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Entrega o teu caminho ao Senhor

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“Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele o fará.” – Salmos, 37:5

Uma das metáforas mais recorrentes quando estamos falando sobre Deus é a do Caminho. Andar com Deus, seguir Seu caminho, não desviar do caminho, o caminho de Deus é mais estreito, mas é melhor e por aí vai.

Fazendo uso dessa imagem, eu quero te perguntar: e quando a gente sai do caminho, como faz para voltar?

Não é orgulho (ou vergonha) dizer que eu já me desviei desse caminho algumas vezes e, com isso, aprendi algumas coisas que ajudam a responder a pergunta acima.

1. Procure a companhia de bons amigos

Nós vivemos em uma sociedade e, por isso, somos extremamente influenciados por aqueles que nos cercam. Quando você perceber que está se desviando do caminho de Deus, cerque-se de amigos que você admira, que você gosta e que estejam seguindo o Caminho. Dessa maneira, vocês podem dar as mãos e ele pode te ajudar a voltar para a estrada novamente.

“Pois quando a sabedoria entrar no teu coração, e o conhecimento for agradável à tua alma, O bom siso te guardará e a inteligência te conservará; Para te afastar do mau caminho, e do homem que fala coisas perversas;” – Provérbios, 2:10-12

2. Leia a Bíblia

A Bíblia é, nessa metáfora, o mapa ou GPS do caminho. Ela vai te mostrar por onde andar, para onde olhar, de quais obstáculos desviar e como fazer isso sem se machucar. É a Bíblia também que vai te falar sobre as coisas maravilhosas que você vai encontrar no fim do caminho.

“O caminho de Deus é perfeito, e a palavra do SENHOR refinada; e é o escudo de todos os que nele confiam. Por que, quem é Deus, senão o SENHOR? E quem é rochedo, senão o nosso Deus?

Deus é a minha fortaleza e a minha força, e ele perfeitamente desembaraça o meu caminho.” - 2 Samuel, 22:31-33

3. Vá à igreja

Um dos motivos pelo qual eu acabo pisando fora do caminho é a falta de tempo para ir à igreja. Por que isso é tão importante? A igreja é o posto de gasolina, o lugar onde você vai achar combustível para seguir adiante. É onde você vê amigos e conhecidos avançarem na estrada, onde você é incentivado a continuar e onde, acima de tudo, você percebe que não está sozinho.

“Quão melhor é adquirir a sabedoria do que o ouro! e quão mais excelente é adquirir a prudência do que a prata! Os retos fazem o seu caminho desviar-se do mal; o que guarda o seu caminho preserva a sua alma.” – Provérbios, 16:16-17

Ser jovem crente no mundo de hoje é um desafio que exige muita determinação e fé. Embora tenhamos a sorte de viver em um país onde não se é apedrejado por suas escolhas religiosas, sofremos de dois grandes mals: o do preconceito disfarçado e o das tentações.

O preconceito disfarçado se faz notar em pequenos comentários no dia a dia. Por exemplo, quando você diz que ainda é virgem, ou que não bebe, ou que não quer ir naquele acampamento super legal que vai ter na faculdade, onde todo mundo fica muito louco. As pessoas reagem à isso, mesmo que não na sua frente.

As tentações, bem, elas sempre existiram. A diferença é que hoje os jovens têm mais liberdade. Muitos saem de casa cedo para estudar ou trabalhar e, longe das asas dos pais, fica mais difícil resistir à algumas coisas que sabemos ser errado diante dos olhos do Pai. As tentações são como pequenos contrabandistas à beira do Caminho, tentando fazer com que você compre coisas ou pegue um atalho e se desvie da rota que Jesus traçou para você.

Embora as três dicas acima sejam úteis para aqueles que querem voltar a andar sob a luz de Deus, é importante que você tenha mais uma coisa em mente (e aqui eu parto para outra metáfora): voltar para um caminho do qual você saiu é tão trabalhoso quanto represar um rio. É preciso força para mudar o curso do rio e sabedoria para saber para onde direcioná-lo.

O importante é não desistir. Deus está sempre com você, mesmo quando você está andando naquele caminho escuro. Você só precisa ir para a luz para vê-lo do seu lado.

