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Religiões Comparadas: Budismo

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O budismo é uma religião de abrangência e importância mundial. Está presente em todos continentes, com evidente predominância na Ásia, a ponto de ser designado como a “Luz da Ásia”. Já foi a religião oficial da Índia – pátria mãe do budismo – durante o século III a.C., onde praticamente desapareceu.

É importante destacar que embora o budismo possua profunda característica religiosa nos dias atuais, é um movimento “sem deus ou deuses”, o que faz muitos budistas afirmarem que se trata apenas de uma filosofia de vida ou então um simples caminho de crescimento espiritual, através dos ensinos deixados por Buda.

Sidharta Gautama – ou Gautama Buda – o fundador do budismo, não acreditava em deuses, o que fez da literatura monástica budista um movimento onde o conceito de divindade seja insignificante ou até mesmo nulo.

Interessante é notar que com o tempo o próprio Gautama foi endeusado por seus seguidores, a ponto de ser visto, sejam em templos ou nas casas de seus seguidores, estátuas que simbolizam Buda, sejam estas minúsculas ou colossais que remetem os budistas à idolatria e adoração ao fundador deste sistema de crença/filosofia.

SIDHARTA GAUTAMA

A origem do budismo está totalmente ligada à vida de Sidharta Gautama. Este homem nasceu em torno de 563 a.C. vivendo até 483 a.C.. Ele nasceu na região noroeste da Índia, nas planícies de Lumbini, que hoje pertence ao Nepal, ao sul deste país.

As histórias a respeito do budismo – segundo a tradição – apontam Gautama como um príncipe que teve a vida severamente protegida por seu pai, chamado Sudodana, um importante governante/nobre.

Aos 16 anos Gautama já era dono de três palácios, o que evidencia sua vida aristocrática. Aos 19 anos casou-se.

A GRANDE RENÚNCIA

Com aproximadamente 29 anos de idade, Gautama decide conhecer o mundo que se encontrava além das muralhas que o cercava. Ele pode contemplar quatro cenas até então desconhecidas: ele se deparou com um ancião, em seguida com um doente, um defunto e um asceta, cada um em determinado momento. Tais encontros o levaram a um profundo período de reflexões sobre o real sentido da vida, até que decidiu abandonar sua vida de conforto e luxo, bem como sua família, para então integrar um grupo de monges.

Vale lembrar que a expressão Buda não corresponde a um nome próprio, mas a um título aplicado a Gautama. Buda significa Iluminado, Sábio, O Bem Aventurado.

Este título foi aplicado a Gautama devido a sua insatisfação com a vida material que o levou a abandonar todo mundo que o rodeava, fato este conhecido por “A Grande Renúncia”.

Ao abandonar tudo, Gautama se tornou um asceta errante à procura de iluminação. Conta a tradição budista que após 6 ou 7 anos de peregrinações, Gautama encontrou o chamado “Verdadeiro Caminho” após profunda meditação abaixo de uma figueira designada por árvore bodhi (Árvore da Sabedoria) onde Gautama Buda atingiu o Nirvana e a partir deste instante desenvolveu todo corpo doutrinário do budismo. Não vamos nos ater aos ensinos budistas propriamente ditos neste momento, mas sim ao aspecto histórico.

EXPANSÃO

Após a morte de Gautama, o budismo avançou pela Índia e enviou missionários para diversos países asiáticos. É justamente no continente asiático que o budismo concentra o maior número de praticantes.

No ocidente consta o registro da construção do primeiro templo budista nos Estados Unidos, no ano de 1898 na cidade de São Francisco. Em 1906 é fundada na Inglaterra a Sociedade Budista da Inglaterra. Na França, no ano de 1929 foi fundada a Sociedade dos Amigos dos Budistas. No Brasil o budismo chegou na década de 20.

O NIRVANA

Sidharta Gautama atingiu o Nirvana após profunda meditação. Este estado onde Gautama adentrou o levou a profunda compreensão da realidade, que é mais que transitória, ou seja, é uma realidade absoluta além do tempo e espaço. Neste estado, Gautama pode dominar seu desejo de viver, e isso não mais o prenderia à matéria. O benefício que Gautama descobriu foi que não haveria mais necessidades de retornar ao corpo material em novas encarnações: o ciclo de reencarnações estaria encerrado.

