos dedica-se ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e movimentos destrutivos.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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O Ocidente está se rendendo ao Islã


Os recentes protestos no mundo islâmico e os discursos de conciliação do presidente dos EUA, Barack Obama, nos quais defende a honestidade e o pacifismo da maior parte do mundo islâmico – a exemplo dos sunitas, que representam hoje algo em torno de 90% dos mais de 1,5 bilhão de seguidores, e que são considerados “moderados” – demonstra que o islamismo está cumprindo seu objetivo, que é o domínio do Ocidente. É uma guerra de ideias, de palavras, mais do que de armas. 

O islamismo cresce de maneira silenciosa em toda a Europa, EUA e também no Brasil. Enquanto radicais islâmicos, ligados a segunda maior divisão do islamismo, conhecidos como xiitas, disseminam “terror” pelo mundo, outro grupo de muçulmanos avança com mesquitas gigantescas por todos os EUA, chegando às proximidades do Ground Zero (Marco Zero, em português) – local onde, em setembro de 2001, se deu o maior ataque “terrorista” conduzido por militantes da Al-Qaeda.

Não apenas nos EUA, mas em todo o continente americano o islamismo cresce de maneira significativa. Na Argentina, onde há entre 300 e 400 mil muçulmanos, funciona o maior centro islâmico da América Latina, o Centro Cultural Islâmico Rei Fahd – nome atribuído em homenagem ao Rei Fahd, governante da Arábia Saudita entre 1982 e 2005 e que se notabilizou pelos investimentos em reformas e construção de mais de 200 centros islâmicos e 1.500 mesquitas em todo o mundo. No Brasil, o número de muçulmanos já está na casa dos um milhão de seguidores, tendo o Estado de São Paulo como sua principal base de atuação, além de células (terroristas?) que supostamente atuam a partir de Foz do Iguaçu.

Uma religião pacífica?

A grande questão em torno do islamismo – e que tem sido foco de acirrados debates em igrejas e universidades pelo mundo – é se a religião fundada por Maomé pode ser considerada pacifica? Há quem acredite que sim, apesar dos constantes atentados promovidos por radicais islâmicos no Ocidente e também em países de maioria islâmica. Por questões estratégicas, o governo dos EUA tem investido na ideia de que o islamismo é uma religião pacífica, numa tentativa de isolamento de grupos radicais, como a Al-Qaeda, o Hesbollah e a Irmandade Muçulmana.

Apesar da tentativa da Casa Branca, o islamismo tem como base a guerra, a difusão da crença em Alah por meio da força, da imposição. O Alcorão possui diversas referências ao combate aos “infieis”, aos “inimigos” de Allah. Por outro lado, os primeiros anos de existência e expansão do islamismo ocorreram a partir de soldados islâmicos, organizados militarmente. O surgimento de grupos radicais é um fenômeno recente, em parte por culpa das potências ocidentais, como Grã-Bretanha e França, que, entre os séculos XIX e XX, subjugaram e exterminaram centenas de muçulmanos.

Subjugados, lideres islâmicos formaram grupos de oposição aos imperialistas, tornando populares os chamados homens-bomba – houve manifestações terroristas entre os séculos 14 e 16, mas é com a presença de tropas ocidentais em territórios islâmicos que os ataques são intensificados. Em algumas ocasiões, como no caso da expulsão das forças soviéticas do Afeganistão, na década de 80, a Casa Branca financiou e armou um grupo liderado por Bin Laden, que, mais tarde, viria a ser um dos maiores inimigos dos EUA e responsável pelo primeiro grande atentado terrorista em solo americano.

A relação entre a Al-Qaeda e os EUA exemplifica todo um processo histórico de intervenções no mundo árabe, financiamento de grupos rivais, e, ao mesmo tempo, fomentação de divisão dentre os muçulmanos. A estratégia, seguida de perto pela Grã-Bretanha, tem como resultado o crescimento do poderio de fogo dos radicais islâmicos e as consequentes tragédias decorrentes das intervenções. Ao mesmo tempo em que combate "radicais" no Afeganistão – acusados de crimes contra a humanidade -, os EUA mantém relações com ditaduras do Oriente Médio.

Como resultado das políticas dos EUA e seus aliados para o mundo islâmico, um fator aparentemente não previsível vem ocorrendo nos últimos anos: o aumento do poderio e da influência do islamismo em países ocidentais. O islamismo, ao contrário do que alguns analistas americanos poderiam sugerir, conseguiu se reformular e desenvolver uma nova estratégia de crescimento. O radicalismo islâmico, disseminado a partir de países como Irã e Síria, e o número cada vez maior de convertidos ao islamismo estão se tornando potenciais inimigos da Casa Branca, daí a importância – dada pelo governo americano – da disseminação de revoltas, financiamento de facções, e isolamento de grupos radicais - um tiro no próprio pé.