“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno” – Salmos, 139:23-24.



por Amanda Melaré
do INPR Brasil






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A Ilha das Papuas

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Localizada na Oceania, Papua Nova - Guiné é um dos países que espera pela manifestação do Evangelho, pois há centenas de pessoas que habitam às montanhas que ainda não ouviram falar de nosso Senhor Jesus Cristo.

O nome Papua Nova - Guiné é extraída da palavra malaia "papuwah", por causa da exploração dos portugueses que, ao chegarem à ilha, viram um povo de cabelo enrolado. Significado do nome Papua "ilha das papuas" ou "ilha dos cabelos enrolados". Já o nome Guiné surgiu por causa da semelhança com a Guiné Africana.

Cerca de 80% da população que vive nas montanhas é analfabeta. Somente alguns homens têm acesso à alfabetização, e, quando se convertem, passam a ler a Bíblia ao mesmo tempo em que são alfabetizados. As mulheres não estudam. Apenas decoram versículos, pois não sabem ler.

Canibalismo

Nas montanhas de Papua, cercadas de 870 tribos diferentes, estão homens, mulheres e crianças vivendo em condições precárias. E o que é pior: o canibalismo é uma prática comum e avassaladora. Quem conhece essa realidade não deixa de perguntar: "Por que os papuas comem carne humana?" Desde que Papua existe, existe canibalismo. Na verdade, todas as circunstâncias negativas, apreensivas ou de ameaça conduzem à prática canibalesca, como traição, motivo de divórcio, lutas entre os clãs, ou, até mesmo, a visita indesejada de um missionário. Se uma pessoa sofre uma agressão, isso gera vingança, e a vingança é matar e comer o agressor. É a chamada justiça pelas próprias mãos.

Se houve uma luta entre tribos e algum adversário for capturado ou morto, com certeza será comido. Enfim, todo e qualquer sentimento de aversão, raiva, ódio e ofensa precisa ser justificado, e por isso matam. Após uma guerra tribal, em que há mortos, normalmente os corpos são mutilados e distribuídos entre as pessoas, que saem pelas ruas com sacolas cheias de pedaços de membros dos corpos das vítimas. As vezes pode ser vista uma perna para fora da sacola ou um braço balançando ou cabeças ensanguentadas.

Campanha evangelística

O filme "Jesus segundo o Evangelho de Lucas" é o carro chefe do trabalho evangelístico nesse país. Em 2001, foi dublado em pedigrin. Mas, como em Goroko não há televisão, a probabilidade de toda a aldeia comparecer ao cinema improvisado é de 100%.

A conversão dos papuas têm sido em massa. Quando veem a cena em que Jesus apanha, é judiado, cuspido e crucificado, começam a chorar. Quando, porém, assistem à ressurreição de Jesus, dançam e cantam, celebrando a vitória sobre a morte.

A Bíblia completa foi traduzida para o pedigrin em 1982, pela Missão Wiclef, mas muitos não sabem ler em pedigrin. Das centenas de tribos espalhadas por toda a Papua, 86% delas ainda não ouviram a respeito de Cristo; pensam que se trata de um político ou de alguma pessoa importante.

Um casal de missionários que atuou em Papua há alguns anos pintou no portão de sua casa a fígura de Jesus Cristo crucificado, e, muitas vezes, quando chegavam em casa, presenciavam grupos de pessoas chorando diante do portão. Muitos choravam porque tinham ouvido a mensagem; outros por causa da figura da crucificação, que causa impacto. E a pergunta ecoa: "Puxa, ele morrem por mim?".

Os papuas são receptivos ao que é novo. Ainda ais sendo de uma pessoa branca. Em Goroko, o Evangelho tem se expandido de maneira significativa. Mas ainda há muitas tribos aos redores que nunca falar a respeito de Jesus. Oremos para que todas as barreiras caiam por terra e que mais missionários sejam enviados ao povo dos cabelos enrolados.



por Johnny T. Bernardo
do INPR Brasil






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Visão Preventiva

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Vivemos dias em que os cristãos evangélicos estão acostumados e felizes somente com as experiências pentecostais, que segundo eles seria a única necessidade da Igreja. No Brasil temos inumeros cultos a Deus onde pessoas extravasam suas alegrias pela presença do Senhor – e isto é muito bom – pois na presença do Senhor há alegria (Sl 16.11). Porém muitas das vezes é perguntado a estes cristãos o que eles aprenderam naquele dia a respeito da Palavra de Deus, e às vezes a resposta é: “Não aprendi nada, mas o fogo invadiu minha vida”. Isto é uma preocupação que deveríamos ter em nossos cultos, experiências somente, sem conhecimento conduzirá uma geração de cristãos anêmicos da Palavra de Deus.