Gautama descobriu que o caminho ficou aberto para que ele pudesse abandonar o mundo e atingir o Nirvana Final. O Nirvana Final é como um eterno apagar de luzes. No seu entendimento, a alma não é eterna. Sendo assim, a alma, após sofrer inúmeras reencarnações se tornaria como o fogo de uma lamparina, que se passa de uma para outra, até finalmente extinguir-se. O Nirvana Final não é um estado de gozo e alegria eterna, mas sim um triste fim de inúmeros ciclos de vida que não levaram a lugar algum. É simplesmente, no entendimento budista, o fim da reencarnação.

ENSINOS: BASE DOUTRINÁRIA

Após a iluminação, Gautama (a partir de agora “Buda”) fez seu primeiro sermão, conhecido como Sermão de Benares, pois foi feito na localidade de Benares, atual Varanasi, cidade ao norte da Índia. Este sermão é conhecido como As 4 nobres verdades.

As 4 nobres verdades sobre o sofrimento:

1) A verdade santa sobre o sofrimento:

Tudo no mundo é sofrimento. Nascer, envelhecer, morrer, estar unido às coisas que não trazem satisfação, separar de coisas agradáveis, não conseguir aquilo que queremos. Tudo isso corresponde a sofrimento intenso. Para o Budismo, como tudo é passageiro, a vida é marcada pelo sofrimento.

2) A causa do sofrimento:

Buda afirma que todo sofrimento humano tem como causa comum o desejo. Como o desejo pelas coisas acarreta obstinação, o homem nunca conseguirá saciar por completo seus desejos, e isso produz sofrimento.

3) A suspensão; a cura do sofrimento:

Para encerrar o sofrimento, os desejos devem ser dominados. Após dominar o desejo, o estopim do Nirvana é aceso. O homem precisa enfrentar sua ignorância para se libertar dos desejos. A ignorância produz desejo, o desejo produz atividade, a atividade traz renascimento e este produz mais ignorância. Vencer a ignorância rompe o círculo vicioso.

4) O caminho para cura do sofrimento:

Para Buda, a cura para o sofrimento e libertação dos ciclos de renascimento é possível ao seguir-se o Caminho das Oito Vias, ou Nobre Caminho Óctuplo, este pode ser resumido assim:

Nobre Caminho Óctuplo

1. Crença justa ou livre de superstição e de engano;

2. Resolução justa, não causando dano a nenhum ser vivo;

3. Palavra justa, bondosa, franca e verdadeira;

4. Ato justo, honesto, pacífico e puro;

5. Visão justa, elevada e digna de um homem inteligente e sincero;

6. Esforço justo, para desenvolvimento e domínio próprio;

7. Pensamento justo, ativo e vigilante;

8. Meditação justa, profunda sobre a realidade da vida.

ADEPTOS NO MUNDO

O budismo é uma religião de abrangência mundial, com predominância em países asiáticos como China, Mongólia, Mianmar, Tailândia, Camboja, Nepal e Japão.

Estima-se que cerca de 5,9% da população mundial (algo em torno de 380 milhões de pessoas) confessem o credo Budista. No Brasil existe a estimativa de que 0,15% da população (cerca de 280 mil pessoas) sejam budistas.

ESCOLAS BUDISTAS

O budismo possui divisões que são chamadas de “Escolas”, conforme a doutrina seguida. Originalmente o budismo era formado por cerca de 18 escolas. Com o passar dos anos muitas destas escolas deixaram de existir ou foram absorvidas pelos movimentos hoje existentes. Os demais grupos ou partidos que confessam variações do budismo são frutos destas correntes principais, a Maaiana e Teravada.

BUDISMO MAAIANA (OU MAHAYANA)

A Escola Maaiana teve origem em 185 a.C., sendo designada como “Escola Maior”, “Veículo Maior” ou “Caminho de Muitos”. Em contraste com a Teravada (Escola mais tradicional), a Maaiana é um segmento budista mais liberal. Sua presença é marcante nos países do norte asiático, como Coréia, Japão, China, Tibet, Nepal, Indonésia e Vietnã.