Johnny Bernardo

é pesquisador, jornalista, escritor, colaborador da revista Apologética Cristã, do jornal norteamericano The Christian Post, do NAPEC (Núcleo Apologético Cristão de Pesquisas), palestrante e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de religiões e crenças, sendo um dos campos de atuação a religiosidade brasileira e seitas do mal.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

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Defendendo a laicidade do Estado, pesquisador cristão afirma: “Mundo caminha para teocracias e fanatismo religioso”

Em ano eleitoral, o debate em torno da necessidade de laicidade do Estado fica mais frequente, e torna-se motivo de avaliações diversas sob pontos de vista ainda mais variados.

O jornalista e pesquisador sobre religião Johnny Bernardo publicou artigo sobre o assunto no site Genizah, e em sua análise, prognosticou que “a religião terá maior espaço nas gerações futuras do que na Antiguidade”.

Essa previsão, segundo Bernardo, se explica pelo fato de que cada vez mais, o debate em torno dos rumos da nação se dá a partir do ponto de vista religioso, e as disputas eleitorais ocorrem em torno de princípios que agradem às religiões e religiosos: “Nos países seculares ou laicos – mesmo que mantida a distância entre religião e Estado – há uma forte influência das organizações religiosas, pondo em risco os limites estabelecidos pelo republicanismo. Estados Unidos e Brasil são dois países onde a religião é tema frequente de debate e disputa política”, ilustra.

- Apesar de todos os conceitos pré-definidos na cartilha republicana e da luta por um Estado laico, a tendência mundial é a da divisão religiosa. Inevitavelmente o mundo caminha para teocracias, estados confessionais e um crescente fanatismo religioso. São consequências do desenvolvimento tecnológico, do isolamento cada vez maior da humanidade – observa o pesquisador evangélico.


Por Tiago Chagas, do Gospel+


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Revista Aventuras na História especula que Jesus teria amaldiçoado crianças e fugido da crucificação para morrer aos 120 anos na Índia

Especulações a respeito da história contada na Bíblia sobre a vida de Jesus e principalmente sobre os anos que não são registrados no livro sagrado, formam o tema da edição de dezembro da revista Aventuras na História.

A publicação faz diversas afirmações sobre as mais variadas fases da vida de Jesus. Há especulações de que Jesus teria nascido de uma relação extraconjugal, e que ele teria crescido sendo impaciente com professores, desobediente com seus pais e até amaldiçoado e agredido outras crianças.

A revista levanta ainda como hipótese uma suposta fuga de Jesus na época da crucificação, o que derrubaria por terra o plano de salvação. Como extensão dessa ilação, Jesus teria ido viver na Índia, onde teria se integrado aos costumes locais e morrido aos 120 anos.

Outras situações, como a existência de um evangelho escrito por uma mulher, que seria mulher de Jesus, também são mencionadas pela revista. “Há uma tentativa de desconstrução da imagem de Jesus, descrita nos Evangelhos”, afirma Johnny Bernardo, pesquisador e colunista do Gospel+.

Segundo Bernardo, alguns consideram Jesus apenas como um profeta e, por isso, olham a vida e ministério dele como uma história intrincada e rica, tornando-a um produto: “Jesus é explorado como nunca em livros de autoajuda, revistas, sites, etc.”, observa.

O pesquisador afirma que outros grupos também possuem interesses em forjar a imagem de que Jesus possuía envolvimentos com o misticismo, e ressalta a importância de levar em consideração apenas o relato bíblico: “Não há nos Evangelhos um detalhamento da vida de Jesus do período dos 12 aos 30 anos [...] simplesmente porque o foco da narrativa se concentra no ministério de Cristo, exercido após os 30 anos [...] O que temos de concreto é que Jesus cresceu ao lado de sua família, exercendo a profissão de carpinteiro e dedicando-se ao Reino de Deus”, pontua.

Bernardo encerra suas declarações a respeito das especulações citando uma passagem bíblica que explica a ausência da narrativa entre os 12 e 30 anos de Jesus: “Como o próprio apóstolo ou evangelista João declara: ‘Há, porém, muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém’ - João 21.25”.


Por Tiago Chagas, 

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Pesquisador afirma que associação da imagem de líderes à igrejas pentecostais leva à “descaracterização cristã”

O jornalista e pesquisador evangélico Johnny Bernardo escreveu um artigo analisando o fenômeno de igrejas pentecostais que ressaltam a imagem de seu líder e/ou fundador, associando-a à da própria denominação.