O ideal é um equilíbrio sadio, onde o poder de Deus deve ser latente em nossas reuniões, mas a Palavra de Deus ser uma realidade transformadora na vida dos cristãos (1 Cor. 1.5). O jovem pastor Timóteo foi aconselhado a pregar a Palavra a instar, fosse oportuno ou não (2Tm 2.4). Instar, no Aurélio, é “pedir com insistência”. Nada pode substituir a fiel pregação bíblica. Paulo não pediu a Timóteo que fizesse uma pesquisa a fim de descobrir o que as pessoas queriam. Devemos pregar a palavra e não palavras que agradem as pessoas. É como já dizia John MacCarthur Jr, “Filosofia, politica, psicologia, conselhos despretensiosos, opiniões humanas jamais são capazes de fazer o que a Palavra de Deus faz”. Infelizmente muitos já abandonaram a fiel pregação bíblica em favor de mensagens devocionais que têm o objetivo de fazer as pessoas se sentirem bem. Outros substituíram a pregação por uma dramatização e mesmo outras formas de entretenimento.

Creio que ainda é tempo de acordarmos e voltarmos à fiel pregação da Palavra de Deus. Nada pode tomar o seu lugar em nossas reuniões como igreja e mesmo em nossa devoção particular. A pregação cristã deve ter primazia e os ensinos devem ser uma constante nas igrejas. Lamentavelmente o povo acostumou com pregações ditas “fervorosas” esquecendo-se o ensino sistemático da Palavra, e o conhecimento dos cristãos tem sido negligenciado (Os 4.6). Em nossos cultos de doutrina, assim chamados muitas vezes não se tem doutrinas sendo ensinadas, e as doutrinas fundamentais tem sido esquecidas, hoje em dia. São raras as denominações que investem em doutrinas fundamentais, fazendo com que os evangélicos da atualidade não conheçam bem sua fé. Quando muitos evangelicos são abordados por adeptos de seitas não conseguem defender como o apostolo Paulo os ensinos da Palavra de Deus (Fil. 1.16). Isto sem contar os membros de igrejas cristãs que se perdem nas garras das seitas e vez por outra ouvimos desculpas, como: “Não eram dos nossos, senão permaneceria”.

No jornal Desafio das Seitas do 4º trimestre/2002 p. 5, relata bem o que estamos expondo:

Prezado leitor do desafio das seitas, é pena que muitos não tenham uma visão preventiva. Diz o dito popular que é melhor prevenir do que remediar… esta publicação tem sido de máxima utilidade, pois, infelizmente, um rapaz de nossa igreja, alegando várias “falhas do sistema evangélico (falta de amor, discordância da Doutrina Cristã, etc), foi enganado pela mensagem das testemunhas de Jeová e tornou-se adepto fervoroso da seita deles. É claro que estamos orando e trabalhando para trazê-lo de volta!”.

Esta reportagem mostra o estrago que as seitas estão realizando em nosso país que atualmente ocupa o segundo lugar no planeta onde existem mais testemunhas de Jeová. Há alguns anos ocupávamos o terceiro lugar, mostrando assim o crescimento desta seita em nosso país. Lamentavelmente as seitas estão se aproveitando da indiferença da igreja evangélica para com as doutrinas fundamentais e a apologética. Oremos para que esta situação de apatia espiritual seja mudada para em vez de apenas experiências pentecostais o ensino seja algo prioritário na Igreja cristã mundial (Mt 4.4).


por Marcos Lopez
do NAPEC para o INPR Brasil





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Deísmo: a cosmovisão de um Deus ausente

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Seguindo a proposta de estudo e análise sobre Cosmovisões e dada a apresentação a respeito do Teísmo darei andamento apresentando uma cosmovisão pouco conhecida, mas que precisa ser apresentada e refutada. Trata-se do Deísmo. E não devemos de modo algum pensar que pelo fato de nos dias de hoje tal cosmovisão não ser muito difundida que a mesma não precisa ser examinada, até por que os ideais do Deísmo permanecem ativos. [1]

Farei uma apresentação histórica sobre o Deísmo, mostrarei os principais expoentes de tal pensamento e os pontos totalmente contrários a fé cristã que tal cosmovisão apregoa.