Para os Maaianas, Buda é considerado um ser divino, pois acreditam que ele optou em abdicar do Nirvana Final para ficar por mais tempo na Terra ensinando os sofredores. Para esta Escola, o amor e compaixão são considerados fundamentais, sendo assim, para os Maaianas, aquelas pessoas que buscam a iluminação (no campo pessoal/individual), são considerados seres egoístas.

Esta Escola possui características particulares que a levou a posição de destaque em relação à Teravada. Isso se dá por sua capacidade de adaptação cultural, às questões do cotidiano, à compaixão e amor e ao sincretismo religioso. A Maaiana é contrária e rejeita o asceticismo extremo dos Teravadas, crendo que toda e qualquer pessoa, mesmo sendo leiga, possa alcançar a iluminação.

ESCOLA TERAVADA (OU THERAVADA / HINAYANA)

A palavra Hinayana significa “Pequeno Veículo”, em contraste com a Escola vista anteriormente. É a segunda grande divisão do budismo, prevalecendo ao sul asiático, em países como Sri Lanka, Mianmar, Tailândia, Laos e Camboja. É considerado o lado mais conservador do budismo, cuja expansão significativa ocorreu em torno do século III a.C.

Diferente dos Maaianas, os Teravadas crêem que leigos não podem atingir a iluminação, sendo assim, apenas os monges podem alcançar este objetivo final. A dádiva maior para um leigo é poder reencarnar como um monge numa futura existência.

O asceticismo é marca desta corrente. No entanto vale a ressalva que ambas as Escolas prestam grande reverência a pessoa de Buda (Sidharta Gautama).

DEMAIS GRUPOS BUDISTAS

O budismo possui outras facções que surgiram ao longo da história, como por exemplo, o budismo Nichiren-Shoshu, Soka Gakkai e o Zen-Budismo.

ZEN-BUDISMO

É muito comum nos dias de hoje ouvirmos a expressão “Zen”. Quando uma pessoa está ou é quieta e pensativa, logo surge alguém para rotulá-la como alguém Zen. De onde vem tal costume?

Os grande pioneiros do Zen-Budismo no Japão foram Eisai, que fundou a seita Rinzai em torno de 1191 e Dogen, que fundou a seita Soto em 1227.

O vocábulo Zen significa algo como “meditação”. O Zen-Budismo tem sido propagado de forma crescente no ocidente, desde sua chegada entre o entre os séculos XIX e XX através de D.T. Suzuki.

O Zen é uma mistura eclética de várias correntes. Possui, por exemplo, a característica Maaiana de que todas as pessoas podem ser iluminadas. Possuí também traços do panteísmo, crendo que o cosmos é “um no todo”. A ioga é prática comum para os zen-budistas.

Não existe concepção do divino para o Zen. Os praticantes devem se submeter a intenso esforço próprio, meditação e muito treinamento em direção à iluminação.

Assim como tem acontecido com os fenômenos espiritualistas do Movimento Nova Era, o ingresso de tantas pessoas nas Escolas Budistas se dá pela combinação de frustração com o materialismo e o fascínio pela espiritualidade oriental.

PARALELOS E PERPENDICULARES

Algumas escolas e faculdades teológicas trazem em sua grade curricular uma disciplina chamada “Religiões Comparadas”. Faremos exatamente isso aqui: comparar aquilo que cremos e praticamos em matéria de fé (cristianismo) com o budismo. Focamos até o momento os estudos no aspecto histórico do budismo. Agora faremos a comparação com o Cristianismo.

