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Apologista Johnny Bernardo acredita que a perpetuação do poder dá origem ao fenômeno do “coronelismo evangélico”

 Marcelo Crivella, sobrinho de Edir Macedo
O nepotismo, amplamente divulgado no meio político brasileiro também está presente nas igrejas evangélicas, onde há perpetuação de poder em determinadas famílias. A afirmação é do apologista Johnny Bernardo, pesquisador do Instituto de Pesquisas Religiosas (INPR).

Segundo Bernardo, isso acontece em diversas comunidades evangélicas, particularmente naquelas onde existe o centralismo econômico e administrativo. Para ele, essa característica é encontrada predominantemente no movimento pentecostal e neopentecostal.

“Com a centralização administrativa, problemas como desvio de verbas, fraudes, nepotismo etc passam a ocorrer com maior frequência do que nas igrejas autônomas”, afirma. Ele cita ainda a disputa que ocorre há anos na Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil (CGADB). “Isso é uma das consequências do centralismo administrativo – econômico”, cita.

O caso das Assembléias de Deus é emblemático. O pastor José Wellington Bezerra da Costa está há 25 anos no poder por meio de sucessivas reeleições. Uma nova eleição está marcada para 11 de abril de 2013, onde será escolhido o representante da convenção. Além de José Wellington, o pastor Samuel Câmara, presidente da Igreja Assembléia de Deus de Belém (PA) já registrou sua candidatura para o cargo de presidente da CGADB.

O estudioso cita Edir Macedo como figura-chave na origem do neopentecostalismo no Brasil. “Sabe-se que Marcelo Crivella é sobrinho de Edir Macedo e um dos mais cotados para assumir a presidência da IURD”, diz. Ele acrescenta ainda que Romildo Ribeiro Soares, o missionário R. R. Soares, fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus (1980) é genro de Edir Macedo.

Bernardo acredita que a Igreja Pentecostal Deus é Amor seja campeã na questão de empregar parentes em cargos de direção. “A IPDA tem na família Miranda seu sustentáculo”, diz. Ele explica dizendo que mesmo após a saída, de Léia Miranda (2005) e seu então marido, Sérgio Sóra (à época um dos principais líderes da IPDA), “a família Miranda ainda ocupa os principais cargos na direção mundial da Igreja Pentecostal Deus é Amor”.

O apologista diz que o nepotismo pode ser encontrado em diversos segmentos protestantes, incluindo as igrejas históricas. “A diferença”, diz ele, “está no fato de que, ao contrário das igrejas de origem pentecostal e neopentecostal, grande parte das igrejas protestantes históricas são autônomas, ou seja, possuem autonomia na administração de seus patrimônios”.

Segundo ele, a descentralização do poder, principlamente econômico, tende a diminuir a perpetuação do poder, e consequentemente, o próprio nepotismo.

Ele analisa que a perpetuação do poder dá origem ao fenômeno do “coronelismo evangélico”. Este caracteriza-se pelo apadrinhamento, com os líderes preparando membros de sua família para os substituírem na direção da denominação. “A presidência por tempo vitalício e a composição da vice-presidência por herdeiros naturais, são duas das principais estratégias na perpetuação no poder”, diz Bernardo.

Como malefícios dessa prática estão a falta de transparência administrativa e democrática. “Dificilmente práticas ilegais, como desvio de verbas e fraudes são detectadas dessa forma”, diz. Isso, segundo o pesquisador, acarreta consequências como a igreja sendo utilizada como objeto de troca, como em campanha eleitorais, por exemplo.

Se na política a presença do nepotismo é visto como uma prática antiética, seria de alguma forma diferente em organizações religiosas?” conclui o pesquisador.




Por Jussara Teixeira






 
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