Crenças e Histórico

Apesar de alguns pontos semelhantes entre o Deísmo e o Teísmo, é preciso ressaltar logo de início que as discrepâncias são o bastante para fazer de tais cosmovisões coisas totalmente distintas. Uma simples definição sobre o termo pode ser vista abaixo:

“O Deísmo (lat. deus, deus) é etimologicamente um cognato de Teísmo (gr. theos, deus), sendo que as duas palavras denotam a crença na existência de um deus ou deuses e, portanto, é a antítese do Ateísmo.” [2]

Embora creia na existência de Deus, o Deísmo difere do cristianismo ortodoxo por apresentar a cosmovisão onde Deus fez o mundo, mas que não interfere e interage na criação. No Teísmo cremos que o Senhor interfere na criação de modo sobrenatural, ou seja, é a intervenção de Deus em nosso mundo natural, ou simplesmente “milagres”. A crença deísta é que não existem milagres e interferência de Deus na criação. No Deísmo, Deus criou todas as coisas, mas as deixou para que mediante as imutáveis leis da natureza sigam seu curso. Deus é um fazendeiro que não se importa com seu campo. Ou mesmo como um exemplo muito usado para definir a cosmovisão deísta: Deus é como um relojoeiro que deu corda no relógio por ele feito e o deixou para funcionar, sem se interessar em intervir. Vejamos:

“Deísta é alguém que aceita Deus, mas descarta a intervenção divina no mundo. Mais importante que isso, a posição do deísta não é apenas que Deus não realizou nenhum milagre, mas que seria contra a própria natureza divina realizá-los. Deus criou uma ordem natural, e seria irracional e, conseqüentemente, impossível para Ele quebrar a ordem da natureza criada por Ele mesmo.” [3]

Outro grande erro do Deísmo é o conceito de autoridade. Enquanto que no Teísmo a autoridade é a Palavra de Deus inspirada e o testemunho do Espírito Santo, o Deísmo tem como autoridade o primado da razão. Desta forma os deístas até davam crédito ao cristianismo como religião, mas reinterpretaram de modo radical a teologia ortodoxa cristã. Na contramão da parceria sadia entre fé e razão, os deístas relegaram ao Espírito de Deus lugar secundário e substituem a revelação especial das Escrituras pela razão humana.

Além disso, negam a existência da Trindade, a encarnação (ou seja, o nascimento do Messias, Jesus Cristo, o Filho de Deus), a autoridade divina da Bíblia, e a expiação através de Cristo.
Todo este sistema de crença faz do Deísmo algo, no mínimo, estranho. Mesmo alegando a crença em Deus, o Deísmo se aproxima muito do Agnosticismo e Ateísmo. Um Deus que não se envolve com Sua criação, faz do todo um vazio angustiante. Faz de Deus um ser distante que não se interessa pela humanidade, que não se preocupa com o pecado e que, como já dissemos, não participou do milagre da encarnação.

No Deísmo não temos o milagre da vinda miraculosa e providencial do Filho, para expiação, redenção e justificação, reconciliando todas as coisas; logo, não temos o milagre da ressurreição, e nem mesmo a presença do Espírito Santo.

Este “relógio” tende a travar sem a graciosa intervenção do relojoeiro. Enquanto no conceito panteísta a ênfase é muito grande quanto à imanência de Deus, o deísta faz questão de enfatizar a transcendência de Deus, fazendo dEle um “Deus ausente”, tão ausente que se esquecem que o Senhor está imanente à criação em Sua Providência e como um Redentor na pessoa de Jesus Cristo.