TENTATIVAS DE TRAÇAR PARALELO

É um fato que os ecumênicos de plantão sempre farão esforço para traçar paralelo forçado entre as religiões e crenças. Por mais que os propósitos e crenças sejam totalmente incompatíveis, haverá sempre alguém disposto a gritar com toda força que todos os caminhos levam a Deus, ou que todas as religiões são boas, ou que somos todos filhos do mesmo Pai. Os que tentam fazer paralelo entre cristianismo e budismo, normalmente trabalham no seguinte eixo, comparando Jesus Cristo com Buda:

a) os discursos: ambos se levantaram na sociedade de sua época e seu povo, em dado momento, para trazer seus ensinos iluminados, formando assim discípulos e tornando-se grandes mestres e exemplos para posteridade;

b) ensinos espirituais: ambos buscam levar o homem ao desprendimento material e a voltar-se para o lado espiritual. A busca desenfreada pelos prazeres materiais leva a frustração;

c) o amor: dentro do cristianismo o amor é fundamental. O ensinamento de Jesus (segundo grande mandamento) é que os seus devem amar o próximo como a si mesmo; amar os inimigos é um ensino moral do Cristianismo. Para os budistas, principalmente da Escola Maaiana, o amor e compaixão são dois alvos, duas virtudes, dois objetivos a se alcançar. O budista que vive uma vida regrada nos ensinos de Buda procura uma vida correta e amorosa.

A REALIDADE PERPENDICULAR

Apesar das grandes tentativas de harmonizar Jesus com Buda, a mistura não é possível. É água e óleo.

Embora os princípios de boa moral, vida regrada, amor ao próximo e misericórdia estarem presentes no budismo e no cristianismo, cada caminho é um caminho, cada qual ensina pontos fundamentais distintos e não é possível transitar em duas estradas ao mesmo tempo. A fé cristã é completamente divergente do que se apregoa no budismo.

É preciso traçar um comparativo doutrinário para, de forma resumida e eficaz, verificar se a base doutrinária cristã – Deus, Jesus Cristo, Espírito Santo, Bíblia e Salvação – é a mesma base doutrinária do budismo. Vejamos se há compatibilidade (para informação adicional, leia os ensaios “O exclusivismo cristão”, “Pluralismo Religioso”):

BUDISMO

Deus - "No Budismo existem dois entendimentos sobre Deus; ou Ele é ignorado, pois não pode interferir na vida das pessoas; ou Deus é tudo e tudo é Deus (panteísmo). Apesar de não glorificarem a Deus, Buda foi “endeusado” por seus seguidores".

Jesus - "Jesus foi um grande mestre, professor puro da mais alta moral, uma reencarnação de um buda. Alguns crêem que Ele peregrinou até o Tibet e Índia."

Espirito Santo - "Não possui nada formulado ou entendido sobre o Espírito Santo."

Bíblia - "Despreza a Bíblia como Palavra de Deus; seus ensinos estão estruturados num conjunto de três obras literárias chamadas de Triptaka."

Salvação - "Não existe vida eterna com Deus; não há alegria ou gozo eterno, apenas o encerrar das reencarnações e o “apagar de luzes” do Nirvana Final."

CRISTIANISMO

Deus - "Deus é soberano, é o Todo-poderoso, Pai bondoso. É o único Deus e Se revela e Se relaciona com os que O buscam – Gn 1.1; Êx 3.14; Sl 47.2,7,8; 139; Is 40.12-18; 43.11; 44.6; 1Jo 4.8."

Jesus - "Jesus Cristo é Deus Filho, a segunda pessoa da Trindade – Is 9.6; Mt 1.23; Jo 1.1; 10.30; 14.9; 20.28; Rm 9.5; 2Co 4.4; 1Ts 2.3; Cl 1.15; 2.9; Fp 2.5-7; 1Jo 5.20.."

Espírito Santo - "O Espírito Santo é a terceira pessoa da Trindade Divina – Sl 139.7-12; 143.10; Jo 16.7-14; At 5.3-4; 10.19-20; 2Co 3.17; Ef 4.30; 1Ts 5.19."

Bíblia - "A Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus inspirada – Sl 19.7-10,119; Jo 17.17; 1Tm 4.9; 2Tm 3.16; Hb 4.12-13; 2Pe 1.20-21."

Salvação - "Salvação pela graça, mediante a fé em Jesus Cristo. A morte reserva a vida eterna ao lado de Deus. A crença está em torno da ressurreição dos mortos, não existindo possibilidade de reencarnação – Jo 3.16; 14.6; At 14.12;Rm 3.23-26; 10.9-10; Gl 2.16; Ef 2.8-9; Tt 3.4-5."