Citando estudos sobre religião, realizados por pesquisadores internacionais, Bernardo diz em seu texto publicado no Genizah, que a receita usada por essas denominações é “associar o crescimento das corporações religiosas ao forte apelo de suas lideranças”.

Fazendo comparação entre as denominações pentecostais que mais crescem, Johnny Bernardo afirma que existem diferenças na forma como tais igrejas aliam suas imagens à de seus líderes: “Enquanto na IURD não há uma preocupação em estampar em suas sedes e filiais o nome e imagem do fundador – embora a associação tenha se estabelecido de outras maneiras, como pelo lançamento da recente biografia de Edir Macedo, Nada a Perder -, nas demais igrejas neopentecostais a definição [...] ganha forma e dimensão. Amparadas nos programas televisivos, a imagem de R. R. Soares, Valdomiro Santiago e Roberto Damásio são reproduzidas nas fachadas e banners de suas denominações. O objetivo, como nos movimentos destrutivos, é a perpetuação da imagem e influência do líder máximo. Outra estratégia é a imitação da entonação da voz, gestos e vestimentas dos fundadores, usada nas filiais pelos representantes hierárquicos”.

Para o pesquisador, “o principal problema com relação à associação da imagem de um líder com uma igreja que tenha fundado ou exerce autoridade é a perpetuação no poder, ou seja, o coronelismo evangélico”.

Johnny Bernardo cita o pastor Silas Malafaia e a mudança de nome da denominação que preside como exemplos negativos: “A mudança na Assembleia de Deus da Penha (RJ) para Assembleia de Deus Vitória em Cristo é um claro exemplo de descaracterização. Ao associar a imagem do fundador do Ministério Vitória em Cristo, o Pr. Silas Malafaia, com a denominação da qual passou a ser o presidente, a AD da Penha perdeu parte de sua identidade”.


Fonte: Gospel+


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Na guerra entre as igrejas Universal e Mundial, os bispos Guaracy e Josivaldo Batista são as novas “figuras midiáticas”, afirma pesquisador

O duelo neopentecostal entre a Igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja Mundial do Poder de Deus está apresentando um novo capítulo.

Depois das revelações de desavenças entre o bispo Edir Macedo e o apóstolo Valdemiro Santiago, ex-bispo da IURD, e a divulgação de vídeos com troca de acusações mútuas, o novo episódio envolve figuras menores nas hierarquias, mas com grande apelo popular.

Segundo o pesquisador e colunista do Gospel+, Johnny Bernardo, especializado no estudo das religiões, os bispos Guaracy e Josivaldo Batista são os “novos ‘ícones’ do neopentecostalismo” no Brasil.

Guaracy, segundo Bernardo, vem sendo alçado à condição de “nova figura midiática” da Igreja Universal, através de uma estratégia muito usada pela concorrente Mundial.

- Creditando às campanhas “milagrosas” uma das principais causas do crescimento da IMPD, a IURD passou a investir em uma nova figura midiática, mais próxima aos anseios das pessoas que procuram suas reuniões. Trazido em 2009 da Bahia para São Paulo, o bispo Guaracy Santos é hoje uma das opções de “poder” da Igreja Universal. Gravado no Pelourinho, o programa “Duelo dos Deuses” passou a ser a marca distintiva do novo “ícone” da IURD, e que passou a rivalizar com os bispos da Mundial – contextualiza o pesquisador.

Por outro lado, o contra-ataque da igreja liderada por Valdemiro Santiago é baseado no bispo Josivaldo Batista, explica Johnny Bernardo: “Braço direito do fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus, o bispo Josivaldo Batista é uma voz em ascensão dentro da denominação. Cada vez mais presente na vida orgânica da IMPD, aos poucos desenvolve características próprias”

- Tomando como exemplo a Igreja Pentecostal Deus é Amor, o bispo Josivaldo Batista tem promovido um verdadeiro show de testemunhos de pessoas que afirmam terem sido curadas de paralisias, câncer, dores nas costas. Muletas e cadeiras de rodas são exibidas como provas da “operação” divina nas reuniões da sede mundial. Expressões típicas do fundador da IPDA, David Miranda, como “quem te curou?” e “glorifica igreja”, são usadas com frequência por Josivaldo Batista – revela o pesquisador, que afirma que Batista já tem seu grupo próprio de seguidores dentro da denominação.

Confira a íntegra do artigo “Bispos Guaracy e Josivaldo Batista: os novos ‘ícones’ do neopentecostalismo brasileiro”, de Johnny Bernardo, neste link.


por Tiago Chagas
do Gospel+





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