A origem desta cosmovisão se deu no contexto do Iluminismo, que resumidamente pode ser definido:

“O Iluminismo do século 18 foi um movimento de idéias que buscava libertar a humanidade do erro e do preconceito e alcançar a verdade, o que, por sua vez, produziria liberdade. Muitos pensadores iluministas tinham como alvo a religião, pois eles a consideravam algo que incorporava o erro e o preconceito tão abominados. Em especial, consideravam o cristianismo e todas as outras religiões irracionais e inadequadas à época cientifica. O Iluminismo procurava explicações racionais para tudo o que era real, e a religião não era exceção.” [4]

O cenário armado da racionalidade levou o Deísmo à ênfase no aspecto puramente racional da religião. São também definidos como os pensadores religiosos europeus e norte-americanos dos séculos XVII e XVIII. Os deístas procuraram, diante do cenário Iluminista, adaptar a fé cristã a seu pensamento, sob o medo de que o cristianismo se tornasse irrelevante para o novo mundo (pós-Iluminista). Vale a reflexão interessante de notar como as tentativas de adaptação do cristianismo à cultura vigente podem ser trágicas.

É evidente que existe todo um panorama ao qual o surgimento do Deísmo está relacionado. A questão dogmática desta cosmovisão é o resultado da mescla de visões científicas-filosóficas, surgindo na Inglaterra do século XVII e se propagando pela França, Alemanha e Estados Unidos. [5]

Temos em Herbert de Cherbury (conhecido também como Edward Herbert, lord de Cherbury) (1583-1648), a figura precursora do Deísmo, conhecido como “pai do Deísmo inglês”. De certa forma, considerava a fé comum como irracional e lutava contra tal. Em sua linha de pensamento, propôs cinco “noções comuns da religião”, expostas pelo teólogo e historiador brasileiro Alderi Souza Matos:

“Cherbury propôs cinco ‘noções comuns da religião’ que são universais, racionais e naturais: 1. Há um Deus supremo; 2. Esse Deus deve ser adorado; 3. A essência da prática religiosa é a conexão entre virtude e piedade; 4. Os vícios e crimes humanos são óbvios e devem ser expiados pelo arrependimento; 5. Após esta vida haverá recompensas e castigos. Segundo Lorde Herbert, essas noções abrangiam todos os lugares e todas as pessoas. Ele se considerava cristão, embora fosse cético quanto a certas doutrinas, como a da Trindade. Seu livro foi amplamente lido no século XVII e lançou as bases do Deísmo.” [6]

O impacto que o ideal deísta tinha encontrou solo fértil influenciando o pensamento de muitos nomes amplamente conhecidos e sobre fatos históricos extremamente relevantes. Deístas como Charles Blount (1654-1693), John Tolard (1670-1722) e Lord Shaftesbury (1671-1713) levaram de modo ferrenho a filosofia deísta afirmando que o lado de mistério do cristianismo não comprovado por pressupostos racionais deveria ser descartado.

O Deísmo foi exportado da Inglaterra para França, vigorando seu ideal entre os filósofos do século XVIII. Dada a influência dos escritos de Herbert e Shaftesbury, traduzidos ao público francês, tivemos obras impregnadas com o pensamento deísta francês levadas ao público inglês, de autores como Rousseau (Jean Jacques Rousseau, 1712-1778) e Voltaire (François-Marie Voltaire, 1694-1778), que apesar de muitos não os considerarem deístas, tinham o pensamento norteado por tal cosmovisão.

O impacto foi tamanho que “na França a Igreja Católica Romana lutava contra esses deístas, livres pensadores que acabaram exercendo uma influência fortíssima sobre a Revolução de 1789, que se refletiu em toda a Europa”. [7]

Por fim, a grande difusão deísta se desdobrou com a imigração de oficiais ingleses aos Estados Unidos por força da guerra de 1756-1763. O pensamento deísta influenciou Benjamin Franklin (1706-1809), Stephen Hopkins (1707-1785), Thomas Jefferson (1743-1826) e Thomas Paine (1737-1809). Paine é considerado o grande difusor do Deísmo nos Estados Unidos por ser fervoroso militante. Seu livro “The Age of Reason: Being an Investigation of True and Fabulous Theology” (A Era da Razão: uma Investigação sobre a Teologia Verdadeira e a Fabulosa) foi obra de defesa da cosmovisão deísta, com propósito de alcançar os mais simples leitores, com tentativa de destruir as afirmações sobrenaturais apregoadas pela igreja.
Impactos