CONCLUINDO

Por mais nobre que sejam as motivações, não há como tentar conciliar a prática budista com a fé cristã. As cosmovisões são opostas, completamente divergentes.

Concordo com a afirmação incisiva de Josh McDowell:

Há divergências radicais entre o budismo e o cristianismo que tornam impossível qualquer tentativa de reconciliação entre as duas crenças.[1]

Como vimos, o entendimento sobre os pilares elementares do cristianismo é muito avesso no budismo; apesar do segundo ensinar muitas coisas nobres, diverge significativamente do primeiro.

O cristianismo é uma fé baseada em Jesus Cristo exclusivamente, e como Ele afirmou ser o único caminho e único mediador (Jo 14.6; 1Tm 2.15), pela fé e pela razão, confiamos nossas vidas apenas em Jesus Cristo:

E você?


NOTA

[1] MCDOWELL, Josh. Respostas convincentes. São Paulo: Editora Hagnos, 2006. p.312



por João R. Weronka
do NAPEC para o INPR Brasil






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Um pontificado marcado por contradições

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Na tarde de 19 de abril de 2005, enquanto uma multidão de católicos, simpatizantes e jornalistas aguardavam pelo desfecho do conclave, uma fumaça de cor preta foi vista surgir pela terceira vez de uma chaminé da Capela Sistina. Era anunciada ao mundo a eleição do novo papa. Cinquenta minutos depois (as 18h40 locais) Joseph Ratzinger é conduzido à janela da Basílica para a apresentação oficial.

Chamado de Bento XVI, Ratzinger passou a ocupar o 265º lugar na lista de papas eleitos a ocupar o trono de São Pedro. Seu passado e posição doutrinária em muito se assemelha a outros papas, mas ele possui algo a mais que o diferencia dos seus antecessores. Esperança para alguns, preocupação para outros, Ratzinger reúne em torno de si uma série de questionamentos que o tornam em um dos papas mais controvertidos e contraditórios da História.

Ratzinger nasceu em Marktl am Inn, uma pequena vila na Baviaria (Alemanha). Criado em um ambiente antissocialista, iniciou sua "carreira" no catolicismo em 29 de junho de 1951, quando ele e seu irmão Georg Ratzinger foram ordenados sacerdotes pelo cardeal Faulhber de Munique. Em 25 de março de 1977 ascendeu ao cargo de Arcebispo de Munique e Freising. Apenas três meses depois (no dia 27 de junho) é ordenado Cardeal do consistório, data essa em que recebeu o título presbiteral de "Santa Maria da Consolação no Tiburtino". Foi a partir dessa data que Ratzinger angariou novos cargos e prestígios na cúria romana, como apresentamos a seguir.

a) Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (antiga Suprema e Sacra Congregação do Santo Ofício). Segundo o artigo 48 da Constituição Apostólica, promulgada pelo Papa João Paulo II, em 28 de junho de 1988, uma das atribuições da entidade era "defender e difundir a doutrina católica no mundo".

b) Cardeal-bispo da Sé Episcopal de Velettri-Segni (1993);

c) Decano do colégio Cardinalício (2002);

d) Papa (2005)

Envolvimento com a juventude Hitlerista

Diferente do que se afirma Ratzinger participou da Juventude Hitlerista e lutou lado a lado com seu irmão na defesa do Terceiro Reich. Detalhes de seu envolvimento com a agremiação paramilitar nazista pode ser vista em sua autobiografia: "Marco, Memórias: 1927 - 1977". De fato, o atual Papa Bento XVI aos dezesseis anos de idade foi convocado para proteger uma fábrica da BMW nos arredores de Munique e depois foi deslocado para a fronteira da Áustria com a Hungria para construir armadilhas contra tanques, local onde permaneceu por dois anos.

Criada em 1922, a Juventude Hitlerista se apresentava como uma organização paramilitar do partido nazista. Segundo um verbete da Wikipédia, a Hitlerjugend (Juventude Hitlerista ou Juventude Hitleriana) visava treinar adolescentes alemães de 6 a 18 anos, de ambos os sexos, para servirem aos interesses do Nazismo. Esses grupos de indivíduos, doutrinados pelo Estado, existiu entre 1922 e 1945. Em 1936, Hitler unificou as organizações de jovens e anunciou que todos os jovens alemães deveriam se alistar nos Jungvolk (Povo Jovem) aos 10 anos, quando poderiam ser treinados em atividades extracurriculares que incluíam a prática de esportes e acampamentos, além de uma doutrinação ao nazismo.