Como já havia mencionado, poucos são os que conhecem em nossos dias a cosmovisão deísta e muito menos os impactos que o surgimento do Deísmo causou. É importante destacar os impactos e como esta cosmovisão se “dissolveu”:

“Os deístas acabaram organizando sua própria denominação religiosa. Em 1774 surgiu em Londres a Capela de Essex, a primeira congregação unitária, ou seja, não-trinitária. Em 1785, a King’s Chapel, em Boston, antes anglicana, tornou-se a primeira igreja unitária dos Estados Unidos. Esse fenômeno se repetiu na década de 1790 com muitas igrejas congregacionais da Inglaterra e da Nova Inglaterra. Finalmente, em 1825 foi organizada uma nova denominação, a Associação Unitária Americana, tendo como seminário oficial a Escola de Teologia de Harvard. Todavia, a maior parte dos deístas não se filiou a essas igrejas.

O Deísmo se infiltrou silenciosamente na vida política e religiosa dos Estados Unidos. Seu Deus se tornou o Deus da religião civil americana, como se pode ver no lema nacional: ‘Em Deus nós confiamos’. Foi também o precursor da teologia liberal dos séculos XIX e XX”. [8]

Ainda segundo Ferreira e Myatt, o Deísmo “foi um precursor importante da teologia liberal que surgiu no século XIX (...) Visto que o conceito de Deus, no Deísmo, não serve para nada (...) o naturalismo surgiu em seu lugar”. [9]

Logo, apesar de dificilmente encontrarmos uma pessoa que se defina como deísta, os ideais do Deísmo estão presentes no cotidiano de muitas pessoas. Como cristão, é preciso batalhar pela Verdade contra os erros deístas.

Considerações gerais

Alguns reconhecem no Deísmo algumas contribuições, tirando algo de proveitoso desta cosmovisão. O uso equilibrado da razão em assuntos religiosos seria um desses pontos úteis, aplicando a razão contra muitas falácias feitas em nome de uma fé cega.

De forma bastante prática, ninguém entra num elevador no 25º andar de um prédio sem ter uma boa dose de bom senso e razoabilidade em saber que chegará sob segurança ao térreo. Da mesma forma em matéria de fé, não se deve abraçar qualquer “ultra” revelação (assuntos revelados fora das Escrituras) sem ponderar sobre os mesmos. Nesta matéria os deístas tiveram como mérito no passado expor muitas fraudes e superstições religiosas.

Além disso, a prerrogativa da racionalidade gerou saldo positivo no campo da crítica textual e exegese.

Outros defendem que o Deísmo possibilitou reflexão no aspecto da tolerância religiosa, o que possibilita um diálogo interreligioso respeitoso. Vale sempre lembrar e enfatizar: tolerância não é igual a concordância, sendo assim, é possível dialogar de modo respeitoso sem que isso implique em concordância.

O Espírito Santo nos convenceu plenamente da veracidade da fé cristã e este testemunho poderoso é único. Entretanto, o mesmo Espírito nos capacita e instrui a examinar matérias de fé, e neste sentido os fideístas erram ao não fazer uso da razão.

Apesar disso, o Deísmo é uma cosmovisão que merece ser rechaçada. Como visto acima, possui inúmeros pontos que divergem a fé cristã e estão sob crítica.

Primeiro, é incoerente pensar que um ser poderoso o bastante para criar o universo não seja capaz ou não queira intervir na ordem da criação, ou seja, efetuar milagres. Já que Ele criou a água, qual a dificuldade de dividir a mesma ao meio ou permitir que alguém caminhasse sobre ela? Se Deus criou a matéria e a vida, qual a dificuldade de multiplicar pães e peixes? Para um Deus que criou o universo sem material preexistente, ou seja, ex nihilo, do nada, qual o problema ou dificuldade de fazer voltar a vida um ser já morto, fazer o Messias nascer a partir de uma virgem e após a morte Ele ressuscitar em esplendor e majestade? Diante do grandioso milagre da criação, milagres “menores” seriam problemas e dificuldades?

Segundo, para um Deus que criou o universo e deu à humanidade a oportunidade de viver e multiplicar-se num mundo sob boa dose de bem-estar, qual o problema deste Deus relacionar-se com as pessoas que Ele mesmo colocou na criação de todas as coisas? Um Deus que se preocupou com coisas tão grandes, não se preocuparia com detalhes menores? Pensemos neste maravilhoso e poderoso Deus, que se preocupou com a posição de Alfa-Centauri, fazendo dela a mais brilhante estrela da constelação de Centauro e a terceira mais brilhante do céu, e ao mesmo tempo se preocupa com o íntimo de cada pessoa que habitou, habita e habitará o planeta que Ele criou.

Que amor é esse?

Por fim, muito se criticou sobre o texto bíblico no início do Deísmo. Os racionalistas alegavam que a Bíblia é fraudulenta e intencionalmente manipulada. Muitos alegavam manipulação do texto profético e que os verdadeiros autores não eram os que de fato aparecem no texto bíblico. No entanto, a arqueologia prova a cada dia a veracidade da Bíblia. As “pedras clamaram” e mais de 25 mil descobertas arqueológicas já foram realizadas sobre o relato do mundo antigo em consonância com a Bíblia. [10]

Infelizmente todo ataque deísta contra os ensinamentos cristãos, como na maioria das cosmovisões conflitantes, não passam de erros cometidos em função de um conhecimento superficial e ingenuidade sobre a Verdade que é Jesus Cristo.

Providência Divina

Deus não para de trabalhar (Jo 5.17)! Dentro da Teologia Cristã o ato de Deus de sustentar todas as coisas é chamado de providência. O Criador preserva tudo, opera em tudo e tudo está patente ao Seu controle. Na doutrina da providência, temos a soberania de Deus e a criação em conjunto.
A doutrina da providência trabalha no sentido de mostrar como Deus conduz todas as coisas segundo seu propósito perfeito:

“Ela procura dar resposta para a pergunta sobre se há uma ordem por detrás de todos os acontecimentos, ou se tudo acontece de modo aleatório (...). Na Escritura, podemos ver três modos nos quais a providência divina se manifesta: na preservação, na concorrência e no governo. Esses três modos providenciais de Deus revelam a maneira e o propósito pelo qual o mundo continua a existir, após ter sido criado, e espantam toda noção de acaso ou fatalismo”. [10]

Em resumo:

  • Deus preserva todas as coisas: Hb 1.1-3; Ne 9.6; Sl 145.15-16; Sl 104.27-29; Mt 6.26; Mt 10.29-30.
  • Deus age em todas as coisas: At 17.28; 1Co 15.10; Is 45.1-2; Gn 45.8; Lc 22.21-22.
  • Deus governa todas as coisas: Ef 1.5; Rm 12.2; Rm 8.28.“Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nele espera”. Is 64.4
  • Não existe sorte, mero acaso ou abandono de Deus. Existe Sua providência em tudo, e por isso, e por quem Deus de fato é, somos gratos, O adoramos e temos comunhão com Ele.

Toda honra e glória ao Senhor!

Notas

[1] vide ensaio “Reflexões sobre Teísmo e a cosmovisão cristã”
[1] MACDONALD, Michael H. “Deísmo” in ELWELL, Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, Vol. I. São Paulo: Edições Vida Nova, 1988. p. 402
[2] CORDUAN, Winfried. “Milagres” in BECKWITH, Francis J., CRAIG, William Lane e MORELAND, J.P. Ensaios Apologéticos. São Paulo: Hagnos, 2006. p. 196
[3] ECKMAN, James P. Panorama da História da Igreja (Curso Vida Nova de Teologia Básica). São Paulo: Edições Vida Nova, 2005. p. 86
[4] CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. São Paulo: Edições Vida Nova, 1995. p. 323
[5] MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. São Paulo: Mundo Cristão, 2008. p. 211
[6] CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. p. 324
[7] MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da Teologia Histórica. p. 213
[8] FERREIRA, Franklin e MYATT, Alan. Teologia Sistemática. São Paulo: Edições Vida Nova, 2007. p. 300
[9] GEISLER, Norman. Enciclopédia de Apologética. São Paulo: Vida, 2002. p. 248
[10] LIMA, Leandro Antonio de. Razão da Esperança. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. p. 173-174



por João Rodrigo Weronka
do NAPEC para o INPR Brasil







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Uma metrópole e várias religiões