Diante das denúncias de que Ratzinger era simpático ao nazismo, os defensores do sumo pontíce alegam que ele simplesmente serviu ao exército nazista, e que jamais se filiou ao Nazi. No entanto, evidências mostram que tanto Ratzinger como o Papa Pio XII deram total apoio ao nazismo. Mais importante ainda é dizer que antes mesmo de ser soldado, Ratzinger foi membro da Juventude Hitlerista. Ele nutria já à época uma profunda admiração pela Juventude Hitlerista, seu modo de vida e expressão social.

Conivente

É essa a palavra que mais exemplifica o envolvimento da Igreja Católica com o nazismo. Ela foi conivente ao se submeter ao jugo de Hitler por motivos de sobrevivência, como fez na Itália em relação a Mussolini. Em troca do reconhecimento da Igreja, Mussolini doou 750 milhões de libras, além de uma área de quase meio quilômetro onde seria construído o Vaticano. Com Hitler não seria diferente. Embora não compartilhasse de muitas de suas ideias, o então Papa Pacelli comandou e supervisionou a concordata com os nazistas. Por intermédio do monsenhor Grober, conhecido como o “bispo nazista”, os termos da concordata foram assinadas em 20 de julho de 1933, data essa em que Hitler ascendeu ao poder na Alemanha.

Por quase 12 anos a Igreja Católica mostrou-se conivente diante do genocídio praticado pelas infames SS, quando seis milhões de judeus foram torturados e mortos em campos de concentração. Isso tem uma explicação óbvia: a Igreja nunca se importou com o povo judeu, sendo eles mesmos os inquisidores de muitos durante a História. O antissemitismo sempre foi uma constante nos bastidores de Roma. Não somente durante a Inquisição (especialmente na Espanha), a Igreja Católica perseguiu, torturou e sacrificou milhares de judeus em nome da “santa doutrina católica”.

O que aconteceu na Alemanha não era nenhuma novidade para a Igreja; a morte de seis milhões de judeus era apenas uma cifra a mais na lista das tantas praticadas por eles durante seis séculos de Inquisição e cruzadas. Há até quem suspeite que a ascensão de Hitler ao poder era, na verdade, parte de uma conspiração católica para impor seu domínio ao mundo, exterminar os judeus e os protestantes por definitivo. Os objetivos de Hitler – de estabelecer um “cristianismo positivo” e “eliminar as raças impuras” -, seria uma reencenação do que aconteceu na Espanha durante a Inquisição, quando mais de 50.000 judeus foram brutalmente assassinados pelas tropas católicas. O que motivou essa matança era o fato que os judeus representavam uma ameaça não só para a Igreja, mas também para toda a sociedade espanhola. Como em qualquer outra parte do mundo em que se estabelecem, os judeus gozavam de um considerável prestígio na sociedade espanhola da época. Foi a partir daí que surgiu a ideia de que o Judaísmo hereditário - ou “sangue mau” (“mala sangre”) -, era a raiz de todos os males que a sociedade espanhola atravessava. Nasceu então à obsessão pelo “sangue puro”, o estabelecimento de uma sociedade genuinamente espanhola e soberana. O mesmo aconteceria na Alemanha nazista de Hitler.

Mas onde se encaixa Ratzinger em meio a toda esta história? As evidências que pesam sobre ele são estonteantes, fazendo com que até mesmo a Igreja Católica da Alemanha lamentasse a sua eleição para Papa em 2005. Ele representa o que há de mais contraditório e perturbador na história dos papas. O seu envolvimento com a Juventude Hitlerista, assim como aconteceu com inúmeros outros jovens alemães, se deu em um momento de grande euforismo e religiosidade. O cristianismo positivista apresentado nos discursos de Hitler despertou em muitos jovens da época um sentimento de nacionalidade, independência e fervor religioso jamais visto em toda a Europa. Ratzinger deixou os estudos e se juntou a agremiação por acreditar que Hitler poderia reavivar o catolicismo, dar-lhe novos rumos e estabelecer um novo significado. Foi assim que ele se embrenhou no submundo do Nazismo, defendendo com unhas e dentes o Terceiro Reich.

A religiosidade de Hitler, somada a ideologia da "raça pura" mais o extermínio em massa de judeus era a fórmula perfeita para a ascensão do catolicismo no mundo. Nada disso era novidade, nem mesmo para os que começavam a sua vida na ordem. Católico para alguns, ateu para outros, não havia figura mais enigmática do que Hitler. Ratzinger era um dos que o admiravam, não só por sua capacidade de discurso, mas também por sua "dedicação" ao catolicismo e a fé dos seus pais. A história da civilização perdida de Atlântida e a raça ariana teria sido um estratagema criado para desviar a atenção do mundo para o que realmente estava por trás de Hitler: as mãos invisíveis, porém sempre presentes de Roma.

Bento XVI desperta a indignação da comunidade judaica

Mesmo após ser eleito Papa, em momento algum Ratzinger demonstrou qualquer sentimento de arrependimento por ter contribuído com a morte de milhares de judeus na Alemanha nazista. Sua postura ainda é a mesma de quando militava na Juventude Hitlerista. Os judeus ainda continuam na lista negra da Igreja, mesmo quando a liderança católica afirma querer comungar com eles. A morte de Jesus ainda é usada para ridicularizar e perseguir o povo judeu. Nada mudou. O que mudou foi a maneira de encarar a situação, o rótulo com o qual a Igreja se apresenta ao mundo.

Ratzinger sempre esteve por trás das grandes decisões da Igreja, mesmo quando ainda servia como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. O falso moralismo divulgado por ele nada mais é do que mais um estratagema desenvolvido pela Igreja para encobrir o seu passado sangrento.

Apesar de uma pequena minoria de judeus enxergarem em Bento XVI uma oportunidade de reconciliação, a maioria vê nele uma figura sombria e contraditória. São três os motivos pelos quais o colocam em uma situação delicada e ao mesmo tempo suspeita perante a comunidade internacional.

a) Frieza diante da participação dos alemães no Holocausto

Apesar de afirmar ser contra o antissemitismo, Ratzinger resiste em reconhecer a participação dos alemães no Holocausto. Nas duas vezes em que mencionou o massacre de judeus (a primeira quando de sua visita ao campo de concentração de Auschwitz, e a segunda no Museu do Holocausto em Jerusalém), o sumo pontífice se limitou apenas a fazer uma ligeira referência aos mortos, sem, porém, mencionar os culpados.

Ratzinger atribui o massacre dos judeus a "um grupo de criminosos que abusaram do povo alemão para se servir dele como instrumento de sua sede de destruição e dominação". Segundo a AFP, esta frase, na boca do Papa, de origem alemã, pareceu isentar seu povo e criou polêmica. Após a visita de Bento XVI ao museu do Holocausto, Lau, que acompanhou o pontífce, disse que o "discurso foi lindo, mas achou que perdeu uma grande oportunidade: não lembrou que os que cometerem esse massacre foram os alemães".

b) Beatificação de Pio XII

Ratzinger não somente se omite em mencionar a participação dos alemães no Holocausto, como também é o autor da proposta de beatificação de Pio XII. O anúncio foi feito em outubro de 2009, quando em uma celebração no Vaticano o Papa Bento XVI relembrou os 50 anos da morte de Pio XII e a sua "dedicação" em proteger a Igreja. Em 2009, Pacelli foi levado à condição de venerável (santo), abrindo caminho para sua canonização. No mesmo ano, após assistir ao pré-lançamento do filme "Sob o Céu de Roma", longa rodado para enaltecer a figura do Papa Pacelli (Pio XII), acusado de ter sido negligente diante do massacre de judeus, Ratzinger fez um discurso em defesa do seu amigo. No discurso, o sumo Pontífice chamou Pio XII de "mestre na fé" e afirmou que o seu silêncio salvou a cidade de Roma. Isso mostra, uma vez mais, que o que sempre pesou na balança Hitler-Vaticano, foi os interesses da Igreja. Mas e os seis milhões de judeus sacrificados? Foi um mal necessário, pois, segundo Ratzinger: os fins justificam os meios.