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Em recente artigo sobre as religiões de Nova York, oferecemos uma breve introdução ao que chamamos de “fenômeno religioso globalizado” ou “as religiões das cidades globais”. Na ocasião, fizemos referência a São Paulo como uma das cidades – alvo das grandes religiões, a partir de onde milhares de grupos se difundem pelo país e controlam seus rebanhos. É o caso, por exemplo, da Perfect Liberty (com 14 representações, dentre as quais uma clínica de Assistência Médica na vila Mariana), da Messiânica Mundial (com sede em SP e que possui uma área de 327.500 às margens da Guarapiranga onde funciona o “Solo Sagrado”), da Seicho – no – iê (com sede no Jabaquara) da Congregação Cristã no Brasil (Brás), da Catedral Metropolitana Ortodoxa (uma espécie de Sé da Igreja Ortodoxa Antioquia) etc.

Nos últimos anos São Paulo tem experimentado também o crescimento das religiões esotéricas, como o Círculo Esotérico Comunhão do Pensamento, o Templo do Poder Espiritual e Cura Interior e grupos católicos exóticos, como a Igreja Católica das Santas Missões que promove campanhas de cura, libertação e exorcismo dirigidas pelo Pe. Zezinho e equipe de videntes (Brás).

A rádio Mundial é o front de batalha e marketing do esoterismo em São Paulo. Esotéricos, como a profetisa Lucia de Luca (do Templo do Poder Espiritual e Cura Interior) utiliza o espaço para divulgar suas campanhas de queima de espinhos, consultas de espiritualidade, o que são espíritos obsessores etc. Há ainda outros, como o médium Luiz Antonio Gaspareto (que afirma incorporar espíritos de pintores famosos), Primaz Aldo Bertoni (atual presidente da Igreja Apostólica Santa Avó Rosa, com sede no Tatuapé e apresentador da Hora Milagrosa) e o Pai Valdir de Oyá (sacerdote e Babalorixá do Culto dos Orixás e que mantém um instituto que leva seu nome).

Também encontramos em São Paulo grupos terapêuticos e de cura interior, como as palestras de regressão psicológica promovidas pelo terapeuta Amadeu Wolf em sua sede em SP e em hoteis do Estado. Mas o destaque recai mesmo sobre as igrejas neopentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus (Brás), Igreja Apostólica Renascer em Cristo (Vila Mariana), Internacional da Graça de Deus (Centro), Igreja Mundial do Poder de Deus (do bispo Valdomiro Santiago e que funciona no galpão de uma antiga fábrica da Rua Carneiro Leão, no Brás) e a mais recente, a Igreja Mundial Renovada (uma dissidência da IMPD e que funciona a poucos metros da Igreja Mãe).

Das igrejas neopentecostais, a IURD é a de maior destaque. É dela o projeto de maior ambição - pretende construir uma réplica do Templo de Salomão no coração de São Paulo. Há ainda outras mega – igrejas, como a sede da Deus é Amor na Baixada do Glicério que é cinco vezes maior que a Catedral da Sé, há poucas quadras de distância.

São Paulo é mesmo uma cidade multifacetada. Segundo uma reportagem feita em 2009 pelo jornal O Globo, a cidade de São Paulo ganhou, em média, um novo templo religioso a cada dois dias nos últimos quatro anos anteriores a matéria. Dados da Prefeitura mostram que somente em 2009 haviam 3.584 imóveis registrados como templos ou igrejas. O jornal chama atenção também para a diversidade.

“Entre as igrejas, há locais que abrigam punks, gays, judeus, católicos, evangélicos e mórmons. Em muitos casos, são imóveis adaptados para receber os fiéis. A igreja Renascer, cujo teto desabou no Cambuci, matando nove pessoas e ferindo mais de cem, era um cinema e também já foi uma concessionária de automóveis. O local está sendo demolido. Na zona leste, uma lanchonete do Mc Donald's foi adaptada para se tornar um templo da Universal.

A Avenida Celso Garcia, na zona leste, transformou-se numa espécie de 'avenida da fé'. Pelo menos oito templos com credos diferentes foram abertos quase vizinhos uns aos outros. Os templos estão a menos de 400 metros uns dos outros.”



por Johnny T. Bernardo
do INPR Brasil







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