c) Proteção ao bispo que negou o Holocausto

A situação de Bento XVI se agravou ainda mais quando ele suspendeu a excomunhão do bispo inglês Richard Williamson. Acusado de ser negligente com o massacre de seis milhões de judeus na Alemanha nazista, Williamson chocou a comunidade internacional ao afirmar que o Holocausto nunca aconteceu. Em uma declaração a emissora sueca SVT em janeiro de 2009, Williamson afirmou que apenas entre 200 mil e 300 mil judeus morreram nos campos de concentração, e jamais em câmaras de gás. A declaração ocasionou protestos em todo o mundo, principalmente por parte das organizações judias.

O teólogo heterodoxo suiço Hans Kung pediu a renúncia do Papa Bento XVI após o escândalo. Kung foi proibido de ensinar teologia católica em 1980, porque passou a questionar o dogma da infabilidade papal. Em uma declaração ao jornal "Frankfurter Rundschau", Kung foi enfático ao comentar sobre as gafes do Papa Bento XVI.

"Primeiro, ele questionou se os protestantes formam uma Igreja. Depois, em seu infeliz discurso de Rosensburg, chamou os muçulmanos de desumanos. E agora ofende os judeus permitindo o retorno à Igreja de um negado do Holocausto".

Hans Kung lecionou teologia juntamente com Ratzinger na Universidade de Tubingen e, embora tenha permanecido na Igreja após ter sido expulso da Universidade, ele é hoje um dos principais críticos do papado e se dedica ao diálogo com outras religiões.



por Johnny T. Bernardo
do INPR Brasil








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Nova York: a capital mundial das religiões

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Há algum tempo venho estudando o que chamo de "fenômeno religioso globalizado" ou "as religiões das cidades globais". Calma, é bem simples: há um intercâmbio interessante entre economia verso religiões nas grandes cidades mundiais. Não só Nova York, mas também São Paulo, Rio de Janeiro, Tóquio, Los Angeles, Amsterdã e nas demais 47 cidades classificadas pela ONU como "cidades globais", isso ocorre com mais ou menos intensidade.

Talvez você deverá perguntar: mas que relação existe entre religião e Financial Times? A mesma pergunta deveria ser feita aos discípulos de Escrivá de Balaquer: que importãncia tem para a fé católica um edifício no valor de 40 milhões de dólares no núcleo nervoso de Manhattan? Por que não em Nova Orleans, cidade históricamente mais carente e descriminada dos EUA?

São perguntas interessantes e que mostram a realidade em que vivem as religiões nas grandes cidades do mundo. Por incrível que pareça, muitas religiões (especialmente as mundiais) possuem uma estratégia de crescimento semelhante ao das grandes corporações. Vou explicar: é mais interessante ter um escritório em uma área valorizada de Manhattan, do que em qualquer outra cidade do oeste dos EUA (com excessão, é claro, da Califórnia, maior centro industrial e demográfico do país). São dois os motivos:

a) Economia. Uma empresa situada em uma área nobre tende a ser mais valorizada no mercado financeiro;

b) Imagem. Além de ser bom para as finanças, as grandes corporações ganham em visibilidade ao instalar seus escritórios em áreas nobres. O mesmo acontece com muitas religiões.

Nova York é uma cidade profundamente religiosa, com imensas mesquitas, templos, igrejas etc. Tony Carnes, autor do livro "New York Glory, Religions in the city", fez a seguinte afimação lógica. "A religião é um componente central do mundo social e cultural de Nova York". De fato, quando circulamos por Nova York nos deparamos com inúmeras catedrais e, principalmente, com sedes administrativas de inúmeras religiões. A lista é imensa, mas podemos citar algumas: Igreja da Unificação do Rev. Moo, Torre de Vigia, Opus Dei, IURD etc. Também é possível encontrar pelas ruas de NY discípulos de Dalai Lama, rastafaris, muçulmanos, sikins, judeus e inúmeros profetas da prosperidade e do apocalipse.



por Johnny T. Bernardo
do INPR Brasil








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